quarta-feira, 29 de maio de 2013

[Mochilão 10] Dia 1: Rio - Kiev

Fala galera ! Estou de volta aqui trazendo para vocês a estreia do Mochilão 10 no Desbravando Novas Fronteiras !!!

Serão 25 episódios inéditos, recheados com muita aventura, adrenalina, perrengues, momentos sublimes, aprendizados, descobertas, imprevistos, festas, novas experiências, novos amigos, surpresas, e sem dúvida, muuuuuita diversão. Serão dias intensos, que valerão por vários meses “normais” !

Quem me acompanha desta vez é o Humberto (vulgo Numb2), amigão meu há 18 anos aqui do Rio. É a mente mais rápida que eu conheço para elaborar piadinhas em qualquer situação !! Um cara muito gozado ! :)

Tentarei blogar durante a viagem, aproveitando aquela meia-horinha enquanto espero algum voo no aeroporto, ou mesmo durante as viagens de trem, ônibus e avião. Não vou conseguir blogar todos os dias (e nem é essa a intenção), por isso as notícias chegarão com um atraso de 3 ou 4 dias. A idéia de blogar “in loco”, quase ao vivo, é fazer com que você se sinta o terceiro integrante da viagem, nos acompanhando por todos os lugares. A outra vantagem é que os acontecimentos estão todos recentes na minha cabeça, e consigo lembrar de mais detalhes. Se fosse blogar meses depois da viagem, já teria esquecido de algumas coisas, como preços, nomes dos lugares e a ordem dos acontecimentos.

Minha idéia este ano inicialmente era ir para o Canadá e Havaí, mas depois que o Numb2 decidiu viajar comigo, prefirimos escolher um destino mais festeiro: o Leste Europeu !!

A primeira parada será Kiev, a capital da Ucrânia. Este destino terá um sabor de dejà-vu. Já havia conhecido esta cidade sozinho no ano passado, mas para conciliar com os interesses turísticos do Numb2, ela entrou para o roteiro esse ano novamente, o que não é naaaada mal: a Ucrânia tem a cerveja mais barata da Europa (http://budgettraveller.org/cheapest-beer-in-europe-check-my-europe-cheap-beer-index), mulher bonita para qualquer lado que se olhe, e uma das melhores noites da Europa ! Paraíso ! :) A cidade tem menos atrativos turísticos que outras capitais do Leste Europeu (como Varsóvia, Praga e Budapeste), mas os baixos preços e a noite bombante compensam.

Depois partiremos para a Grécia, um dos meus países favoritos, onde estive em 2007. Ainda não conheci nenhum outro lugar que consiga reunir história, vida noturna, praias e paisagens de maneira tão harmoniosa como a Grécia. E ainda vem de brinde a deliciosa comida grega, muito sol e preços baixos (mesmo em euros). E agora, com a crise, ficou tudo ainda mais barato. Vamos primeiro para Atenas, berço da civilização ocidental, lugar com mais de 7000 anos de história. Democracia, artes, filosofia, matemática, olimpíadas... um legado e tanto que gregos nos deixaram. E no meio do agito noturno de Plaka, o bairro mais festeiro da cidade, é só olhar pra cima que temos aquela visão surreal da Acrópole iluminada no alto do morro, “à la Cristo Redentor”, não nos deixando esquecer que a deusa grega Atena está lá no comando, protegendo a cidade há 2500 anos. Notaram alguma semelhança ?

A terceira parada será a ilha de Rodes, ali colada no litoral da Turquia, mas pertencente à Grécia. É uma ilha enorme (uma das maiores do Mar Egeu), e tem quase 80km de uma ponta a outra. A cidade antiga de Rodes é Patrimônio Histórico da Humanidade. Não faltam na ilha paisagens incríveis, sítios arqueológicos, praias paradisíacas e, é claro, muita festa até o sol raiar. Difícil vai ser ir embora de lá !!!

O destino seguinte é Bucareste, capital da Romênia. Sim, da Romênia e não da Bulgária, como alguns pensam :). Para os brasileiros em geral, a Romênia tem um “que” de mistério, e nos faz lembrar histórias sombrias do Conde Drácula na Transilvânia, um lugar que associamos a castelos mal assombrados, vampiros, noites sinistras de tempestades com relâmpagos, morcegos, e teias de aranha. Isto é mais ou menos como dizer que no Brasil vivemos todos seminus sambando todos os dias pelas ruas num carnaval sem fim. Uma breve leitura num guia qualquer comprova que a Romênia não é nada do que imaginamos, e tem muitas atrações: cidades medievais, castelos (sem vampiros e morcegos !), montanhas nevadas com estações de esqui no inverno, muita festa durante o verão (principalmente no litoral do Mar Negro), e preços baixos.

Depois de Bucareste, o Numb2 volta pro Rio e eu continuo a viagem sozinho rumo a Braşov (pronuncia-se “brashov”), na Transilvânia. Esta região do interior da Romênia foi colonizada por alemães, e isso se reflete na arquitetura das construções e nos muros medievais que ainda cercam algumas das cidades. Assim foi descrita a cidade pelo Lonely Planet: “Braşov is Romania’s ground-zero tourist destination for very good reasons. Ringed by perfect mountains and verdant hills, the city is adorned with baroque facades, bohemian outdoor cafes and the lovely Piața Sfatului – one of Romania’s finest square”. Parece interessante, não ? Próximo a Braşov está localizado o Castelo de Bran, mais conhecido como o “Castelo do Drácula”. Foi residência de Vlad Draculea, príncipe que governou a região no século 15, famoso pela crueldade com que matava os inimigos. O famoso vampiro Conde Drácula é apenas um personagem fictício de um livro do século 19 de um escritor irlandês (Bram Stoker).

Gostaria de ter mais tempo para poder conhecer também Sibiu e Sighişoara, que são, assim como Braşov, as mais bem preservadas cidades medievais da Romênia. Por que será que é tão difícil abrir mão de algo quando temos que fazer uma escolha ? Fiquei na maior indecisão, porque queria muito conhecer Israel também, e se fosse pra Sibiu e Sighişoara, não daria tempo. Resolvi deixar estas cidades para uma próxima oportunidade.

A sexta parada da viagem será Tel Aviv, Israel. “Mas como assim...ISRAEL ?!? Tem guerra lá, homem bomba, atentado....tá louco ??” Foi isso que eu escutei da maioria das pessoas quando disse que ia pra lá. Confesso que nunca tive muita vontade de conhecer este país. Passei minha vida toda ouvindo falar de guerra, atentados, homens-bomba, Yasser Arafat, Faixa de Gaza, Cisjordânia, Hamas, Fatah, Jihad Islâmica, Hezbollah, sunitas, xiitas, bateria anti-mísseis... E o que tem mesmo pra ver lá ? Bunkers ? Trincheiras ? Sim, eu já havia ouvido falar do Muro das Lamentações, Mar Morto, Domo da Rocha, Nazaré, Belém, e.........só. Sempre me perguntava se valeria a pena ir pra lá, considerando o “risco iminente de guerra” que todos nós imaginamos ao pronunciar a palavra “Israel”. Bem, sou muito grato à Simone (irmã), Fabrício, Novello e Vinícius por terem me ajudado a quebrar a tal “arrogância que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”, parafaseando aqui o Amyr Klink. Eles estiveram lá recentemente e me contaram maravilhas. Vi as fotos e vídeos deles. Enfim, caiu a ficha. Conhecer o mundo apenas pelo que mostram as notícias na TV e jornais significa NÃO conhecê-lo. Eu percebi que estava sendo apenas mais um arrogante. Comprei o Lonely Planet de Israel na Amazon americana, já que não encontrei nenhum guia sobre o país para vender aqui no Rio, e nem nos sites das livrarias brasileiras. Depois de uma breve folheada no guia, já fiquei com a sensação de que poderia fazer uma viagem só pra lá, dada a quantidade de atrações. E ainda digo mais: estou com o pressentimento de que Israel será o ponto alto da viagem !! Deixei apenas 6 dias no meu roteiro para o país, e agora estou meio arrependido, porque vou ter que abrir mão de um monte de lugares interessantes. Queria ir por exemplo a Petra (na Jordânia, ali do lado), Haifa e Eilat (ótimo lugar para mergulhar no Mar Vermelho), mas acho que não vai dar.

Eu achava que Israel fosse uma espécie de Iraque melhorado, um lugar a ser evitado, mas depois de me informar melhor e ler muito, vi que estava enganado. O país viveu um período negro entre 2000 e 2005, quando aconteceu a Segunda Intifada, como foi denominada a revolta palestina contra a política expansionista promovida pelo governo israelense. Neste período aconteceram 15 atentados em Tel Aviv e 34 em Jerusalém. O turismo e a economia da região foram seriamente afetadas. Mesmo com meu espírito aventureiro, eu não me arriscaria lá naquela época. A partir de 2006, a coisa acalmou. Atualmente o país vive uma situação semelhante à do Rio, que também passou por um período nebuloso e decadente num passado recente, deu a volta por cima e agora está se reinventando. O turismo em Israel voltou com força, e as pessoas passaram a acreditar que a paz na região era possível. Depois de 2 atentados em 2006, Tel Aviv passou 6 anos na absoluta calmaria, e só teve outro atentado no final do ano passado, mas sem mortes. Jerusalém ficou sem atentados de 2004 até 2011, quando explodiu uma bomba num ponto de ônibus, matando uma pessoa. Pela primeira vez desde a Guerra do Golfo em 1991, um míssil disparado da Faixa de Gaza pelo Hamas atingiu no ano passado uma área desabitada na periferia de Tel Aviv sem causar danos ou feridos. No dia seguinte, outro míssil atingiu Jerusalém, o que não acontecia desde 1970, mas também não causou danos. Ninguém sabe ao certo até quando a calmaria continua em Israel, mas estes últimos atentados e mísseis podem significar o início de um novo período violento. Pode ser que venha aí uma “Terceira Intifada”. Na dúvida, é melhor eu ir logo pra lá, antes que seja tarde !

Depois de duas noites em Tel Aviv, vou para Jerusalém, cidade com 6000 anos de história, lugar sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos. Eu já imaginava que a cidade tinha atrações interessantes, mas não sabia que tinha taaanta coisa pra ver ! Vou passar 4 noites lá, e acho que não vou conseguir ver tudo que quero. Vamos ver. Vou também passar um dia no Mar Morto, aproveitando para ver as ruínas de Massada (da época da invasão romana).

A última parada da viagem será em Belgrado, capital da Sérvia. Esse país já estava na minha “lista de desejos” há algum tempo. Em 2011, visitei as vizinhas Croácia e Bósnia, mas não fui pra Sérvia por causa da exigência de visto para brasileiros. A isenção de visto já foi aprovada pelo parlamento sérvio, e no início do ano foi aprovada pelo nosso Congresso, mas ainda precisa passar pelo Senado. Aí já viu, é coisa para daqui a 2 anos no mínimo. Cansei de esperar e resolvi tirar o visto. O processo é meio chato: tem que preencher um formulário e enviá-lo, junto com o passaporte, uma foto 3x4, cópias das passagens aéreas e reservas de hotel para a embaixada da Sérvia em Brasília. E tem que pagar uma taxa de R$235,00. Meu passaporte chegou de volta por Sedex com o visto 4 dias depois.

A Sérvia, por causa da exigência de visto e pelo desconhecimento, é muito pouco visitada por nós brasileiros. A primeira coisa que lembramos sobre o país é a guerra. As pessoas imaginam que seja um lugar destruído e sem atrativos. Belgrado foi, de fato, bombardeada pelas forças da OTAN em 1999 em represália à Guerra do Kosovo. Mas isso já tem 14 anos, e a cidade já se recuperou completamente. Durante a Guerra da Bósnia (1992-1995) não houve confronto em território sérvio. Assim é descrita Belgrado pelo Lonely Planet: “this dynamic capital is now being hailed by travellers as an urban highlight. Vivid museums, creative restaurants and nightlife of every pace for every taste make this all-hours town a visitors’ playground”. Humm... parece bom o negócio, heim ! Entre os mochileiros, a Sérvia é conhecida como a "Espanha dos Balcãs" por causa do espírito festeiro das pessoas e da vida noturna bombante. Imagino que seja algo como Budapeste 20 anos atrás, quando o turismo de massa (representado por aqueles abomináveis grupos de 50 turistas usando uniforme e atravancando a entrada de todos os lugares turísticos) ainda não dava as caras por lá. Acho muito legal a sensação de desbravar, de ser o pioneiro, de chegar antes, e inspirar outras pessoas a seguirem os mesmos rumos. O desconhecido quase sempre traz ótimas surpresas !

Pretendo também fazer um “bate-volta” para Novi Sad, a 1:30h de trem de Belgrado. É a segunda maior cidade do país, e para muitos, a mais bonita.

A Sérvia também é famosa por ser a terra natal do gringo mais famoso e querido do Brasil: Dejan Petkovic, mais conhecido como Pet !!! Um dos maiores ídolos do Flamengo, e um dos principais responsáveis pela conquista do Campeonato Brasileiro de 2009. Antes de chegar ao Brasil nos anos 90, Pet jogou no FK Estrela Vermelha de Belgrado (FK Crvena Zvezda, em sérvio), um dos clubes mais populares do país, e conquistou inclusive o Mundial Interclubes de 1991. Nos anos 90, Pet chegou a jogar pela seleção da antiga Iugoslávia. Um fato curioso: o estádio do Estrela Vermelha, onde Pet jogou, foi apelidado de "Marakana" pelos sérvios, em homenagem ao nosso gigante Mario Filho, onde anos mais tarde ele brilhou pelo Flamengo. Coisas do destino.

É isso ! De Belgrado, volto pra casa, e game over.

O roteiro é esse:

29/mai Rio-Kiev
30/mai Kiev
31/mai Kiev
01/jun Kiev
02/jun Kiev-Atenas
03/jun Atenas
04/jun Atenas-Rodes
05/jun Rodes
06/jun Rodes
07/jun Rodes-Bucareste
08/jun Bucareste
09/jun Bucareste
10/jun Bucareste-Braşov
11/jun Braşov
12/jun Braşov-Tel Aviv
13/jun Tel Aviv
14/jun Tel Aviv-Jerusalem
15/jun Jerusalem
16/jun Jerusalem
17/jun Jerusalem
18/jun Jerusalem
19/jun Jerusalem-Belgrado
20/jun Belgrado
21/jun Belgrado
22/jun Belgrado-Rio

Fotos de alguns lugares por onde vou passar:

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Termino o post com uma frase: "De vez em quando é preciso subir num galho perigoso, porque é lá que estão as frutas" (Will Rogers). Considero viajar uma das melhores maneiras de sair da zona de conforto. Significa abandonar momentaneamente o conforto e aconchego de nossa casa, a comida que gostamos, a rotina, nossos amigos, nossos bares e restaurantes favoritos, as ruas e bairros por onde passamos todos os dias, os lugares que frequentamos, aquele cantinho preferido na praia... tudo isso dá lugar ao incerto, ao duvidoso, ao desconhecido. Novas experiências, amigos, sabores, músicas, surpresas, culturas, horizontes. O gostinho da descoberta, junto com aquele “friozinho na barriga”, é único. A zona de conforto é segura, mas a vida dentro dela é monótona e previsível. É como ser um passarinho preso numa gaiola, impedido de voar e conhecer outros horizontes. Nós fomos feitos para voar, e a boa notícia é que a porta da gaiola está sempre aberta. Até mesmo para quando quisermos voltar para o nosso aconchego.

Hora de sair da gaiola e bater asas. Aguardem o próximo episódio, quando darei notícias lá de Kiev !

Fui !!!

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