sexta-feira, 6 de março de 2015

[Mochilão 13] Dia 1: Rio - Jaipur

Olá pessoal !

Depois de alguns meses de planejamento e muita ansiedade, está começando hoje a Operação Kampuchea, meu novo mochilão em terras asiáticas  !!


Vão ser 3 semanas que prometem ser intensas e divertidas, com muuuita aventura, do jeito que eu gosto. :-)

Primeiro passarei pela Índia, a terra da magia e da espiritualidade. É um lugar que já queria conhecer há um bom tempo. Tudo começou quando li há alguns anos o livro "Expresso para a Índia", de Airton Ortiz, o mestre dos mochileiros. Nesse fantástico livro ele conta com riqueza de detalhes as aventuras vividas por ele durante uma viagem de 3 meses em 2002 percorrendo de trem cerca de 7000 km e descobrindo todas as facetas desse grande caldeirão cultural que é a Índia.  Segue um trecho da interessante entrevista que ele deu sobre este livro: "A milenar cultura indiana é maravilhosa, cada dia é uma surpresa mais emocionante do que o dia anterior. A arquitetura é deslumbrante, a culinária é riquíssima e as tradições religiosas nos conduzem a uma verdadeira overdose de cores, cheiros e sabores, algo impensável para quem está habituado apenas com a monocromia cristã. Mesmo assim, o que mais me fascinou foi a simplicidade das pessoas. Foi preciso ir ao coração de um dos países mais pobres do mundo para descobrir que a suprema sabedoria está na simplicidade."  A entrevista completa está disponível no site da Editora Record, para quem se interessar:  http://www.record.com.br/autor_entrevista.asp?id_autor=2514&id_entrevista=48

Além deste livro, também contribuiram para a escolha da Índia como destino desta viagem os relatos do Sascha, grande amigo meu aqui do Rio. Ele fez uma viagem de 9 meses de volta ao mundo em 2007 e passou um mês na Índia. Gostou tanto de lá, que vive dizendo que quer muito voltar algum dia. Ele publicou algumas de suas incríveis aventuras no site da viagem (http://www.voltaaomundo.org). Segue um trecho do texto que ele publicou sobre a Índia:  "Uma coisa que você repara é que as pessoas em geral, independente de pobres ou ricos, são muito espirituais. A alma é muito mais importante que o corpo e principalmente que o dinheiro."  No mínimo, é um grande choque cultural para um brasileiro acostumado a viver inserido numa cultura onde há uma preocupação exagerada com a aparência física, onde músculos parecem ter mais importância que neurônios, e onde os pobres da periferia gastam todo o salário em Iphones e bonés de marca apenas para ostentar. Vale lembrar que nosso país é lider mundial em número de cirurgias plásticas, e 2o lugar em número de academias de musculação. Será que os indianos são líderes mundiais em meditação e yoga ?

O curioso é que praticamente todos os meus amigos, parentes e colegas de trabalho fizeram cara feia quando contei que estava indo para a Índia nas férias. É um país que realmente tem uma imagem péssima por aqui. As pessoas lembram logo de favelas, miséria, sujeira, esgoto a céu aberto, e animais soltos pelas ruas, exatamente como mostra o filme indiano "Quem quer ser um milionário". Eu acredito que uma das coisas mais interessantes de viajar é poder derrubar estereótipos e surpreender-se. Já fui para alguns lugares que são muito mal vistos no Brasil (como Israel, Bósnia, Sérvia, e Ucrânia), e me surpreendi muito positivamente. Neste exato momento deve ter algum indiano torcendo o nariz para o amigo que disse que vai passar férias no Brasil. "O que ?! Brasil ? Lá só tem favelas, traficantes, ladrões, violência. É perigosíssimo." - alertou o sábio indiano, que assistiu horrorizado ao filme "Cidade de Deus" e agora acha que conhece o Brasil como ninguém. Reproduzindo mais uma vez as nobres palavras do mestre dos mestres da aventura, Amyr Klink:  "Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”. Yes, nós temos favelas, traficantes e ladrões aos montes no Brasil. A Índia tem realmente muita miséria e sujeira. Mas ambos países tem também atrações incriveis e uma cultura única, algo que só é possível vivenciar estando "in loco", em carne e osso, em vez de achar que o mundo é apenas o que a "telinha" mostra.

Minha primeira parada na Índia será Jaipur, a capital do estado do Rajastão, a terra dos marajás, elefantes, palácios e fortalezas medievais. É considerada a região mais bonita da Índia, e está entre as que recebem mais turistas. Depois vou de trem para a cidade de Agra, no estado vizinho de Uttar Pradesh, onde fica localizado o magnífico Taj Mahal, cartão-postal da Índia, Patrimônio Mundial da UNESCO, uma das sete maravilhas do mundo moderno, e um dos mais belos edifícios já construídos pelo homem. Por fim, irei a Nova Delhi, a capital indiana, uma metrópole de 17 milhões de habitantes construída em meio a ruínas de diversas civilizações que já passaram por lá. Por este motivo, é chamada de "Roma do Oriente". O circuito Jaipur-Agra-Delhi é conhecido como "Golden Triangle" e é o roteiro turístico mais famoso do país. 

O segundo país da viagem será o Camboja. Primeiro passarei pela capital, Phnom Penh (pronuncia-se "Nom Pen") e depois parto de ônibus para a Siem Reap, no interior, onde está a principal atração do país e um dos lugares mais visitados do sudeste asiático: o incrível complexo de templos de Angkor, Patrimônio Mundial da UNESCO. Na Idade Média, Angkor foi a capital do Império Khmer, que no seu apogeu, durante o século 13, dominou grande parte do sudeste asiático. O mais surpreendente é saber que Angkor foi durante muitos séculos a cidade mais populosa do mundo, chegando a ter cerca de 1 milhão de habitantes, numa época em que Londres e Paris, as maiores do mundo ocidental, eram pequenos vilarejos de 30 mil habitantes. Após muitas invasões, o império caiu no século 15 e Angkor foi engolida pela selva, permanecendo escondida durante muito tempo em meio a mata fechada. Foi "descoberta" pelo mundo ocidental apenas no século 19. Por terem histórias semelhantes, Angkor é considerada a "Machu Picchu" do oriente.  A proposito, "Kampuchea" significa Camboja no idioma local, o khmer. Daí veio o nome que batizou esse mochilão. 

Em Siem Reap encontro um amigo meu do aqui do Rio, o Ronaldo, e lá pegamos um voo para Cingapura, a sofisticada e cosmopolita cidade-estado que foi um entreposto comercial britânico até os anos 60, quando conquistou a independência e transformou-se num dos Tigres Asiáticos. Hoje é uma ilha de prosperidade e riqueza em meio a pobreza do sudeste asiático. Cingapura está entre os 10 países mais desenvolvidos do mundo, tem o 2o porto mais movimentado do mundo (10 vezes mais movimentado que o porto de Santos) e lidera o ranking dos melhores países para se fazer negócios, de acordo com o Banco Mundial. O Brasil está no 120o lugar deste ranking (que orgulho !) Podíamos mandar uma comitiva do nosso governo para passar uma temporada por lá, heim ?

Depois parto de ônibus para Kuala Lumpur, a capital da Malásia, país multicultural que tem grande parte da população formada por chineses e indianos.

A última parada da viagem será em Dubai e Abu Dhabi (Emirados Árabes), que não eram nada há 50 anos e hoje são cidades riquíssimas graças ao petróleo. Localizadas no meio do caminho entre o ocidente e o oriente, são o lugar ideal para fazer um "stopover" (conexão longa) e descansar um pouco antes de encarar as cansativas 14 horas de voo na volta para o Brasil.

Havia pensado inicialmente em passar também pelo Vietnã e pela Indonésia, mas acabei tendo que cortar estes países do roteiro por falta de tempo. Precisaria de pelo menos mais uns 10 dias para ver tudo que queria. Esses vão ficar para a próxima.

Esta será a minha 3a vez na Ásia,  meu continente favorito. Eu acredito que o grande atrativo de viajar é ver coisas diferentes, vivenciar uma cultura diferente da sua, aprender coisas novas com ela e voltar para casa sendo uma pessoa melhor, trazendo na bagagem um novo olhar para aquilo que você está acostumado a ver e fazer na sua "zona de conforto". Justamente por ser tããão exótica aos olhos de um brasileiro, não tem como não se encantar com a Ásia. É uma espécie de "frutinha mais alta da árvore", metáfora que descreve bem o que é visitar a "terrinha mais distante de casa". Além do exotismo, a Ásia também tem como atrativos os preços ridiculamente baixos, a cultura rica e milenar, as comidas diferentes e saborosas, a cordialidade das pessoas, as paisagens surreais, as coisas bizarras que você vê na rua e que te fazem tirar uma foto a cada 10 metros. Motivos não faltam para amar este continente. O olfato, o paladar, a audição e a visão são bombardeados desde o primeiro instante com sensações indescritíveis, que deixariam qualquer alma brasileira meio desnorteada e sem referências familiares no começo. É uma overdose de exotismo. Minha primeira vez em terras asiáticas foi em 2010. Foi paixão a primeira vista. Passei pela Tailândia, China, Hong Kong e Macau. Meu primeiro dia na Ásia foi em Bangkok. Nunca vou esquecer daquela tarde ensolarada e quente, quando saí ansioso do hostel para dar a famosa "primeira volta no quarteirão", vendo coisas engraçadas e bizarras a todo momento,  como alguém que tinha acabado de chegar a um outro planeta. Em 2012 foi a vez de conhecer o incrível Japão, que continua reinando soberano no topo do meu ranking particular.

Mochilar na Ásia não sai tão caro como muitos pensam. Sim, a passagem aérea do Brasil pra lá costuma sair a um preço salgado (paguei US$ 1500 na Etihad, com conexão em Abu Dhabi), mas os custos em moeda local nos países asiáticos são extremamente baixos. Uma coisa compensa a outra. Acaba saindo o mesmo que uma viagem para os EUA ou para a Europa com a mesma duração. E se o dólar está caro, vale lembrar que as moedas asiáticas também perderam valor como o real, então o custo total da viagem em reais só subiu um pouco por causa da passagem aérea que é tarifada em dólar.

Este é o roteiro completo da viagem:

6/mar Rio-Jaipur
7/mar (dia perdido no voo por causa do fuso horário)
8/mar Jaipur
9/mar Jaipur
10/mar Jaipur-Agra
11/mar Agra-Nova Delhi
12/mar Nova Delhi
13/mar Nova Delhi
14/mar Nova Delhi-Phnom Penh
15/mar Phnom Penh
16/mar Phnom Penh-Siem Reap
17/mar Siem Reap
18/mar Siem Reap
19/mar Siem Reap-Cingapura
20/mar Cingapura
21/mar Cingapura
22/mar Cingapura
23/mar Cingapura-Kuala Lumpur
24/mar Kuala Lumpur-Abu Dhabi
25/mar Abu Dhabi-Dubai
26/mar Dubai
27/mar Dubai-Abu Dhabi
28/mar Abu Dhabi-Rio


Mapa da viagem:





Uma amostra dos lugares por onde passarei:



















 



 








Como de costume, vou levar meu notebook para blogar durante a viagem nas horas vagas mandando noticias, compartilhando as descobertas, aventuras, perrengues, fotos e vídeos dos lugares por onde passarei. A idéia é que você se sinta um integrante da viagem.

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Partiu então ! Mando notícias quando chegar na terra dos marajás !!! Namastê ! Hari Om ! :-)

4 comentários:

  1. Olá, Alexandre, você provavelmente está voando agora. Para eurocêntricos como eu é uma pena que não tenha ido à Escócia, como havia dito anteriormente. Mas o que escreveu é por aí mesmo.

    O brasileiro médio que nunca viajou só reconhece dois países: o nosso e Miami. Fui em Madri e mais cinco cidades no ano passado e este ano irei à Barcelona e arredores (talvez Andorra). As pessoas perguntam: mas você já não foi na Espanha, por que vai lá "de novo"? Eu digo: Madri e Barcelona são cidades muito diferentes. Elas: ?...

    Um abraço, boa viagem e experimente a comida vegetariana na Índia.

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  2. Olá Enaldo. Pois é, a Escócia ficou para uma próxima oportunidade. Já está há um tempo na minha "wish list" aguardando a sua vez :-) Também gosto muuuuito da Espanha. Já fui bastante pra lá. Abs.

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  3. Alexandre! Gostaria de saber ja que você disse que leva Notebook...como é seu nível de preocupação deixando esse item no hostel? Tu faz algo extra pra segurança?

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    1. Olá ! Se o quarto é coletivo, eu deixo trancado no armário. Cada cama tem seu próprio armário com cadeado. Se é quarto individual, deixo na mochila mesmo. Nunca tive problema nenhum com relação a furtos de objetos pessoais nos hostels e hotéis, e olha que já fiquei hospedado em cerca de 80 hostels !

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