Ainda meio dormindo, meio acordado, abri a cortina da janela do quarto e caiu a ficha: eu não estava sonhando, estava mesmo em Dubai !!! :-) Então bora levantar e aproveitar o dia de sol para explorar essa cidade incrível !
O café da manhã foi no hotel, pago por fora (25 dirhams = R$19). Foi um verdadeiro banquete, que valeu por um almoço. O hotel era de uma rede indiana, e a grande maioria dos hóspedes eram indianos. As TVs do restaurante passavam uma partida de cricket, o esporte nacional da Índia. O café da manhã, como não poderia deixar de ser, era típico da Índia. Além das comidas "normais" (pão, queijo, ovos mexidos, bolo, suco de laranja, iogurte, leite, café, sucrilhos, frutas - tâmaras e mamão), também tinha comida indiana: arroz, aloo vada (doughnut salgado de batata), samosa (pastel frito com recheio de batata e especiarias), molho green chutney (a base de coentro e especiarias), curry, etc. Saí de lá rolando...
A recepção do hotel:
Frente do hotel:
Esta é a rua do hotel no bairro de Bur Dubai, um dos mais antigos da cidade, com muito comércio de rua e restaurantes. Ao contrário do que acontece nas partes mais novas e modernas da cidade, em Bur Dubai e no bairro vizinho de Deira as pessoas podem fazer tudo a pé, sem a necessidade de carro ou metrô.
A estação de metrô Al Fahidi em frente ao hotel:
Mapa com as duas linhas de metrô de Dubai:
A passagem custou 8 dirhams (R$6). O valor varia de acordo com o número de zonas a serem percorridas. Vale mais a pena comprar um passe diário por 14 dirhams (R$10,50), válido para todas as zonas.
O metrô tem um vagão só para mulheres, e também um outro vagão "golden", uma espécie de "área vip", cuja passagem custa o dobro. É um vagão para quem quer mais conforto, já que ele é bem mais vazio que os outros. Apesar de não ser hora de pico (era 11h da manhã), os vagões normais estavam bem cheios. Só tinha homem, e não se via nenhum árabe, apenas indianos, orientais e alguns ocidentais também.
Atravessamos a cidade inteira até a estação Mall of the Emirates, onde descemos.
O Mall of the Emirates é um dos principais shoppings de Dubai. Os habitantes locais durante os 6 meses de calor (maio a outubro) preferem ficar 24h em lugares fechados com ar condicionado, e raramente ficam ao ar livre no calor escaldante do deserto. Os shopping no verão ficam lotados, quando a temperatura do lado de fora passa facilmente dos 40 graus. Foi uma ótima idéia ter escolhido março para visitar a cidade, quando a temperatura em Dubai fica bastante agradável, semelhante à do inverno no Rio (entre 18 e 25 graus).
A atração máxima do Mall of the Emirates é a pista de esqui indoor, uma das extravagâncias de Dubai.
Há esculturas de gelo, um iglu, um tobogã de gelo, pista de trenó, teleféricos e 5 pistas de esqui (a maior com 400m). A neve artificial é produzida de noite por máquinas que fazem nevar por toda a extensão do parque.
A entrada é cara: 120 dirhams (R$90) para ficar apenas passeando no Snow Park, sem acesso às pistas de esqui, ou 300 dirhams (R$225) para esquiar o dia inteiro, com o aluguel dos equipamentos de esqui incluidos. Eu já fui 3 vezes em estações de esqui de verdade e preferi ficar só olhando de fora.
A temperatura dentro do Ski Park é mantida em -2 graus.
Teleféricos:
No shopping havia muitas famílias árabes e alguns poucos indianos, orientais e ocidentais, ao contrário do que observei em Bur Dubai. Muitas mulheres árabes usavam burca, outras apenas tinham um véu cobrindo a cabeça, e uma minoria se vestia como ocidentais, mas de forma comportada, sem decotes, e com joelhos e ombros cobertos.
Placa no shopping mostrando as regras de conduta do local: usar roupas conservadoras ("we advise avoiding showing your shouders and knees"), proibido beijar ou demonstrar afeto públicamente, proibido consumir álcool, proibido animais.
Pegamos um taxi para a praia de Umm Suqeim, próxima ao shopping (20 dirhams = R$15). É uma das poucas praias públicas de Dubai. Há outras que são privadas e pertencem a beach clubs.
Um "food truck":
O incrível "mar de caribe" do Golfo Pérsico:
Essas cabines são usadas pelos banhistas para trocar de roupa na praia:
Lista de proibições na praia: nadar após o pôr-do-sol, andar de bicicleta ou patins no calçadão, sentar ou bloquear a passagem no calçadão, acender fogueira, fazer churrasco, nadar fora da área demarcada, acampar, levar cachorros, surfar fora da área demarcada, pescar sem permissão, ter comportamento indecente.
O Burj Al Arab é o principal cartão-postal dos Emirados Árabes. É um dos hotéis mais luxuosos e caros do mundo. Diz ter 7 estrelas, apesar disso ser apenas uma jogada de marketing. A diária num quarto duplo raramente sai por menos de R$3.000 !! Ele foi construído numa ilha artificial e tem o formato de vela de dhow (barco típico do Golfo Pérsico). Parece pequeno quando visto de longe, mas é enorme, tem 321m de altura e 60 andares. Tem muito ouro na decoração das suas luxuosas instalações.
Pessoas não-hóspedes podem entrar e visitá-lo por dentro, mas é preciso ter reserva no bar Skyview ou em algum dos diversos restaurantes do hotel (com preços astronômicos, é claro). A maneira mais "barata" de conhecer o hotel por dentro é reservar uma mesa no bar Skyview. A consumação mínima é de 350 dirhams por pessoa (R$260). Um simples refrigerante custa 35 dirhams (R$26) e a lata de cerveja mais barata custa 70 dirhams (R$52) !! Sou um cara simples, avesso a esse tipo de ostentação :-) Preferimos olhar o hotel só por fora mesmo.
Pegamos outro taxi para conhecer o Madinat Jumerah, que fica pertinho da praia (12 dirhams = R$9). É um famoso complexo de hotéis, lojas, bares e restaurantes. Todas as construções tem arquitetura tradicional árabe.
Entrada:
Estas torres com estacas de madeira são utilizadas nas construções árabes como ar condicionados naturais, porque favorecem a circulação de ar.
Filial local da famosa boate Pacha:
O Madinat Jumerah é uma espécie de "Disney das Arábias", um lugar com aspecto de cidade cenográfica feito para "turista ver", mas é muito interessante.
Barraca vendendo souvenirs:
Canais artificiais e restaurantes:
Abras (barcos tradicionais árabes) passando pelos canais:
O Burj al Arab lá no fundo:
O acesso à praia que fica ao lado do Madinat Jumerah é restrito aos hóspedes dos hotéis:
O souq (mercado):
Pegamos um taxi no Madinat Jumerah para a estação do tram (bonde) Al Sufouh (12 dirhams = R$9).
A linha de bonde de Dubai percorre a orla de Dubai ligando o Madinat Jumerah ao Dubai Marina, uma luxuosa área residencial de frente pro mar.
Na estação, comprei um cartão Nol (pré-pago) que serve pro metrô e pro bonde. Coloquei uma carga de 25 dirhams (R$19).
Dentro do bonde. Estava vazio:
Desembarcamos na estação Palm Jumeirah:
Nesta estação pegamos o monotrilho (25 dirhams ida e volta = R$19) para conhecer o Palm Jumeirah, uma das mais extravagantes mega-construções de Dubai. Trata-se de uma ilha artificial no formato de uma palmeira construída a partir de 1 bilhão de metros cúbicos de areia. Tem 16 penínsulas e uma coroa em volta. O formato de palmeira teve como o objetivo aumentar a linha costeira de Dubai, criando uma vasta área residencial com casas de frente para o mar. Há ainda diversos hotéis e resorts.
Vista aérea da Palm Jumerah:
A Palm Jumerah é a menor das 3 palmeiras projetadas para Dubai. É a palmeira do meio na foto de satélite abaixo. A segunda maior é a Palm Jebel Ali, que já ficou pronta, mas não tem nenhuma edificação ainda. A maior delas, a Palm Deira, seria 8 vezes maior que a Palm Jumeirah e poderia abrigar 1 milhão de habitantes, mas não saiu do papel ainda. Há ainda o "The World", um arquipelago de ilhas artificiais com o formato do mapa mundi. A crise financeira de 2008 atingiu em cheio o mercado imobiliário de Dubai, afastou os investidores e até hoje nada foi construído neste arquipélago.
Dentro do monotrilho:
Casas de luxo no caminho:
Fotos que baixei da internet mostrando a "favelinha" construída nas penínsulas de Palm Jumeirah:
O ponto final do monotrilho é no Atlantis, o mais famoso hotel de Palm Jumeirah. É um mega complexo com um hotel resort, shopping, spa, parque aquático, beach club, aquário, restaurantes e boates. Tornou-se um dos cartões-postais de Dubai.
Uma foto que baixei da internet mostrando todo o complexo:
O parque aquático ao lado da estação do monotrilho:
A rua em frente ao hotel:
Bicicletas públicas:
Pedras na parte externa da península para evitar o avanço das ondas sobre o hotel:
O hotel com suas linhas arquitetônicas árabes:
Shopping dentro do complexo:
Aquário:
Uma máquina de vender ouro:
Embarcando de volta na estação do monotrilho:
Trilhos:
Ainda há muitas construções em andamento nas penínsulas:
De volta a estação Palm Jumeirah do bonde:
Desembarcamos na Dubai Marina, onde há uma grande concentração de prédios comerciais:
Pegamos o metrô e descemos na estação Burj Khalifa/Dubai Mall.
O Burj Khalifa é atualmente o maior edifício do mundo, com 828m de altura e 160 andares.
O Burj Khalifa tem um mirante, conhecido como "At The Top", de onde se tem uma incrível vista da cidade.
O acesso aos elevadores do Burj Khalifa é feito por dentro do Dubai Mall, o maior shopping center do mundo, com 1200 lojas (!!!). É tão grande, que as pessoas se perdem facilmente dentro dele. É preciso consultar os painéis com mapas ou pedir informações aos seguranças, já acostumados aos turistas perdidos.
O ingresso para subir no mirante (At The Top) custou 205 dirhams (R$154). Muito caro, mas é uma visita obrigatória em Dubai. Para evitar filas, fizemos a reserva pela internet e agendamos o horário da subida (17:30h). O final da tarde é o horário mais caro para subir, porque todos querem assistir ao pôr-do-sol lá de cima.
Prédios do Financial District:
O Dubai Mall visto de cima:
A praia de Jumeirah e o trânsito pesado na Sheikh Zayed Road:
A Palm Jumeirah ao fundo:
A imensidão do deserto ao fundo:
O sol se pondo por entre as nuvens:
O Sheik Mohammed, atual emir de Dubai e vice-presidente dos Emirados Árabes, é um governante muito popular e idolatrado pelos emiradenses, apesar de não ter sido eleito democraticamente. Foi o mentor de várias construções extravagantes de Dubai, como o Burj al Arab, o Palm Jumerah e o Burj Khalifa. É comum ver fotos deles espalhadas pela cidade em outdoors gigantes, como sempre acontece nos regimes autocráticos. Foi idéia dele batizar o edifício de "Burj Khalifa", em homenagem ao presidente do país e emir de Abu Dhabi, Sheik Khalifa. Foi um gesto de gratidão após o socorro financeiro que Abu Dhabi deu a Dubai durante a crise financeira de 2008-2009 que quase levou Dubai a bancarrota.
Descemos de volta para o shopping e fomos jantar na imensa praça de alimentação. Eram tantas opções que ficou até difícil escolher. Comi num restaurante de comida libanesa chamado Haram Express.
O prato que comi chamava-se "kebab halabi": pão sírio, hummus, fritas e carne de cordeiro (32 dirhams = R$24).
Uma das atrações mais conhecidas deste shopping é o imenso Dubai Aquarium:
Do lado de fora do shopping, a vista do Burj Khalifa com a iluminação noturna e a lua brilhando à esquerda:
O Dubai Fountain é outra atração imperdível do Dubai Mall. É um lago artificial com fontes dançantes sincronizadas ao som de música de dança do ventre. O show acontece a cada 20 minutos a partir das 19h. Fica uma multidão de turistas do mundo inteiro na beira do lago com câmeras a postos aguardando ansiosamente pelo início do show:
Vídeo que gravei do Dubai Fountain:
Voltamos pro hotel de metrô e nos arrumamos pra sair a noite.
Pegamos um taxi para o Raffles Hotel, um dos mais luxosos de Dubai, onde fica a boate People by Cristal. Era bem perto no nosso hotel. A corrida de taxi deu 20 dirhams (R$13,50). A fachada da entrada do Raffles e a recepção eram impressionantes ! Grupos de homens árabes com aquela roupa branca típica conversavam animados na recepção. Carros de luxo chegavam a todo momento. Alguma coisa me dizia que aquele lugar não era para nós, pobres mortais.
Um segurança "armário" com cara de poucos amigos controlava a entrada da boate. Perguntamos a ele:
- Boa noite. Quanto custa para entrar ?
- Vocês tem reserva ?
- Não.
- Esta hora só entram casais ou mulheres solteiras. Mas vocês podem entrar se comprarem uma garrafa de 1000 dirhams.
- Não, obrigado.
Isso dá R$750 !!! tá louco ?! Pegamos o taxi e partimos para o "plano B", a famosa Boudoir Club, no Dubai Marine Resort. Era perto do Raffles. O taxi até lá deu 20 dirhams (R$13,50).
O Dubai Marine Resort é um luxuoso complexo com hotel, spa, beach club, bares, restaurantes e boates. Fica numa parte privada da praia de Jumeirah. O lugar é muito bonito.
Na porta da Boudoir, uma hostess com cara de nojo controlava a entrada das pessoas, como se fosse um favor deixá-las entrar para gastar e ajudar a pagar o salário dela. É o irritante "face control" que existe em boates mundo afora, e que felizmente não temos no Brasil. Então perguntamos a ela:
- Quanto custa para entrar ?
- Vocês tem reserva ?
- Não.
- Bom, hoje temos uma noite indiana. Custa 50 dirhams para entrar. Mas OK, vocês são bem-vindos.
Observamos que só entravam indianos no lugar, e praticamente só homens, como acontece em quase todos os lugares de Dubai. Enquanto discutíamos se valia a pena entrar, a hostess manda essa:
- Ei, saiam da frente da porta, estamos com muito movimento hoje.
Olhei pra cara do Ronaldo, que estava tão chocado quanto eu com a grosseria da hostess, e nos mandamos de lá na mesma hora.
Já era 0:30h e acabamos desistindo de partir para um plano C, já que as demais opções de noitada eram distantes, e corríamos o risco de gastar uma grana de taxi para sermos barrados na porta de alguma boate ou de cair em alguma furada. Num país islâmico conservador onde há 3 homens para cada mulher, onde os bares e boates fecham às 3h da manhã por força da lei, e onde uma simples cervejinha pode custar R$30, a chance daquela noitada ser boa era mínima. Pelo menos já estávamos próximos de voltar pro Brasil e cair na gandaia de novo...ô saudade !! hehehe. Abortamos a missão e voltamos pro hotel.
Eu não sei se fico fascinado com as construções ou espantado com tanta breguice de novo-rico.
ResponderExcluirParabéns!! Isto tudo foi em um dia? Estou me planejando para ir semana que vem.
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