quinta-feira, 26 de março de 2015

[Mochilão 13] Dia 21: Dubai


Ainda meio dormindo, meio acordado, abri a cortina da janela do quarto e caiu a ficha: eu não estava sonhando, estava mesmo em Dubai !!! :-)  Então bora levantar e aproveitar o dia de sol para explorar essa cidade incrível !


O café da manhã foi no hotel, pago por fora (25 dirhams = R$19). Foi um verdadeiro banquete, que valeu por um almoço. O hotel era de uma rede indiana, e a grande maioria dos hóspedes eram indianos. As TVs do restaurante passavam uma partida de cricket, o esporte nacional da Índia. O café da manhã, como não poderia deixar de ser, era típico da Índia. Além das comidas "normais" (pão, queijo, ovos mexidos, bolo, suco de laranja, iogurte, leite, café, sucrilhos, frutas - tâmaras e mamão), também tinha comida indiana: arroz, aloo vada (doughnut salgado de batata), samosa (pastel frito com recheio de batata e especiarias), molho green chutney (a base de coentro e especiarias), curry, etc. Saí de lá rolando...

A recepção do hotel:


Frente do hotel:


Esta é a rua do hotel no bairro de Bur Dubai, um dos mais antigos da cidade, com muito comércio de rua e restaurantes. Ao contrário do que acontece nas partes mais novas e modernas da cidade, em Bur Dubai e no bairro vizinho de Deira as pessoas podem fazer tudo a pé, sem a necessidade de carro ou metrô.



A estação de metrô Al Fahidi em frente ao hotel:


Mapa com as duas linhas de metrô de Dubai:


A passagem custou 8 dirhams (R$6). O valor varia de acordo com o número de zonas a serem percorridas. Vale mais a pena comprar um passe diário por 14 dirhams (R$10,50), válido para todas as zonas.

O metrô tem um vagão só para mulheres, e também um outro vagão "golden", uma espécie de "área vip", cuja passagem custa o dobro. É um vagão para quem quer mais conforto, já que ele é bem mais vazio que os outros. Apesar de não ser hora de pico (era 11h da manhã), os vagões normais estavam bem cheios. Só tinha homem, e não se via nenhum árabe, apenas indianos, orientais e alguns ocidentais também.


Atravessamos a cidade inteira até a estação Mall of the Emirates, onde descemos.

O Mall of the Emirates é um dos principais shoppings de Dubai. Os habitantes locais durante os 6 meses de calor (maio a outubro) preferem ficar 24h em lugares fechados com ar condicionado, e raramente ficam ao ar livre no calor escaldante do deserto. Os shopping no verão ficam lotados, quando a temperatura do lado de fora passa facilmente dos 40 graus.  Foi uma ótima idéia ter escolhido março para visitar a cidade, quando a temperatura em Dubai fica bastante agradável, semelhante à do inverno no Rio (entre 18 e 25 graus).


A atração máxima do Mall of the Emirates é a pista de esqui indoor, uma das extravagâncias de Dubai.


Há esculturas de gelo, um iglu, um tobogã de gelo, pista de trenó, teleféricos e 5 pistas de esqui (a maior com 400m). A neve artificial é produzida de noite por máquinas que fazem nevar por toda a extensão do parque.


A entrada é cara: 120 dirhams (R$90) para ficar apenas passeando no Snow Park, sem acesso às pistas de esqui, ou 300 dirhams (R$225) para esquiar o dia inteiro, com o aluguel dos equipamentos de esqui incluidos. Eu já fui 3 vezes em estações de esqui de verdade e preferi ficar só olhando de fora.


A temperatura dentro do Ski Park é mantida em -2 graus.


Teleféricos:


No shopping havia muitas famílias árabes e alguns poucos indianos, orientais e ocidentais, ao contrário do que observei em Bur Dubai. Muitas mulheres árabes usavam burca, outras apenas tinham um véu cobrindo a cabeça, e uma minoria se vestia como ocidentais, mas de forma comportada, sem decotes, e com joelhos e ombros cobertos.

Placa no shopping mostrando as regras de conduta do local: usar roupas conservadoras ("we advise avoiding showing your shouders and knees"), proibido beijar ou demonstrar afeto públicamente, proibido consumir álcool, proibido animais.


Pegamos um taxi para a praia de Umm Suqeim, próxima ao shopping (20 dirhams = R$15). É uma das poucas praias públicas de Dubai. Há outras que são privadas e pertencem a beach clubs.


Esta praia tem apenas casas e construções baixas:


Um "food truck": 


O incrível "mar de caribe" do Golfo Pérsico:


Muitas mulheres árabes e indianas entravam de roupa no mar. Outras mulheres ocidentais tomavam sol de biquini sem nenhum constrangimento.


Essas cabines são usadas pelos banhistas para trocar de roupa na praia:


Lista de proibições na praia: nadar após o pôr-do-sol, andar de bicicleta ou patins no calçadão, sentar ou bloquear a passagem no calçadão, acender fogueira, fazer churrasco, nadar fora da área demarcada, acampar, levar cachorros, surfar fora da área demarcada, pescar sem permissão, ter comportamento indecente. 


O Burj Al Arab é o principal cartão-postal dos Emirados Árabes. É um dos hotéis mais luxuosos e caros do mundo. Diz ter 7 estrelas, apesar disso ser apenas uma jogada de marketing. A diária num quarto duplo raramente sai por menos de R$3.000 !! Ele foi construído numa ilha artificial e tem o formato de vela de dhow (barco típico do Golfo Pérsico). Parece pequeno quando visto de longe, mas é enorme, tem 321m de altura e 60 andares. Tem muito ouro na decoração das suas luxuosas instalações.

Pessoas não-hóspedes podem entrar e visitá-lo por dentro, mas é preciso ter reserva no bar Skyview ou em algum dos diversos restaurantes do hotel (com preços astronômicos, é claro). A maneira mais "barata" de conhecer o hotel por dentro é reservar uma mesa no bar Skyview. A consumação mínima é de 350 dirhams por pessoa (R$260). Um simples refrigerante custa 35 dirhams (R$26) e a lata de cerveja mais barata custa 70 dirhams (R$52) !!  Sou um cara simples, avesso a esse tipo de ostentação  :-)  Preferimos olhar o hotel só por fora mesmo.


Pegamos outro taxi para conhecer o Madinat Jumerah, que fica pertinho da praia (12 dirhams = R$9). É um famoso complexo de hotéis, lojas, bares e restaurantes. Todas as construções tem arquitetura tradicional árabe.

Entrada:


Estas torres com estacas de madeira são utilizadas nas construções árabes como ar condicionados naturais, porque favorecem a circulação de ar.


Filial local da famosa boate Pacha:


O Madinat Jumerah é uma espécie de "Disney das Arábias", um lugar com aspecto de cidade cenográfica  feito para "turista ver", mas é muito interessante.


Barraca vendendo souvenirs:


Canais artificiais e restaurantes:


Abras (barcos tradicionais árabes) passando pelos canais:


O Burj al Arab lá no fundo:


O acesso à praia que fica ao lado do Madinat Jumerah é restrito aos hóspedes dos hotéis:



O souq (mercado):





Pegamos um taxi no Madinat Jumerah para a estação do tram (bonde) Al Sufouh (12 dirhams = R$9).

A linha de bonde de Dubai percorre a orla de Dubai ligando o Madinat Jumerah ao Dubai Marina, uma luxuosa área residencial de frente pro mar.  


Na estação, comprei um cartão Nol (pré-pago) que serve pro metrô e pro bonde. Coloquei uma carga de 25 dirhams (R$19).


Dentro do bonde. Estava vazio:


Desembarcamos na estação Palm Jumeirah:


Nesta estação pegamos o monotrilho (25 dirhams ida e volta = R$19) para conhecer o Palm Jumeirah, uma das mais extravagantes mega-construções de Dubai. Trata-se de uma ilha artificial no formato de uma palmeira construída a partir de 1 bilhão de metros cúbicos de areia. Tem 16 penínsulas e uma coroa em volta. O formato de palmeira teve como o objetivo aumentar a linha costeira de Dubai, criando uma vasta área residencial com casas de frente para o mar. Há ainda diversos hotéis e resorts.

Vista aérea da Palm Jumerah:



A Palm Jumerah é a menor das 3 palmeiras projetadas para Dubai. É a palmeira do meio na foto de satélite abaixo. A segunda maior é a Palm Jebel Ali, que já ficou pronta, mas não tem nenhuma edificação ainda. A maior delas, a Palm Deira, seria 8 vezes maior que a Palm Jumeirah e poderia abrigar 1 milhão de habitantes, mas não saiu do papel ainda. Há ainda o "The World", um arquipelago de ilhas artificiais com o  formato do mapa mundi. A crise financeira de 2008 atingiu em cheio o mercado imobiliário de Dubai, afastou os investidores e até hoje nada foi construído neste arquipélago.


Dentro do monotrilho:



Vista da Dubai Marina no monotrilho:


Casas de luxo no caminho:


Fotos que baixei da internet mostrando a "favelinha" construída nas penínsulas de Palm Jumeirah:





O ponto final do monotrilho é no Atlantis, o mais famoso hotel de Palm Jumeirah. É um mega complexo com  um hotel resort, shopping, spa, parque aquático, beach club, aquário, restaurantes e boates.  Tornou-se um dos cartões-postais de Dubai.


Uma foto que baixei da internet mostrando todo o complexo:


O parque aquático ao lado da estação do monotrilho:


A rua em frente ao hotel:


Bicicletas públicas:


Pedras na parte externa da península para evitar o avanço das ondas sobre o hotel:



O hotel com suas linhas arquitetônicas árabes:



Shopping dentro do complexo:


Aquário:




Uma máquina de vender ouro:


Embarcando de volta na estação do monotrilho:


Trilhos:


O monotrilho não tem condutor. É guiado por computadores.


Praias do Palm Jumeirah:


Ainda há muitas construções em andamento nas penínsulas:


De volta a estação Palm Jumeirah do bonde:


Desembarcamos na Dubai Marina, onde há uma grande concentração de prédios comerciais:


Pegamos o metrô e descemos na estação Burj Khalifa/Dubai Mall.

O Burj Khalifa é atualmente o maior edifício do mundo, com 828m de altura e 160 andares.


O Burj Khalifa tem um mirante, conhecido como "At The Top", de onde se tem uma incrível vista da cidade.


O acesso aos elevadores do Burj Khalifa é feito por dentro do Dubai Mall, o maior shopping center do mundo, com 1200 lojas (!!!). É tão grande, que as pessoas se perdem facilmente dentro dele. É preciso consultar os painéis com mapas ou pedir informações aos seguranças, já acostumados aos turistas perdidos.

O ingresso para subir no mirante (At The Top) custou 205 dirhams (R$154). Muito caro, mas é uma visita obrigatória em Dubai. Para evitar filas, fizemos a reserva pela internet e agendamos o horário da subida (17:30h). O final da tarde é o horário mais caro para subir, porque todos querem assistir ao pôr-do-sol lá de cima.


O mirante fica no 124o andar, a 452m de altura, pouco mais da metade da altura do edifício. Por isso, ao olhar para cima, dá pra ver que ainda tem muitos andares acima do mirante.


Prédios do Financial District:


O Dubai Mall visto de cima:


A praia de Jumeirah e o trânsito pesado na Sheikh Zayed Road:


A Palm Jumeirah ao fundo:


A imensidão do deserto ao fundo:


O sol se pondo por entre as nuvens:


O Sheik Mohammed, atual emir de Dubai e vice-presidente dos Emirados Árabes, é um governante muito popular e idolatrado pelos emiradenses, apesar de não ter sido eleito democraticamente. Foi o mentor de várias construções extravagantes de Dubai, como o Burj al Arab, o Palm Jumerah e o Burj Khalifa. É comum ver fotos deles espalhadas pela cidade em outdoors gigantes, como sempre acontece nos regimes autocráticos. Foi idéia dele batizar o edifício de "Burj Khalifa", em homenagem ao presidente do país e emir de Abu Dhabi, Sheik Khalifa. Foi um gesto de gratidão após o socorro financeiro que Abu Dhabi deu a Dubai durante a crise financeira de 2008-2009 que quase levou Dubai a bancarrota.


Descemos de volta para o shopping e fomos jantar na imensa praça de alimentação. Eram tantas opções que ficou até difícil escolher. Comi num restaurante de comida libanesa chamado Haram Express.



O prato que comi chamava-se "kebab halabi":  pão sírio, hummus, fritas e carne de cordeiro (32 dirhams = R$24).


Uma das atrações mais conhecidas deste shopping é o imenso Dubai Aquarium:




Do lado de fora do shopping, a vista do Burj Khalifa com a iluminação noturna e a lua brilhando à esquerda:


O Dubai Fountain é outra atração imperdível do Dubai Mall. É um lago artificial com fontes dançantes sincronizadas ao som de música de dança do ventre. O show acontece a cada 20 minutos a partir das 19h. Fica uma multidão de turistas do mundo inteiro na beira do lago com câmeras a postos aguardando ansiosamente pelo início do show:



Vídeo que gravei do Dubai Fountain:


Voltamos pro hotel de metrô e nos arrumamos pra sair a noite.

Pegamos um taxi para o Raffles Hotel, um dos mais luxosos de Dubai, onde fica a boate People by Cristal. Era bem perto no nosso hotel. A corrida de taxi deu 20 dirhams (R$13,50).  A fachada da entrada do Raffles e a recepção eram impressionantes ! Grupos de homens árabes com aquela roupa branca típica conversavam animados na recepção. Carros de luxo chegavam a todo momento. Alguma coisa me dizia que aquele lugar não era para nós, pobres mortais.


Um segurança "armário" com cara de poucos amigos controlava a entrada da boate. Perguntamos a ele:

- Boa noite. Quanto custa para entrar ?
- Vocês tem reserva ?
- Não.
- Esta hora só entram casais ou mulheres solteiras. Mas vocês podem entrar se comprarem uma garrafa de 1000 dirhams.
- Não, obrigado.

Isso dá R$750 !!! tá louco ?! Pegamos o taxi e partimos para o "plano B", a famosa Boudoir Club, no Dubai Marine Resort. Era perto do Raffles. O taxi até lá deu 20 dirhams (R$13,50).

O Dubai Marine Resort é um luxuoso complexo com hotel, spa, beach club, bares, restaurantes e boates. Fica numa parte privada da praia de Jumeirah. O lugar é muito bonito.

Na porta da Boudoir, uma hostess com cara de nojo controlava a entrada das pessoas, como se fosse um favor deixá-las entrar para gastar e ajudar a pagar o salário dela. É o irritante "face control" que existe em boates mundo afora, e que felizmente não temos no Brasil. Então perguntamos a ela:

- Quanto custa para entrar ?
- Vocês tem reserva ?
- Não.
- Bom, hoje temos uma noite indiana. Custa 50 dirhams para entrar. Mas OK, vocês são bem-vindos.

Observamos que só entravam indianos no lugar, e praticamente só homens, como acontece em quase todos os lugares de Dubai. Enquanto discutíamos se valia a pena entrar, a hostess manda essa:

- Ei, saiam da frente da porta, estamos com muito movimento hoje.

Olhei pra cara do Ronaldo, que estava tão chocado quanto eu com a grosseria da hostess, e nos mandamos de lá na mesma hora.

Já era 0:30h e acabamos desistindo de partir para um plano C, já que as demais opções de noitada eram distantes, e corríamos o risco de gastar uma grana de taxi para sermos barrados na porta de alguma boate ou de cair em alguma furada. Num país islâmico conservador onde há 3 homens para cada mulher, onde os bares e boates fecham às 3h da manhã por força da lei, e onde uma simples cervejinha pode custar R$30, a chance daquela noitada ser boa era mínima. Pelo menos já estávamos próximos de voltar pro Brasil e cair na gandaia de novo...ô saudade !! hehehe.  Abortamos a missão e voltamos pro hotel.

2 comentários:

  1. Eu não sei se fico fascinado com as construções ou espantado com tanta breguice de novo-rico.

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  2. Parabéns!! Isto tudo foi em um dia? Estou me planejando para ir semana que vem.

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