quarta-feira, 25 de março de 2015

[Mochilão 13] Dia 20: Abu Dhabi-Dubai

Algumas informações sobre os Emirados Árabes:

O país é uma confederação de 7 emirados, entre os quais, Abu Dhabi e Dubai.  Cada emirado é governado por um emir (sheik).  


Abu Dhabi, a capital do país, é o maior dos emirados, o mais rico, e o que produz mais petróleo.

O petróleo foi descoberto em 1962 e transformou os Emirados Árabes num dos países mais ricos do mundo. O rápido crescimento econômico atraiu milhões de imigrantes, e população do país nos últimos 50 anos foi multiplicada por 100: saltou de 90 mil para cerca de 9 milhões de habitantes.

Confesso que até alguns anos atrás eu nunca havia ouvido falar nem de Dubai nem de Abu Dhabi. Eram, de fato, cidades pouco conhecidas mundialmente. As principais atrações turísticas de ambas cidades foram criadas nos últimos 10 anos, após o governo local fazer grandes investimentos. Construções excêntricas e com arquitetura arrojada são a marca registrada do país. Está em Dubai o prédio mais alto do mundo (Burj Khalifa), uma ilha artificial no formato de uma palmeira (Palm Jumerah), o maior shopping do mundo (Dubai Mall), uma pista de esqui indoor, e muita, muita riqueza e modernidade para todos os lados que se olhe. O turismo em Abu Dhabi é ainda mais recente que em Dubai. Muitas vezes ofuscada pela sua vizinha mais conhecida, Abu Dhabi investe pesado para criar suas próprias extravagâncias, como a Ferrari World, a Grande Mesquita e a Saadiyat Cultural District, onde filiais do Louvre e Guggenheim serão inauguradas em breve. Os Emirados Árabes agora se consolidam como destino turístico mundial, aproveitando-se da sua posição geográfica estratégica, ali na "metade do mundo", com voos diretos para os 5 continentes. 

25 de março. Este foi o segundo ano seguido que passei meu aniversário viajando !! No ano passado estava em Melbourne. Esse ano me dei de presente aventuras em Abu Dhabi e Dubai.

Depois de acordar e fazer o check out, deixei minha bagagem na recepção e tomei café da manhã na praça de alimentação do aeroporto de Abu Dhabi, a poucos passos do hotel.

McMuffin do McDonald's (10 dirhams = R$7):


Croissaint e suco de frutas vermelhas (4 dirhams = R$3).


Apesar de estar num país árabe, o que mais vejo aqui é indiano e orientais. São eles que fazem os trabalhos que os árabes não querem: caixa, recepcionista, camareiro, servente, motorista, pedreiro, balconista de aeroporto, vendedor de loja, etc. Os únicos árabes que vi trabalhando aqui até agora foram os policiais da imigração.

Um Porsche dourado exposto no aeroporto:


Estava um dia ensolarado mas com temperatura agradável em Abu Dhabi (25 graus). Eu só tinha o dia de hoje para explorar a cidade.

O transporte público na cidade é bem limitado. Não tem metrô, só ônibus, mas os intervalos são grandes e as distâncias são longas. 

Um dos raros ônibus passando em frente ao aeroporto:


Ponto de ônibus com ar condicionado:


Preferi pegar um taxi no setor de desembarque do aeroporto. 


Apesar da fama de país caro, os Emirados Árabes tem algumas coisas mais baratas que o Brasil. Tarifa de taxi é uma delas. O trajeto de 22 Km do aeroporto até a Grande Mesquita deu 60 dirhams (R$45). No Rio isso daria um pouco mais (cerca de R$50).


Encontrei com o Ronaldo em frente a mesquita. Ele tinha acabado de chegar de Dubai e veio passar o dia em Abu Dhabi para explorar a cidade junto comigo.

A Sheikh Zayed Grand Mosque, inaugurada em 2007,  é a maior mesquita dos Emirados Árabes, com capacidade para 40 mil pessoas. Belíssima !






O local estava lotado de turistas, inclusive brasileiros. Não tinha nenhum árabe lá rezando quando entramos. A entrada foi gratuita.


No pátio de entrada da mesquita, um fiscal fica controlando as roupas dos turistas. Mulheres precisam cobrir os ombros e pernas, além de usar um véu na cabeça. Homens não podem entrar de bermuda ou camisa de manga curta. Quem não tiver a roupa apropriada pode pegar emprestado na portaria um véu para cobrir as partes expostas.


Pátio central com piso de mármore:








O belo interior da mesquita:






O maior tapete persa do mundo fica dentro da mesquita:


A direção de Meca:


Detalhes da parede:


Vitral:

Sheik Zayed, emir de Abu Dhabi de 1966 a 2004, foi quem concebeu a mesquita. Ele morreu em 2004, quando ela ainda estava em construção. Ao lado da mesquita foi construído o seu mausoléu, onde 24h por dia são recitados versos do Alcorão.


Pegamos outro taxi para ir ao Ferrari World, na ilha de Yas (60 dirhams = R$45).

A entrada é bem cara (250 dirhams = R$188).

Vista aérea:



Entrada:


Mapa do parque:



Exposição de Ferraris de todos os tipos:


Ferrari 458:


Motor da Ferrari 458 (570 cavalos):


Ferrari F12 Berlinetta:


Carro de Fórmula 1:


Ferrari 358 GTB:


Carro antigo de Fórmula 1:


Eu no pódio:

Formula Rossa, a montanha russa mais rápida do mundo. Chega a 240 km/h em apenas 5 segundos. É uma aceleração incrível !! Muito maneiro ! Pena que a fila estava bem grande e gastamos uns 40 minutos nela.




Kart indoor:


Troca de pneus de um carro de F1. Ganha a disputa quem trocar o pneu mais rápido.



O parque tinha ainda um cinema 4D, outra montanha russa, simuladores e alguns brinquedos para crianças. Algumas atrações cobram ingresso a parte. Sinceramente esperava mais. Achei o Ferrari World caro para o que oferece.

Saímos de lá e pegamos um taxi (80 dirhams = R$60) para o Emirates Palace, do outro lado da cidade (37 Km). Este é o mais luxuoso hotel da cidade, com uma praia particular, mármore, ouro e cristais para todos os lados. É um "must see". Infelizmente fomos barrados na porta porque há um limite diário de visitantes, e como já era final de tarde, não pudemos entrar.

O Ronaldo foi para a rodoviária pegar o ônibus para Dubai. Eu preferi conhecer um pouco mais de Abu Dhabi antes de ir para Dubai. Desci do taxi e fui dar uma volta pelo calçadão da Corniche Beach.

A Corniche Road é a rua da praia, com muitos edifícios residenciais e hotéis de luxo. Toda hora passava Porsche, BMW, Mercedes, e outras carroças. Só pobretão...


Não tinha quase ninguém no calçadão. Tudo muito limpo. 

A vista da praia era obstruída porque vários trechos dela são privados. Pertencem a beach clubs. 


Entrada de um beach club:


Trecho de praia pública ("Family Beach"):



Um mooooonte de regras na praia:  proibido fotos, andar de bicicleta, tomar bebidas alcoólicas, levar animais, usar roupa de banho fora da praia, entrar no mar depois do pôr-do-sol, acender fogueiras, ter comportamento "indecente"... resumindo, não pode fazer praticamente nada !! E a polícia fica de olho para ver se o pessoal está respeitando as regras.


O belo entardecer na Corniche Beach:


A praia estava bem vazia. Vi apenas algumas mulheres entrando de burca no mar.


Vista de uma ilha do outro lado:


Parede na praia separando a parte pública e um beach club.


Prédios de luxo na orla:


Banheiros públicos na praia:


Caminhando pelo calçadão


Um outro beach club:


Outdoors como esse, em homenagem ao Sheik Zayed, são comuns em Abu Dhabi. Ele é considerado o "pai dos Emirados Árabes". Foi o emir de Abu Dhabi de 1966 a 2004. Ele foi o grande responsável pela fundação dos Emirados Árabes Unidos em 1971, quando os 7 emirados, até então independentes, se uniram para formar o país. Sheik Zayed foi o presidente do país de 1971 até a sua morte em 2004, quando foi substituido pelo Sheik Khalifa, que continua no comando do país até hoje.


Os Emirados Árabes, como a grande maioria dos países árabes, não tem um regime democrático. Os sheiks governam por décadas até morrerem, quando o filho mais velho assume o poder. Os opositores do governo são perseguidos com rigor. Protestos não são tolerados, a liberdade de expressão é muito limitada, a imprensa é totalmente controlada pelo governo, e a internet sofre censura. As leis locais são duras e há pena de morte para crimes de homicídio, estupro, sequestro, roubo qualificado, terrorismo e tráfico de drogas, o que faz do país um dos mais seguros do mundo.

Corniche Street:


O palácio presidencial:


Peguei um taxi de volta ao hotel (no aeroporto). O taxista era do Nepal, gente finíssima. Falava inglês com grande dificuldade, o que não impediu que a gente tivesse uma animada conversa sobre futebol, assunto que surgiu assim que falei que era brasileiro. Ele disse que era fã do Ronaldinho, Rivaldo, Roberto Carlos, e outros. Comentou com empolgação lances históricos da seleção, como os gols do Ronaldo na final da Copa de 2002 contra a Alemanha. Ele contou algumas coisas inusitadas sobre o futebol nos Emirados Árabes, como a fórmula encontrada pelo governo local para atrair torcedores para as partidas do Mundial Interclubes da FIFA, disputado lá em 2009 e 2010. Como a grande maioria dos habitantes no país é formada por imigrantes indianos e paquistaneses, as partidas de futebol não costumam atrair muitos torcedores, já que o esporte nacional da Índia e do Paquistão é o cricket. O governo então resolveu PAGAR para as pessoas irem, com direito a lanche gratuito e tudo, ehehehe. Tudo isso para o mundo não ficar com uma má impressão do país ao assistir pela TV as partidas com o estádio vazios. Surreal !!

A corrida saiu por 68 dirhams (R$51).

Peguei minha bagagem no hotel e aproveitei para jantar na praça de alimentação do hotel. Comi no Hatan, um restaurante iraniano:


Carne de cordeiro com arroz e pão (40 dirhams = R$30).


Peguei o ônibus gratuito da Etihad em frente ao setor de desembarque do terminal 3. O trajeto até Dubai durou 1:20h (110 Km). 



O ônibus deixou os passageiros no escritório da Etihad em Dubai (Etihad Travel Mall), um pouco distante do hotel. 

Peguei um taxi para o hotel (45 dirhams = R$34). Hoje bati recorde com gastos de taxi !!

O hotel (Regal Plaza), de 3 estrelas, tinha uma localização muito boa. Ficava em Bur Dubai, um bairro antigo com muito comércio e muitos restaurantes. É um dos poucos lugares de Dubai onde é possível se virar a pé. A diária no quarto duplo custou 163 dirhams para cada um (R$122). Um pouco caro, mas valeu cada centavo. Achei o hotel muito bom. É quanto custaria um hotel deste nível no Brasil (fora do eixo Rio-SP, onde as diárias são mais baixas).

Encontrei com o Ronaldo no quarto. Ele ainda tinha que jantar e se arrumar para a gente sair e procurar algum lugar para comemorar o meu aniverário. Quando saímos, já estava tarde (00:30h). Como a noite em Dubai termina no máximo às 3h por força da lei, vimos que não daria tempo de ir muito longe. Vimos que o hotel tinha uma boate no segundo andar, e resolvemos dar uma conferida lá. A entrada custou 100 dirhams (R$75), meio caro !! Entramos. A boate estava lotada, e tinha um cheiro insuportável de cigarro. Tinha um monte de gente fumando lá dentro. Devia ter umas 3 mulheres para cada homem, todas lindas, russas e asiáticas. Usavam roupas um tanto quanto ousadas, nada conservadoras para um país árabe. Elas nos fuzilavam com o olhar, se aproximavam, piscavam para a gente. Opa, opa, quando a esmola é demais, o santo desconfia, e como desconfia, né ?! É claro que todas elas estavam ali "a trabalho", só de olho nos nossos dirhams. Que furada ! Para piorar, o chopp de 500ml era caríssimo (40 dirhams = R$30). Não ficamos nem meia hora lá. Foi só para não passar em branco o meu aniversário. O momento mais divertido foi assistir umas russas no palco cantando "Balada Boa", do Gusttavo Lima, um grande sucesso do sertanejo universitário que estourou no mundo inteiro há 3 anos. Consegue imaginar isso ?? Elas cantavam em português mesmo, com um sotaque carregadissimo e cometendo muitos erros. Rolou coreografia russa e tudo (um tanto quanto desengonçada, diga-se de passagem). Hilário !! Isso é que é mundo globalizado: russas cantando música sertaneja de Goiás num país árabe para uma platéia de homens indianos e dois cariocas lá no meio perdidos !! O Ronaldo tirou o celular do bolso e estava se preparando para tirar uma foto, quando um segurança "armário" surgiu do nada, e arrancou imediatamente o celular da mão dele. Deu-lhe um mega esporro, dizendo que era proibido tirar fotos lá dentro. Ficou um tempão mexendo no celular dele, procurando para ver se tinha alguma foto tirada dentro da boate. Desenrolamos durante um tempo, argumentamos que não tinha placa avisando da proibição de tirar fotos, dissemos que no Brasil é normal tirar fotos com os amigos em boates, juramos que não íamos tirar foto nenhuma, até que ele resolveu devolver o celular. Fomos embora na mesma hora e voltamos pro quarto um tanto quanto frustrados com a noite. Pelo menos tomamos umas cervejas e nos divertimos com o inusitado sertanejo russo.

Um comentário:

  1. É como eu imaginava, um turismo para velhos e novos-ricos.

    Achei legal a disneylândia da Ferrari e o ponto-de-ônibus com ar-condicionado.

    ResponderExcluir