quinta-feira, 12 de março de 2015

[Mochilão 13] Dia 7: Nova Delhi

Fiquei dormindo até tarde. Acordei às 10h e tomei meu café da manhã no quarto: biscoitos, bolo industrializado e uma garrafinha de suco de manga que tinha trazido de Agra.

O quarto era de fundos e a janela não abria, mas nem liguei o ar condicionado para dormir, porque estava um pouco frio de noite (18 graus).


Dava para escutar da janela bem de longe um zumbido que parecia um enxame de abelhas, mas que na verdade era a buzina das motos e tuc tucs que infernizam desde cedo o trânsito da cidade.

Na recepção, ao pedir a senha do wifi, o recepcionista me pediu para esperar sentado num sofá enquanto ele me dava o papel com o login e senha. Nisso apareceu um funcionário querendo me vender city tours. Dispensei.

A frente do hotel:


Rua do hotel:




Incenso aceso e uma imagem de Ganesh dentro de um tuc tuc estacionado:



A DB Gubta Road, uma rua movimentada perto do hotel. O trânsito estava bem engarrafado e o barulho das buzinas era ensurdecedor. Fui caminhando em direção a estação de metrô New Delhi, ao lado da estação ferroviária onde desembarquei ontem vindo de Agra.



Andar nas calçadas na Índia é difícil porque são muitos os obstáculos, como carros estacionados e o excesso de gente. A maioria das pessoas anda pelo meio da rua mesmo.




Algumas motos trafegam pela calçada para escapar do engarrafamento, e ficam buzinando para os pedestres sairem da frente. Tenso.




Um vídeo que gravei com as motos andando pela calçada:




Não tinha nem 5 minutos que eu tinha saído do hotel, e já fui abordado pelo primeiro indiano do dia:

- Olá, meu amigo. De onde você é ? - perguntou o indiano.
- Brasil. - respondi, já adivinhando qual seria a próxima pergunta dele, de acordo com o "script" dos touts.
- Ohh, Brasil ! O país do futebol. Quanto tempo você vai ficar aqui ?
- Aqui em Nova Delhi só dois dias.
- Que outras cidades vai visitar ?
- Conheci Jaipur e Agra.
- E para onde você está indo ?
- Para a estação de metrô New Delhi, atravessando o viaduto por cima da linha do trem.
- Cuidado, meu amigo. La é perigoso para estrangeiros. O metrô só tem indianos. Você deveria ir para Connaught Place, um lugar bom para estrangeiros. Lá tem restaurantes, lojas, e o escritório oficial de turismo. Lá você pode pegar grátis um mapa de Nova Delhi.
- OK, obrigado. Vou lá depois.  - respondi, já achando que ele ia querer me oferecer algum city tour ou uma corrida de tuc tuc.

A grande verdade é que fica difícil saber nas ruas da Índia quem é tout querendo ganhar dinheiro em cima de você e quem está apenas querendo ajudar sem nenhum interesse por trás. Claro que ignorei os conselhos do "possivel tout" e continuei rumo ao metrô.

Lojas de roupas:


Subi o viaduto que passa por cima da linha do trem. Alguns mendigos ocupavam a calçada.


O trânsito caótico em frente a estação ferroviária de Nova Delhi. Foi neste lugar que desembarquei ontem a noite vindo de Agra e peguei o riquixá para o hotel. 



Uma carroça puxada por um boi passando no viaduto: 



Fui abordado novamente no viaduto por outro indiano. O engraçado é que o diálogo foi exatamente o mesmo que tive com o primeiro tout, como se eles seguissem um script. Ele ficou de "sombra" atravessando o viaduto comigo até o outro lado. Ignorei os conselhos dele, e fui andando sem rumo procurando a estação de metrô.

Chegando no outro lado do viaduto:


Forte cheiro de urina vindo de um mictório público:



Barraca de sucos:


Tentei encontrar a estação de metrô caminhando por alguns quarteirões, mas não consegui encontrá-la. Como as ruas não tem placas com o nome, fica difícil se orientar. Mais dois “touts” me abordaram, e ficaram querendo colocar medo em mim dizendo que era perigoso e que eu deveria andar no tuc tuc deles. Não vi nenhum ocidental andando por aquelas ruas. De qualquer forma, não vi perigo algum. A única coisa meio estranha é que as pessoas na rua me olhavam o tempo todo como se eu tivesse 3 cabeças, mas em todos os lugares da Índia onde pisei foi assim, desde o primeiro dia. Perguntei para um casal que estava passando onde ficava a estação de metrô, e eles me explicaram. Finalmente consegui achá-la:


O metrô de Nova Delhi é bom, apesar de estar quase sempre cheio. Tem 4 linhas, e mais outras estão em contrução. Para os turistas é bem útil para visitar algumas atrações que ficam  afastadas, alem de fugir do trânsito caótico dessa cidade.




O caixa automático para comprar passagens não estava funcionando, então tive que encarar uma fila enorme na bilheteria. A estação estava bem movimentada ao meio-dia. Não queria nem imaginar como era na hora do rush. 



Várias pessoas furavam a fila, e ninguém ligava. De vez em quando aparecia alguém lá na frente da fila e metia a mão com o dinheiro da passagem no buraco do guichê, furando a fila na maior cara de pau. Quando faltavam umas 4 pessoas para chegar a minha vez, o atendente colocou uma plaquinha escrito “closed” no guichê e sumiu. As pessoas estranhamente continuaram na fila como se nada tivesse acontecido. Mudei para uma outra fila muito menor e consegui comprar a passagem rapidamente. As pessoas continuavam imóveis lá na mesma fila sem atendente. Será que eles tinham um fé infinita de que o atendente apareceria novamente ? Acreditavam que trocar de fila dá azar ? Ou era preguiça ? Não consegui entender. Certas coisas parecem não ter explicação na Índia, pelo menos na lógica ocidental.

Como nada é simples na Índia, o preço da passagem é diferente de acordo com a estação de destino. Paguei 8 rúpias (R$ 0,35) para andar duas estações. Muito barato. A passagem é uma ficha que precisa ser guardada durante a viagem e utilizada na roleta para desembarcar. Desta forma é feito o controle da tarifa. Se o passageiro pagou um valor abaixo do esperado para o deslocamento, ao depositar a ficha na roleta, não conseguirá desembarcar, e terá que pagar uma multa. 







Fui tirar uma foto, e apareceu mais um indiano puxando conversa:



- Olá. De onde você é ? 

- Brasil. 

- Que legal, bem-vindo à India. 
- Obrigado.
- É proibido tirar fotos no metrô. Cuidado. 
- É mesmo ? Não sabia. Obrigado por avisar. 
- Para onde você quer ir ?
- Para o Lal Qila. Vou descer na estação Chandi Chowk.
- É muito perto daqui. Você poderia ir caminhando. Não precisava ir de metrô. 
- Hum, não sabia. Bom, agora já comprei a passagem. Vou de metrô mesmo.  
- Cuidado lá. Hoje não é um bom dia para ir ao Lal Qila. Está acontecendo um protesto enorme contra a alta do custo de vida. Está tudo muito caro. Tem muita gente lá, então cuidado com os ladrões de carteiras no meio da multidão.
- Ok. Obrigado - respondi, achando graça do protesto contra os "altos preços". Se tudo é tãããão barato aqui, fico imaginando então como era antes. 
- Em vez do Lal Qila, você precisa ir para a Connaught Place, um lugar bom para estrangeiros, com muitos restaurantes e agências de turismo. 

Esse tal de Connaught Place que todo mundo fala deve ser algum lugar "pra gringo" com preços acima da média e ainda mais touts enchendo o saco. 

Em todas as estações de metrô, para embarcar na plataforma tem que passar pela fila do detector de metais. Bolsas, malas e mochilas passam por um raio-x.  Tudo isso torna o embarque bem demorado.



Aviso com multas por violação de regras. É até engraçado saber que você é multado se cuspir, sentar no chão, viajar bêbado ou viajar no teto do trem (oi ?!).





O trem do metrô era limpo, novo e com ar condicionado. Um oásis. Estava cheio, mas nem tanto. Na hora do rush dizem que fica impraticável. Há um vagão reservado apenas para mulheres. Eu era o único ocidental no meu vagão.

Desci na estação Chandni Chowk. Por causa da fila na bilheteria e para passar no detector de metais, gastei 40 min para andar duas estações. A pé talvez tivesse sido mais rápido.

Esta região pertencia a Shahjahanabad, antiga cidade medieval cercada por muralhas. Foi fundada no século 17 pelo xá (imperador) Jehan, responsável também pela construção do Taj Mahal. A capital do Império Mogol foi transferida de Agra para Shahjahanabad em 1638. Atualmente Shahjahanabad é conhecida como “Old Delhi”. Apenas uma parte das muralhas foram preservadas. Dos 14 portões que existiam, apenas 5 foram preservados.

O Chandni Chowk é a antiga rua de comércio que existe desde a época de Shahjahanabad. Desde então, pouca coisa mudou. 


Uma praça com mendigos no gramado:




Um templo hindu dedicado a Krishna:



Ao sair da estação, touts me ofereciam passeios de riquixá. 

A região tinha muitos camelôs nas ruas e um comércio variado. As ruas eram muito sujas e cheias de gente, com edificios muito antigos e mal cuidados, quase em ruinas. 




Um templo da religião sikh. Na entrada dele havia pias onde as pessoas lavavam o rosto. Tinha que entrar descalço e lavar os pés num pequeno tanque no chão. Algumas pessoas também lavavam o rosto com esta “água de chulé”.







Fui seguido por um dono de riquixá que virou minha "sombra" durante um bom tempo. Esse era osso duro de roer. Não consegui nem por decreto me livrar dele, mesmo deixando suas perguntas sem resposta e deixando-o falar sozinho.

Caminhei em direção o Lal Qila, antiga fortaleza construída para proteger Shahjahanabad. O “sombra” foi me seguindo até a entrada da fortaleza e disse que ia ficar me esperando na porta. Eu duvidava que ele realmente ficaria lá plantado por 2h.

Rua em frente ao Lal Qila, com muitos riquixás e tuc tucs. Não havia nenhum protesto em frente a fortaleza. Foi mentira do cara que puxou conversa comigo no metrô. 



Entrada separada por sexo:





Pátio de entrada do Lal Qila:



O ingresso custou 250 rúpias (R$11). Dei uma nota de 1000 rúpias e o caixa me deu 250 de troco. Quando eu contei e vi que estavam faltando 500 rúpias, o caixa fez uma cara de sonso e deu mais 500 de troco. Muita gente deve cair nesse golpe, pegando rapidamente o troco sem conferir. Brahma castiga !!


  

Campanha por limpeza:


O Lal Qila também é conhecido como “Red Fort” por causa da sua coloração avermelhada:




O pátio lotado de turistas. A grande maioria é formada por indianos de outros estados. São poucos os turistas estrangeiros.




Mapa da fortaleza:



O Lahore Gate, entrada principal da fortaleza:





Chatta Chowk, região de lojas que antigamente vendiam jóias e artigos de seda para a nobreza. Hoje em dia os compradores são os turistas.






Naubat Khana, onde músicos anunciavam a chegada do imperador:




Um museu dentro do Naubat Khana:





Diwan-i-Khan, o hall de audiências públicas:




Mumtaz Mahal, o palácio onde ficavam as mulheres da realeza:




Khas Mahal, o palácio privado do imperador:



Jardins da fortaleza:


Os casais indianos mantem-se discretos e não demonstram afeto em público. Nem mesmo andam de mãos dadas. 



Muitos esquilos no jardim:





Os jardins eram cortados por uma rede de canais que distribuiam água pelos palácios.



Dentro dos palácios existiam pequenos tanques d'água que ajudavam a manter a temperatura interna mais baixa.


A grande quantidade de tuc tucs e motos circulando pelas ruas de Nova Delhi tormam a cidade muito poluida. As indústrias existentes dentro da cidade agravam este problema. É comum ver pessoas andando com máscaras cirúrgicas pelas ruas por causa da poluição.


Torneiras de "drinking water". Não tive coragem de beber dessa água.


Ao sair do Lal Qila, o “sobra” estava me esperando, contrariando todas as espectativas. O engraçado é que fui abordado na saída por vários outros touts querendo me oferecer passeios de riquixá, mas o “sombra” dispensou todos eles, como quem diz “sai pra lá que esse aí é meu, achei primeiro”, ehehhe. Ele ofereceu um passeio de uma hora por Old Delhi por 100 rúpias (R$4,30). Era tão barato que nem barganhei. Me sentiria um explorador mesquinho se quisesse economizar R$0,50 ou R$1,00, considerando que isso vale muito para aquele pobre indiano que estava prestes a me carregar durante uma hora debaixo de sol forte pelas ruas apertadas da região. Ele me seguiu por quase meia hora e ficou me esperando por 2h na porta da fortaleza para ganhar tão pouco dinheiro. Devia ser alguém muito pobre mesmo. Acabei aceitando fazer o passeio, mais por caridade que por vontade. Era a minha boa ação do dia. Avisei que aceitava o passeio por 100 rúpias, desde que ele não me levasse para nenhuma loja, e não viesse querer me cobrar mais que isso no final. Fiz isso porque esses caras de riquixás e tuc tucs adoram levar os turistas para lojas onde eles recebem comissões. Enquanto negociávamos, vários outros donos de riquixás com uma aparência muito humilde assistiam a cena com uma pontinha de inveja.

Começamos o passeio pela Chandni Chowk. A rua estava intransitável, com riquixás, tuc tucs, carros, motos, carroças, vacas, e gente, muita gente disputando cada centímetro e desafiando as leis da física.













Vídeos que gravei no riquixá:




O Town Hall (prefeitura):


Fizemos uma parada no Spice Market (mercado de especiarias). O cara desceu e foi caminhando comigo me mostrando as lojas.

Diversos tipos de chá:


Amendoas, nozes, castanhas, anis e outros produtos:


Pimenta:


Algum tempero que não sei o que é:


Eu voltando para o riquixá:


Ao subir no riquixá, o dono pediu para eu dar uma gorjeta de 20 rúpias (R$0,90) para o "flanelinha" que tinha tomado conta do riquixá enquanto estávamos no Spice Market.


A região é toda setorizada. Cada rua é especializada em alguma coisa. Tem a rua das especiarias, a rua dos livros, a rua dos calçados, a rua da seda, a rua dos saris, a rua das peças de automóveis, etc.

Rua dos calçados:


Rua dos saris:



Rua dos livros:


Calendário com a imagem de Krishna:


Entramos numa rua que estava toda engarrafada. O trânsito estava parado já tinha alguns minutos. Já havia dado uma hora de passeio, que foi o combinado. Preferi descer antes que o cara do riquixá quisesse me cobrar algum dinheiro extra. Ele disse “ok, mas o trânsito vai andar”. Impossível, pensei.  Como num passe de mágica, o engarrafamento acabou logo depois que desci do riquixá e a rua ficou livre. Certas coisas na Índia parecem mesmo não ter explicação. 


Emaranhado de fios nos postes:


Carroceiros descarregando produtos na rua:


Cabras na rua:


Rua dos mecânicos. Tinha uns caras desmontando motores no meio da rua:


Oficina com peças até o teto:


Abatedouro:    


A Jama Masjid é a maior mesquita da Índia. Foi construida na durante o reinado do xá Jehan, no século 17. Apenas 13% da população indiana é muçulmana. 80% é hinduísta. Em Nova Delhi, os muçulmanos se concentram em Old Delhi. 

A entrada é gratuita, mas para poder tirar fotos por dentro, tem que comprar um ingresso de 300 rúpias (R$13).



Deixando o sapato na porta:




Pátio central:








Tanque no meio do pátio:



Algumas muçulmanas estavam cobertas com véu, e outras se escondiam atrás de burcas. Liam sentadas o alcorão balançando o corpo para a frente e para trás, como se estivessem recitando um mantra. 



Um vídeo que gravei com o momento da chamada para a oração:




Tanques para lavar os pés:



Portão principal da mesquita:


Interior da mesquita:


Sentei um pouco para descansar numa mureta e fiquei praticando "people watching", observando a diversidade humana que passava pelo pátio da mesquita.

Cabelo pintado de "acaju" parece ser moda entre os homens indianos mais velhos:


A maioria das indianas hindus usa os tradicionais saris, principalmente as mais velhas. As muçulmanas cobrem a cabeça com um véu, e uma minoria usa burca. Vi algumas indianas mais novas usando roupas ocidentais (calças), mas nunca deixam as pernas à mostra. Saias curtas ou shorts, jamais. 


Seja rico ou seja pobre, os homens indianos usam sempre o uniforme nacional: camisa social com manga comprida, calça jeans ou calça social e sandália de couro. 


Homens muçulmanos usam um jaleco branco e um chapéu estilo "Habib's":



Uma coisa estranha que reparei é que os indianos não usam óculos de sol, mesmo com o sol forte que faz aqui.

Um grupo de turistas mulheres usando uma capa para cobrir o corpo:


O Lal Qila visto da mesquita:


Vista do alto da mesquita:



Jovens jogando "pelada" de cricket num terreno baldio ao lado da mesquita:




Muitos camelôs em frente a mesquita. Policiais indianos carregando cassetetes enormes de madeira (com mais de 1 metro) observavam atentos aos que passavam. 


Roupas de meninas:


Fui jantar no tradicional restaurante Al Jawahar, de cozinha mogol, típica do norte da Índia.




O restaurante funciona do mesmo jeito que era na época dos mogóis na Idade Média: a cozinha fica na calçada, na entrada do restaurante. A grelha onde os frangos são assados:




O funcionário preparando a massa do pão naam:


Panelas cozinhando arroz e outros pratos:


Só tinha eu de turista no restaurante. Isso quer dizer que eu escolhi o lugar certo, comendo onde comem os locais. :-)


Comi um “chicken taandori” (frango assado com molho picante) e arroz. Muuuito bom !!


 Naam, o pão típico indiano:


O naam vem sempre acompanhado de green chutney, este molho verde feito de coentro, menta, gengibre e pimenta.





Enquanto jantava, passou um funcionário agachado limpando o chão com as mãos, com a ajuda de um pano úmido. Não apresentaram o rodo ainda para os indianos ?!

Ao pedir a conta (395 rúpias = R$17), como de costume na Índia, trouxeram este prato com sementes de anis e pedras de açucar para serem mascados. Isso ajuda a amenizar a ardência da pimenta na boca. 


Uma coisa que achei irritante aqui: nenhum banheiro tem papel-toalha nem secador para as mãos. Nos banheiros públicos, restaurantes, museus, ou bares, você tem que secar as mãos na camisa. E papel higiênico, diga-se de passagem, também não é usado aqui.

Passei em frente a estação de metrô onde havia desembarcado (Chandni Chowk) , e tinha uma fila enooooorme para entrar nela. Não queria nem pensar como deviam estar os vagões. Resolvi voltar a pé pro hotel.

Já havia anoitecido, mas as ruas estreitas de Old Delhi ainda estavam entupidas de gente, tuc tucs e riquixás.


Pão com alguma coisa estranha sendo vendida na rua:


Krishna numa parede:


Doces indianos:


Uma coisa curiosa que observei é que não existe vendedora mulher aqui. Apenas homens trabalham nas lojas. Até mesmo nas lojas de roupas femininas (como saris) há somente vendedores homens, e sempre tem muitos vendedores. Passei por umas lojas bem pequenas que tinham diversos vendedores sentados conversando descalços no chão, formando círculos. É necessário deixar os sapatos na porta para entrar nestas lojas.

Ajmeri Gate, um dos portões que serviam de entrada para Old Delhi quando ela era cercada por muralhas na Idade Média:


Foi um custo conseguir encontrar a direção correta no meio daquele caos, já que as ruas não tinham nenhuma placa indicando o nome, mas depois de perguntar para algumas pessoas pelo caminho, consegui chegar na estação ferroviária de Nova Delhi:



Ruas de Paharganj, o bairro onde fica meu hotel:




Comprei biscoitos, água e suco de manga (95 rúpias = R$4). Enquanto estava escolhendo os biscoitos, o enésimo tout do dia se aproximou e seguiu o script de sempre: perguntou de onde eu era, o que tinha conhecido na Índia, quantos dias vou ficar aqui, e quis me oferecer um “very cheap hotel”. Dispensei. Tem que ter muita paciência.

Voltei pro hotel.  Na hora de tomar uma ducha, a água não esquentou (novidade...) Outra coisa desagradável aqui é que os quartos só são limpos depois que você faz o checkout. Como os banheiros nunca tem box, depois de alguns dias já dá pra imaginar o lamaçal que fica o chão.

Na TV, mullheres de saris coloridos conversavam animadas:



Um comentário:

  1. Algumas coisas que a Índia me faz refletir:

    a) Se concentração social e pobreza por si só gerassem revoluções a Índia teria uma por ano;
    b) Uma democracia com mais de um bilhão de habitantes é inviável;
    c) O trânsito caótico é o futuro do Brasil no final do século XXI;
    d) Não há razão diretamente proporcional entre violência e miséria, a Índia é muito mais pobre, porém, mais segura.
    e) A espiritualidade do dia-a-dia não reduz a corrupção;
    f) Os motoristas de tuc-tuc e riquixás provavelmente são empregados de alguma máfia com braços políticos.
    g) Por que eles estão sempre de camisa comprida mesmo com o calorão?

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