domingo, 18 de julho de 2004

[Mochilão 1] Dia 19: Buenos Aires - Rio

Cheguei em casa as 9 da manhã. Depois, a noite, liguei pro Novello, que já tinha chegado no Rio, pra saber como tinha sido o desfecho da noitada. Fim de jogo !! Viagem sensacional que vai deixar saudades !

sábado, 17 de julho de 2004

[Mochilão 1] Dia 18: Buenos Aires

Acordamos às 3 da tarde e saimos pra aproveitar último dia da viagem. Almoçamos no La Estancia, uma churrascaria tradicional que fica na Calle Lavalle. O detalhe é que as churrascarias na Argentina não tem rodízio, somente à la carte. Pedimos uma parrillada, que é um "combinado" com difersos cortes de carne de nomes estranhos: Asado de Tira (costela), Bife de Lomo (filé mignon), Bife de Chorizo (contra-filé), longanizas (linguiças), morcilla (chouriço), e mais outros cortes não identificados. Apesar de não ter tantas guarnições como nas churracarias do Brasil (tem que ficar pedindo à parte), achei muito boa a carne. Fomos depois visitar o básico da cidade: caminito, Plaza de Mayo, Casa Rosada, Congresso, Plaza San Martin (monumento aos soldados das Malvinas) e Puerto Madero.

Obelisco:
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Caminito:

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Casa Rosada:

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Barrio Norte:
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Plaza San Martin:

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Já havia anoitecido. Voltamos pro albergue e fomos nos arrumar pra última night da viagem. Liguei pra Carol, que me chamou pra uma festa no Asia de Cuba, um bar/boate em Puerto Madero. Chegamos lá perto de 1h da manhã (sim, tudo lá começa mais tarde !). Entramos, demos uma olhada, mas não encontramos com ela. Como não estava com o celular dela, desistimos de encontrar com ela e partimos pro plano B: a imponente boate Opera Bay, que ficava ali mesmo em Puerto Madero. Olhando de fora, a arquitetura do lugar lembrava um pouco a Opera de Sydney, e ainda tinha umas luzes coloridas. Muito bonita. Tinha uma fila na porta, várias gatas, e um segurança controlando a entrada. Ao chegar nossa vez, ele pergunta: "Lista de quien ?" Respondemos, em português mesmo "Lista de ninguém". Ele ficou olhando pra gente, meio sem entender, e perguntou: "Brasileros ?" "Sim, respondemos". Ele deixou a gente entrar como se tivesse nome na lista ! O lugar dentro era bem grande, mas não ficamos nem meia hora lá dentro, porque logo vimos que era meio figuração, e que não ia dar muito resultado. Partimos pra boa e velha Sahara. Estava lotada. Conheci uma argentina logo no inicio. Tive que ir embora cedo, pois meu vôo era às 5H. Me despedi do Novello, fui buscar minha bagagem no albergue e peguei um taxi pro aeroporto.

sexta-feira, 16 de julho de 2004

[Mochilão 1] Dia 17: Santiago - Buenos Aires

Fui acordado pelo Novello, que estava em pânico, porque o celular não despertou e estávamos atrasados. Ele só acordou porque o gringo que estava na outra cama do nosso quarto fez barulho. Ainda tínhamos que ir pro outro albergue buscar a nossa bagagem. Fomos voando pra lá, eram vários quarteirões de distância. O Novello estava muito atrasado pra pegar o vôo. Me despedi dele, e fui dar uma volta no Cerro Santa Lucía, um pequeno morro próximo do centro, que também tinha uma vista bonita pra cordilheira.

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Depois peguei um ônibus que foi seguindo uma avenida em direção a cordilheira, passando pelos bairros de Providência, Vitacura e Las Condes. Desci em Las Condes, praticamente aos pés das montanhas. As estações de esqui estavam a poucos quilômetros dali, subindo por estreiras e ingremes estradas. O bairro era muito bonito, só de casas de alto padrão.

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Voltei pro albergue, peguei minha bagagem e fui pro aeroporto.

O Chile fica na memória como um país de paisagens maravilhosas, limpo, organizado, seguro, com pouca pobreza e um povo muito educado e receptivo. Em nenhum momento fui abordado por crianças maltrapilhas vendendo chicletes. Não fomos abordados por vendedores de amendoim e nem por jovens engraxates nos bares. Não vi familias dormindo nas ruas em cima de pedaços de papelão, camelôs ocupando as calçadas, policiais com fuzil na mão, carros avançando sinal vermelho ou estacionados em cima das calçadas, flanelinhas, vans infestando as ruas com bandalhas, nem gente pedindo esmola. Vi sim um povo que vive com muita dignidade, em um país quase europeu, e muito pouco latino-americano. É sem dúvida um modelo para a América Latina, e nos dá esperança de que um dia o Brasil chegue lá também.

Cheguei em Buenos Aires as 11 da noite, e minhas amigas argentinas (Laura e Carol) tinham ido lá no aeroporto me buscar. Essa noite estava fazendo um frio de rachar em Buenos Aires, apenas 2 graus. Elas me levaram pro albergue (Milhouse Hostel), que ficava numa das principais ruas do centro da cidade, a Hipólito Yrigoyen (ou "chirigóchem", como dizem os argentinos). Elas ficaram esperando na recepção enquanto eu tomava um banho e trocava de roupa. O Novello estava dormindo quando cheguei no quarto. Passou o dia inteiro dormindo. Nos arrumamos e fomos os quatro pra Recoleta. A noite de Buenos Aires encanta pela energia que tem. Muita gente nas ruas, muito agito, vários bares, restaurantes e boates lotados até tarde. É normal as pessoas sairem pra jantar depois das 22h, e só pensar em entrar em alguma boate lá pelas 2 da manhã. A noite nas boates de lá costuma bombar até o sol raiar. Comemos no McDonald's, e chamamos as meninas pra sair com a gente, mas elas tinham que acordar cedo no dia seguinte, e não podiam ir. Nos despedimos delas e fomos pra night. Mal saímos do McDonald's, e fomos abordados por várias crianças vendendo chicletes. Realmente não estamos mais no Chile. A pobreza na Argentina é bem mais aparente que no Chile, ainda que seja muito menor que no Brasil. Fomos pra Sahara, uma boate muito louca com 3 andares de frente pro cemitério da Recoleta. Ao entrar pelo primeiro andar, não acreditei no que vi: lambaeróbica (Tchakabum - "Olha a onda"), com direito a dançarino brasileiro em cima de um pequeno palco convidando as moiçolas mais sapecas a dançar com ele. O cara falava um portunhol muito do fajuto, era maior comédia. Ver as argentinas tentando imitar a coreografia foi sem preço ! Várias gatas, tava bombando. Uma coisa é certa, as argentinas ganham de goleada das chilenas. Que diferença ! Saimos de lá às 5, e ainda estava cheio.

quinta-feira, 15 de julho de 2004

[Mocihlão 1] Dia 16: Santiago

Chegamos em Santiago no final da tarde, e fomos pra um outro albergue chamado Londres, na rua de mesmo nome, no bairro de Providencia. Esta é uma foto da rua:

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Não era bem albergue, lembrava aqueles hotéis antigos e bem simples que tem na Lapa. O quarto era grande, mas bem simples, e o banheiro era coletivo. Tomamos uma ducha e fomos aproveitar a última night chilena dessa viagem. Fomos pra Av Suécia de novo, e entramos numa boate chamada Green Bull, que ficava do lado do Red Bull, que havíamos ido antes. Estava bombando. o DJ de repente abaixou a música e começou a convidar "Las candidatas para el concurso de la braga". "Braga" é calcinha em espanhol, só lembrando. Eu e Novello não acreditávamos no que estávamos vendo. A primeira candidata subiu no balcão do bar, e começou a rebolar o seu pouco avantajado traseiro, meio desengonçada, mostrando o cofrinho e a calcinha sapeca brotando pra fora da calça jeans. A galera foi ao delírio. Veio a segunda candidata, bem melhor, e digamos, bem mais ousada. Ganhou de goleada e foi ovacionada por todos. Voltou a música normal, e todos continuaram a dançar como se nada tivesse acontecido. Deve ter sido só uma pausa pra descontrair. Começou a tocar umas salsas chilenas meio doidas, e dançamos com umas muchachas locais. Conheci uma chilena bem gente boa, que ficou me ensinando uns passos de salsa. Misturei com o pouco que sabia de forró, e a mistura deu certo :-). Saimos as 5 da manhã, pois os carabineros como sempre cortaram o barato da festa. Voltamos de ônibus, como todo mundo fazia. Ao chegar no albergue, a surpresa: ele estava fechado e só abria as 7 da manhã ! Só faltava essa. O que íamos fazer ? Ficar 2 horas na calçada congelando com um frio de 2 graus ? Resolvemos ir pro outro albergue que tínhamos ficado antes, o Hostelling International, só pra dormir, sem bagagem nenhuma. No meio do caminho, paramos pra comer um "podrão" numa carrocinha na calçada. Para nossa surpresa, o sanduíche tinha recheio de abacate (ou palta, como eles chamam). Tudo lá leva essa pasta verde. Chegamos no albergue. O Novello tinha que acordar às 11h, pra pegar o vôo pra Buenos Aires. O meu vôo era só a noite. Coloquei meu celular pra despertar e fomos dormir.

quarta-feira, 14 de julho de 2004

[Mochilão 1] Dia 15 - San Pedro de Atacama - Santiago


Nosso último dia em San Pedro. Acordamos meio tarde. Tirei esta foto do nosso albergue:

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No corredor do nosso quarto encontramos as paulistas que haviamos conhecido, e um francês. Uma das paulistas contou a epopéia dela pra chegar lá. Foi de ônibus pra Corumbá-MS, depois na Bolívia pegou o Trem da Morte até Santa Cruz de la Sierra, horas e horas de ônibus por estradas precárias até La Paz, depois Uyuni, e mais uma travessia tortuosa e cansativa de jeep pela Cordilheira dos Andres até San Pedro. Falou que chegou a pegar -20 graus de frio na Bolívia. Não sei se teria coragem de enfrentar tanto perrengue em sequência. O francês contou que estava no Chile para conhecer e avaliar os vinhos chilenos.
Quem diria. Fomos almoçar num pequeno restaurante, mostrado na foto abaixo.

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Era muito rústico e barato. O garçom era muito simpatico e nos tratou muito bem ao saber que éramos brasileiros. Comemos uma lentilha com frango e legumes que estava muito boa. Aproveitamos o resto da tarde pra dar uma volta pela cidade.

Uma simpática praça:

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Igreja do século 16:

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Conhecemos o Museu Arqueológico de San Pedro, onde pudemos conhecer um pouco da cultura dos atacamenhos que viviam ali há 5000 anos (mesma época dos faraós egipcios), incluindo múmias, lanças, cerâmicas e fragmentos de roupas.

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No final da tarde, fomos pegar o ônibus e iniciamos nossa longa jornada de 24 horas de volta pra Santiago.

terça-feira, 13 de julho de 2004

[Mochilão 1] Dia 14 - San Pedro de Atacama

Madrugamos hoje às 4:30 da manhã. O frio era intenso, abaixo de zero. A van estava esperando a gente no albergue e partimos em direção aos Geisers del Tatio, a principal atração turística do deserto do Atacama. Viajamos cerca de 100km por estradas esburacadas numa van lotada de gringos, subindo a 4300m de altitude. Quando chegamos, ainda estava escuro. Ao sair da van, fiquei na dúvida se não havíamos sido teletransportados para Marte. Dificil descrever só com palavras o que estava diante dos meus olhos. Em meio a escuridão, ao ar rarefeito e ao frio intenso de -5 graus, estávamos num platô com dezenas de buracos no chão, dos mais diversos tamanhos, de onde jorrava água quente e saía uma fumaça o tempo todo, com um cheiro estranho.

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Não podia ser o planeta Terra. Nenhum sinal de vida, a não ser os turistas que saiam às pencas das vans que não paravam de chegar. Começou a amanhecer. O cenário ficou mais incrível ainda com sol ainda tímido querendo aparecer no horizonte.

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Os geisers são formados por águas de rios subterrâneos que entram em contato com a lava do vulcão Tatio e fervem, sendo expelidas pra superfície.

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Apesar de ser bonito, não podíamos nos aproximar muito dos buracos maiores, que eram verdadeiras crateras, pois o risco de uma erupção repentina de água fervendo sempre existia. O guia nos contou que um turista havia morrido ali há pouco tempo por tropeçar e cair num buraco daqueles. No lugar havia também uma piscina de águas termais, mas não havíamos levado roupa de banho.

Veja alguns vídeos que gravamos no local:



Mais tarde a van nos levou de volta pra San Pedro, mas antes fez uma parada rápida em um pequeno vilarejo, onde o Novello comeu carne de Lhama. No caminho vimos também vicunhas, que também são comuns na região.
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De volta a San Pedro, demos uma descansada no albergue de tarde. A noite saímos comer algo, e depois fomos pra noitada. Caminhando pelas ruas empoeiradas, encontramos um bar que tinha uma pista tocando musica eletrônica. Tomamos uma cerveja lá, e conhecemos mais dois brasileiros (paulistas, pra variar, hehe). O lugar tava meio vazio, tinha só umas chilenas meio marrentas. Os paulistas disseram que conheciam outro lugar melhor, e fomos com eles pra lá. Esse outro bar era bem melhor, estava mais cheio e animado. Tocava música eletrônica tambem. Tinha umas gringas soltas por lá, nada muito interessante. Quando estava no melhor da festa, o DJ desligou o som, as luzes foram acesas, e o gerente do bar pediu pra todos se retirarem. Já estava quase esquecendo que estava no Chile. Os carabineros (polícia chilena) haviam entrado exatamente as 2 da manhã, cortando o barato da galera. Não tinha jeito, game over, viramos todos abóbora. Nessa hora bateu uma saudade do Brasil. Era a hora em que qualquer night estaria bombando no Rio. Voltamos meio frustrados pro albergue e cama.

segunda-feira, 12 de julho de 2004

[Mochilão 1] Dia 13: San Pedro de Atacama

Conhecemos no albergue duas paulistas, e fomos todos juntos conhecer o Salar del Atacama, que fica a 55 Km de San Pedro. O lugar é impressionante. Kilometros e kilometros de pedras de sal indo até o horizonte, com pequenos lagos cheios de flamingos. A paisagem é única, de um branco intenso contrastando com o azul do céu.

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Esta região era imenso lago de águas salgadas, que secou com mudanças climaticas que aconteceram há cerca de 13 mil anos, e por isso o sal ficou depositado nesta região. Depois fomos conhecer as Lagunas Altiplanicas, que ficam a impressionantes 4500m de altitude. Estas lagoas são formadas a partir do degelo da neve da cordilheira. A paisagem formada pelas águas azul turqueza das lagoas aos pés dos vulcões da Cordilheira dos Andes, no meio do deserto, é uma das mais bonitas que já vi na minha vida. Era algo surreal. Os olhos custavam a acreditar no que estavam vendo.

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No caminho de volta, paramos num pequeno vilarejo chamado Tacanao. Estávamos com um grupo de chilenos na van, e o guia nos levou pra uma casa rústica, onde cozinheiras da própria região prepararam o almoço, que foi delicioso. Depois fomos conhecer um pouco mais do vilarejo, onde ele mostrou o sistema de irrigação que o governo chileno implantou no local, e também uma loja de souvenirs, onde tiramos foto com umas lhamas.

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O vilarejo era bem rústico, seus habitantes eram pessoas simples, mas não se via miséria. Não vi sofrimento naqueles rostos com traços indigenas. Vc percebia que as pessoas viviam com dignidade, ao contrário do que acontece no sertão nordestino. Voltamos pro albergue e fomos dormir cedo, pois no dia seguinte teriamos que acordar as 4:30 da manhã para outro passeio.

domingo, 11 de julho de 2004

[Mochilão 1] Dia 12: San Pedro de Atacama

Acordei com o "comissário de bordo" abrindo as cortinas das janelas e trazendo o nosso café da manhã. O ônibus não iria parar mais até o destino final, simplesmente porque não havia onde parar. Era tudo deserto. E era verdade, olhando pela janela, parecia que estávamos num outro planeta. Só havia areia e pedra. Nenhum sinal de vida.

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O céu era de um azul profundo que impressionava. Nenhuma nuvem. Estávamos no lugar mais árido do planeta. Em nenhum lugar do mundo chove tão pouco como lá. Tamanha aridez é causada pela corrente de Humboldt, que esfria as águas do Oceano Pacífico, e não permite que nuvens úmidas consigam chegar às altitudes elevadas do deserto.

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San Pedro de Atacama fica a 2.400m de altitude e é quase um oasis no meio da imensidão de pedra e areia do deserto. O ônibus fez uma parada na cidade de Calama, depois finalmente chegamos a San Pedro de Atacama, por volta do meio-dia. Ao descer do ônibus, a primeira surpresa: não estava quente ! Sempre imaginamo o deserto como aquele lugar insuportavemente quente, mas faziam agradáveis 20 graus. Isto é porque estávamos no inverno, pois no verão aquela região fica realmente quente. Fomos procurar um albergue que haviamos visto no nosso guia. Tudo na cidade era bem simples e rústico. Quase nenhum carro transitando pelas ruas, casas de adobe (feita de barro e palha), ruas de terra, e uma simpática praça com uma igreja do século 16, talvez a mais simples que já tenha visto. Com apenas 3000 habitantes, parecia um pequeno vilarejo perdido no meio do sertão nordestino. Me identifiquei de cara com o lugar, pois era bem autêntico, rústico e pitoresco. Achamos o albergue, que se chamava Residencial Corvarch. A dona nos recebeu, e para nossa surpresa, era brasileira, casada com um chileno. Pagamos apenas 5000 pesos por dia (US$7). Nos apresentou o quarto, e recomendou que economizássemos água ao tomar banho, pois era bastante escassa na região. E ainda avisou que a luz elétrica era cortada as 22H, pois era gerador. Era assim em toda a cidade. Parecia uma volta ao passado. E por isso mesmo, tudo era incrivelmente autêntico. Estávamos vivendo como viviam os atacamenhos. Se no lugar daquele vilarejo, os chilenos tivessem construído uma cidade como Las Vegas, com vários mega resorts, cassinos, etc, etc, não seria nada autêntico. Saimos do albergue e fomos logo numa agência de turismo comprar uns passeios. Fomos conhecer o Valle de La Luna. O lugar realmente nos fazia sentir que estávamos na lua. Não havia nenhum sinal de vida, apenas pedra, areia e céu.

O vulcão Licancabur, dividindo o Chile da Bolívia:

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Os canyons do Valle de La Luna:

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Próximo dali, conhecemos o Valle de La Muerte, que tem este nome devido a falta de vida. Paisagens fantásticas.

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Um dos lugares mais interessantes que visitamos ali foi uma pequena caverna que tem sal revestindo as paredes, provando que aquela região já foi um imenso lago há milhares de anos. Tiramos fotos incríveis em cima de dunas e de formações rochosas, com a imensidão do deserto ao fundo. No horizonte era possível ver a Cordilheira dos Andes com os seus vulcões, que tinham neve no topo, apesar da aridez do local.

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Voltamos pro albergue. A noite, San Pedro consegue ser ainda mais pitoresca. Os geradores são desligados, e a pouca iluminação vem das tochas e lampiões pendurados na ruas. Alguns restaurantes tem áreas ao ar livre, onde colocam fogueiras para os clientes se aquecerem. A temperatura a noite cai para 0 grau. O mais incrível é o céu estrelado. Com a pouca iluminação da cidade, e como as nuvens são raras naquela região, o céu do Atacama é espetacular ! É possível ver as constelações e diversas estrelas cadentes. O Atacama é muito procurado por astronomos e amantes dos astros justamente pelo céu que tem. Fomos tomar uma cerveja e comer algo no Café Adobe, onde conhecemos uma galerinha da França e da Holanda. Encontramos nesse mesmo lugar os paulistas que tinhamos conhecido no albergue em Santiago, fizemos uma social com a galera, mas a noite lá acaba cedo, e por isso voltamos pro albergue.

sábado, 10 de julho de 2004

[Mochilão 1] Dia 11: Santiago - San Pedro de Atacama

Acordamos meio tarde e fomos direto pra rodoviária pegar o ônibus pro Atacama. O ônibus saiu por volta do meio-dia, e tentávamos não pensar muito na distância total (1700Km), pois seriam 24H de viagem ! A medida que íamos avançando para o norte, a paisagem ficava cada vez mais árida.

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Quando estava anoitecendo, o ônibus fez uma parada na cidade de La Serena. Descemos para esticar as pernas e comer algo. Quando saímos da lanchonete, o susto: cadê o nosso ônibus ??? Entramos em desespero. Estávamos só com a roupa do corpo numa cidade desconhecida, sem nossos passaportes, e apenas com a carteira. Depois vimos mais uns turistas com cara de assustados. Eis que surge o nosso ônibus. Que alívio. Deve ter ido abastecer ou algo assim. E dá-lhe estrada. A noite chegou, e dava pra perceber que estávamos realmente num deserto. Olhando pra fora da janela, era escuridão total, só dava pra ver as estrelas e a lua. Não havia mais nenhum sinal de vida, de civilização, de nada. E também não cruzávamos com nenhum outro veículo na estrada. Depois de algumas horas, por fim, a civilização estava de volta, pra lembrar que ainda estávamos no planeta Terra. Foi uma pequena parada na cidade de Antofagasta, que fica no litoral. Nas próximas horas, iamos viajar continente adentro até o nosso destino final.

sexta-feira, 9 de julho de 2004

[Mochilão 1] Dia 10: Santiago

10 horas depois, de manhã, chegamos novamente a Santiago, e compramos logo nossa passagem (no melhor ônibus que havia) para San Pedro de Atacama, o principal destino turístico do norte do Chile. Essa é uma pequena cidade que fica a 1700km de Santiago, bem no meio do deserto do Atacama. Fomos pra um outro albergue, o Hosteling International, que também ficava no centro. Demos uma descansada durante o dia. De noite, fomos detonar o pouco que restava do nosso vinho de caixa (5L) que havíamos comprado em Pucón. Conhecemos no corredor outro grupo de paulistas (tinha que ser, né ?), e eles chamaram a gente pra fazer uma noitada em Vitacura, bairro nobre de Santiago, onde "tinha as balada com as mina da grana". Estávamos exaustos, resolvemos só tomar uma cerveja num bar no bairro de Providencia. Tomamos uma pitcher (1,5 L) de Cristal, também conhecida como "copo de liquidificador", e voltamos pro albergue dormir, pois no dia seguinte teriamos uma longa jornada até o Atacama. Quando voltamos, tava maior zona no corredor. Os paulistas tinham voltado da noitada alucinados e estavam tocando o zaralho. Tomaram um esporro de um dos hóspedes que estavam querendo dormir. Era realmente uma boa idéia ir pra cama.

quinta-feira, 8 de julho de 2004

[Mochilão 1] Dia 9 - Pucón - Santiago

Acordamos às 8 pra subir o vulcão, e a decepção: tempo encoberto. Resolvemos ir na agencia de turismo assim mesmo. Os paulistas também foram com a gente. Era o nosso último dia em Pucón, e sabe-se lá quando teríamos outra chance. Chegando lá, o guia disse que não valeria a pena subir, pois não veríamos nada, isso se conseguíssemos enxergar alguma coisa, pois nas proximidades do vulcão estava nevando muito, e nas condições normais a subida duraria 5 horas. Insistimos, explicamos que era a nossa última chance, e ele concordou. Recebemos uma roupa especial, um sapato de neve (com umas garras anti-derrapantes), gorro, piolet (uma espécie de picareta usada pra dar apoio na subida) e uma mácara de gás, necessária na cratera, pois o Villarica é um vulcão ativo, e a cratera tem um lago de lava que expele gases tóxicos. O guia contou que a última erupção de grandes proporções tinha sido em 1985. Ao descer da van, na estação de esqui, vimos que não seria mesmo fácil a subida, pois estava nevando muito, e o frio tinha aumentado.

Com os paulistas antes da subida:

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Um vídeo do Novello antes da subida:


Fomos seguindo o guia em fila indiana, e de tempos em tempos, dávamos uma parada para descansar. Um dos paulistas reclamava o tempo todo que não conseguia mais, que estava exausto. O guia foi parando toda hora por causa disso, pra ele descansar.
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Chegamos até um pequeno refúgio de madeira, onde paramos pra descansar e comer algo. Eu havia levado na mochila um sanduiche e uma garrafa d'água. O sanduiche virou pedra, e a água congelou. O guia falou que estimava a temperatura em -3 graus, com sensação térmica mais baixa. O vento não dava tréguas.

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Continuamos a subida, e depois de meia hora mais ou menos, o guia decidiu abortar a missão, porque a visibilidade havia caido muito e estávamos perdendo a orientação. Desdemos rapidamente e voltamos pra estação de esqui.

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Ficou um gostinho de "quero mais" por não termos conseguido subir, mas valeu a experiência. Este era o nosso último dia em Pucón. Nosso plano inicial era descer mais até Valdivia, e de lá para Puerto Varas, onde está o vulcão Osorno, mas recebemos a notícia de que estava chovendo muito no sul do Chile, e por isso decidimos ir para norte. Almoçamos na estação, voltamos pro albergue, fizemos o check-out, nos despedimos da galera que conhecemos lá, e fomos a noite pegar o nosso ônibus pra Santiago.