terça-feira, 11 de agosto de 2015

[Mochilão 14] Dia 1: Rio-Bogotá

Nada como acordar no primeiro dia das férias ! 

Levantei muito cedo, às 6h, quando os primeiros raios de sol do dia começavam timidamente a surgir por trás das montanhas:


Peguei o taxi rumo ao Galeão para embarcar rumo a Bogotá.

Embarcando às 8h no vôo da Avianca:



Deixando o Rio para trás:


O vôo até Bogotá teve duração de 6h:


No meio do caminho, a paisagem incrível da floresta amazônica com seu verde infinito e rios enormes:


Cheguei a Bogotá às 13h (-2h de fuso).

Após desembarcar, peguei uma mega fila para passar pela imigração, porque estavam chegando vários voos naquele mesmo horário. Fiquei quase meia hora na fila. Quando chegou a minha vez, o policial com cara de poucos amigos me perguntou o número do vôo e quantos dias ficaria na Colômbia antes de carimbar meu passaporte.

Depois de tanto tempo, o número do meu vôo já tinha até saído dos monitores das esteiras de bagagem. Tive que procurar por todas as esteiras até encontrar meu mochilão, que estava ali esquecido numa esteira desligada, junto com um monte de malas que aguardavam ansiosas pelos seus donos.

Troquei alguns poucos dólares que tinha na carteira por pesos colombianos numa casa de câmbio no saguão de desembarque do aeroporto. Foi onde achei a melhor cotação (2700 pesos por dólar). Troquei apenas o suficiente para o taxi e para pagar o hostel, já que a taxa nas casas de câmbio dos aeroportos é sempre ruim. Uma coisa meio estranha é que para trocar o dinheiro é necessário marcar o recibo com a impressão digital, após assiná-lo e apresentar o passaporte.

Uma nota de 10 mil pesos colombianos (R$13,50)


Fui abordado por um monte de taxistas no saguão de desembarque, que foram prontamente ignorados. Em Bogotá os taxis são como no Rio: os amarelos são os normais, que rodam no taxímetro, e os de outras cores são os especiais, que são mais caros. Para os taxis amarelos há uma fila do lado fora do saguão de desembarque:


Entrei no taxi e disse ao motorista o endereço do meu hostel:

- Carrera dos (2), número doce (12), en La Candelaria, por favor.
- Carrera segunda ! - corrigiu o motorista.


Os endereços nas cidades colombianas são um caso à parte. As ruas não tem nomes, e sim números. As "carreras" são as ruas numeradas em ordem crescente em direção norte, e são cortadas pelas "calles", que são numeradas em ordem crescente na direção oeste. O endereço do hostel, "Carrera 2, número 12-48" significa que está na carrera 2, entre as calles 12 e 13, na casa número 48. Meio estranho no começo, mas depois você acostuma e até acha prático.

No caminho entre o aeroporto e o centro da cidade passei por uma avenida com prédios comerciais modernos e nenhuma pobreza aparente.


Quando cheguei ao hostel, o taxímetro marcava "302". Os taxímetros em Bogotá não mostram o valor em pesos, e sim uma contagem que é convertida no final da corrida para pesos através de uma tabela que é consultada pelo motorista (e que você pode conferir também). A corrida saiu por 28 mil pesos (R$38).

O Masaya Hostel ficava numa simpática rua de paralelepípedos em La Candelaria, o bairro colonial na região central de Bogotá:


O recepcionista era bem gente boa e até arranhou um português quando viu que eu era brasileiro.

A diária saiu por 32 mil pesos (R$43) num quarto quadruplo:


No quarto, quando cheguei, havia um casal de alemães. Casais se hospedando em quarto coletivo é algo que sempre vou achar estranho. Jamais faria o mesmo se estivesse numa "viagem romântica". Mas isso é relativamente comum de se ver nos hostels. Já vi vários casais, quase sempre de europeus muito jovens, se hospedando em quartos coletivos na tentativa de economizar até o último centavo. É uma diferença cultural. Casais de brasileiros (e latinos em geral) preferem privacidade, mesmo que isso saia mais caro.


O hostel era muito bom. Ficava num casarão antigo muito bonito e bem cuidado, com vários pátios internos:




Saí para dar a famosa "primeira volta no quarteirão".  Estava uma tarde nublada e fazia um pouco de frio (19 graus).

Ao lado do hostel ficava a pitoresca Plaza Chorro de Quevedo:




Na praça havia uma barraca vendendo "oblea", que é um doce típico colombiano, uma espécie de waffer com geléia e doce de leite dentro. Juntando a minha curiosidade com a minha gula, não resisti e resolvi provar. Custou 2.500 pesos (R$3,40).





As ruas de La Candelaria vão subindo montanha acima a medida que se afastam do centro da cidade. 


O bairro é muito fotogênico, com suas casas coloridas em estilo colonial. Me fez lembrar muito Ouro Preto.







Pintura numa das casas:

Travessas próximas à Plaza Chorro de Quevedo:





Bar vendendo chá de coca:


Em La Candelaria vi muitos turistas estrangeiros pelas ruas, mas nenhum brasileiro. É, de fato, o bairro mais turístico de Bogotá, onde as atrações se concentram. O número de turistas estrangeiros na Colômbia cresce exponencialmente a medida que o país consegue livrar-se aos poucos da fama, hoje injusta, de lugar violento. Já é o 3o país mais visitado da América do Sul, depois de Brasil e Argentina.

Era grande também o fluxo de estudantes nas ruas do bairro. Há muitas universidades nas redondezas, todas muito bonitas, como esta:


Um centro cultural:



No coração do bairro fica a bela Plaza Bolívar, a principal praça da cidade, que reúne diversos edifícios históricos.




Catedral de Bogotá:


Congresso Nacional:


Palacio de Justicia:


Prefeitura de Bogotá:


Estátua de Simon Bolívar:


Uma pixação na fachada do Congresso Nacional: "Fuera Santos !! No + Santos", se referindo ao atual presidente colombiano, Juan Manuel Santos.


Cartaz em frente ao congresso: "Aqui participa el pueblo cafetero!"


Parte de trás do edifício do Congresso:






Van de um canal de TV com uma parabólica ao lado do edifício do Congresso:


Atrás do Congresso Nacional fica a Casa de Nariño, que é o palácio presidencial, cercado por grades. 



Tomei esporro do guarda quando tirei essa foto porque não podia me aproximar da grade ! :-)


Para passar em frente ao palácio presidencial é necessário passar por uma barreira policial. Todos que estiverem carregando bolsas, mochilas ou malas são revistados pelos guardas.




Policiais passando de bicicleta:


A quantidade de policiais nas ruas de Bogotá é impressionante. Eu achava que sabia o que era policiamento ostensivo até conhecer esta cidade. Eles estão por todos os lados, e é fácil identificá-los, por causa do uniforme verde fluorecente. A grande maioria deles anda armada apenas com um cassetete. Me senti muito seguro em todos os lugares por onde andei aqui.


Ministério da Fazenda:


Ministério do Interior:


Algumas ruas da região tem placas com nomes, mas as pessoas conhecem apenas pelos números mesmo.


Passando por uma lanchonete, vi uns bolinhos que tinham acabado de sair do forno, e resolvi experimentar:


O bolinho se chamava "pán de bono" e, para minha surpresa, era um pão de queijo gigante com recheio de geléia. E fica a dúvida...quem inventou, mineiros ou colombianos ?? Custou 1400 pesos (R$1,90). 


O simpático vendedor, percebendo meu sotaque, puxou conversa:

- De donde es usted ?
- Brasil.
- Ah, bienvenido. Primera vez en Colombia ?
- Si, el primero dia de mi primera vez. Llegué hace un par de horas.
- Cuantos dias ?
- Trés. Voy después a Medellín, Cartagena y San Andrés. 12 dias en total.
- Ah, la gente en Medellín es muy amable. Me gustan mucho. Has visitado el Montserrate, aquella montaña allá ? [apontando para a montanha que se erguia ao fundo do bairro]
- No. Voy a visitarla mañana.
- La vista es muy bella !
- Me gustó mucho este pán. Como se llama ?
- Pán de bono.
- Muy rico !

A medida que caminhava em direção ao centro da cidade aumentava o número de camelôs e de pedintes nas ruas. Fui abordado um mooonte de vezes por gente pedindo esmola. As construções coloniais tambem começaram a diminuir, dando lugar a lanchonetes e ao comércio popular.


Me chamou a atenção também a quase ausência de negros pelas ruas de Bogotá (devo ter visto uns 5 apenas). Os habitantes locais são brancos e mestiços (branco-índio). Lembram os chilenos. Os negros colombianos estão mais concentrados na cidade de Cali e nas cidades da costa do Pacífico e do Caribe (como Cartagena e Barranquilla).






Outra lanchonete vendendo coisas típicas: empanadas, buñuelos (pães em forma de bolas), pán de bono, etc.



Vendedor de doces:



Vendedor de arepa (uma espécie de pão de milho):


Uma fruta estranha que não consegui identificar:


Esta é a Carrera 14, também conhecida como Avenida Caracas, uma das principais da cidade. Ela marca o limite entre os bairros de La Candelaria e Los Mártires.


Bogotá não tem metrô, e o transporte público se resume ao Transmilênio (BRT) e aos micro-ônibus, conhecidos como "busetas". Detalhe que, em espanhol, isso se pronuncia da mesma forma que falamos em português....bem, você sabe. :-)


O bairro de Los Mártires parece o Saara, região de comércio popular do Rio. É um labirinto de lojas vendendo bugigangas de tudo quanto é tipo, e as calçadas ficam tomadas por camelôs vendendo mais coisas ainda. Um formigueiro de gente. 



Não tinha nada turisticamente interessante para ver lá, e voltei para La Candelaria.

No caminho passei em frente a outra lanchonete com um forno na calçada de onde havia acabado de sair uns pãezinhos diferentes, e....adivinha ! Não resisti de novo, hehehe.

- Uno, por favor. Quando sale ?
- 1500 pesos [equivale a R$2,00]
- Y como se llama esto ?
- Arepa.
- Bueno. Gracias.
- Con mucho gusto. [depois percebi que essa simpática expressão, que significa "de nada", é usada o tempo todo aqui na Colômbia]


Então essa era a famosa arepa colombiana ! Hmm...achei bem gostoso. É como se fosse uma mistura de bolo de milho e pão. Essa tinha recheio de queijo branco. 


Fiquei rodando um tempo procurando pelo bairro alguma casa de câmbio pra trocar meus reais por pesos, mas não encontrei. Voltei no hostel, e o recepcionista me explicou onde encontrá-las: na calle 13, na altura da carrera 7 (perto do Museo del Oro). Nesta rua estão concentradas todas as casas de câmbio da região. Depois de dar uma pesquisada, troquei reais por pesos numa dessas casas pela taxa de 740 reais/peso. Foi a melhor taxa que encontrei.

Já se aproximava das 18h e as ruas da região começaram a ficar engarrafadas. As calçada também estavam cheia de estudantes, que chegavam para assistir aula nas diversas universidades existentes por lá.



La Candelaria fica ainda mais fotogênica quando a noite chega:






Prefeitura de Bogotá a noite:



Igreja da Plaza Chorro de Quevedo:


Voltei pro hostel, tomei um banho e saí para jantar lá pelas 21h, mas cadê que eu achava algo aberto ? Restaurantes, padarias, lanchonetes, bares...já estava tudo fechado !!  Depois de rodar por vários quarteirões encontrei milagrosamente uma taqueria mexicana aberta, a El Chingón, na esquina da carrera 11 com a calle 2, em frente a uma universidade, de onde saíam os alunos das aulas noturnas.

O hamburguer tex-mex com suco de tangerina saiu por 12 mil pesos (R$16,20).



Já passava das 22h e eu estava exausto depois de andar o dia inteiro. E ainda tinha o fuso horário (para mim já era mais de meia-noite). Dei mais uma volta por La Candelaria para ver se tinha algum bar legal aberto, mas estava tudo morto e não tinha ninguém pelas ruas atém de policiais com cães nas esquinas. A primeira noite da viagem tradicionalmente merece algo bem animado, mas o frio de 10 graus e a falta de opções ali por perto acabaram me desanimando. Voltei pro hostel e fui dormir.

Uma coisa muito legal deste hostel é que os beliches tem umas cortinas que melhoram bastante a privacidade. Dá até pra trocar de roupa ali sem ninguém ver. Além disso, toda cama tem sua própria tomada e luz de leitura. Bem prático.


2 comentários:

  1. Em uma cena de Pablo Escobar um sicário afro-colombiano busca "emprego" junto à Pablo Escobar. O seu gerente lhe pergunta: você é de Cáli ou Cartagena? Exatamente como você observou. Na América espanhola a escravidão africana foi utilizada onde havia baixa densidade indígena, como no litoral caribenho.

    Eu gosto bastante das suas postagens, dentre outras coisas, porque consigo, a partir delas, dimensionar quantos dias seriam necessários para que eu fique em cada cidade. Pelo que já havia pesquisado antes e somando com a sua viagem imagino que eu esgotaria Bogotá em menos de uma semana. Por estas e outras razões que prefiro muito mais a Europa, voltei de Barcelona com a sensação de que poderia ficar meses por lá.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, Bogotá não tem tanta coisa para ver como Barcelona. Achei a cidade parecida com Santiago do Chile.

      Excluir