Olá pessoal !
Está começando hoje a Operação Fênix, meu 14o mochilão !
O destino escolhido é a terra de Botero, Gabriel Garcia Marquez, Valderrama, Higuita e Shakira: a Colômbia !
É um país que até pouco tempo atrás eu não pensava em visitar "nem que a vaca tussa". Quando comentei com alguns amigos e colegas de trabalho que estava indo passar férias lá, recebi olhares de reprovação, caretas e comentários do tipo "Ficou louco ?! Vai ver o que lá ? FARC ? Cartel de Medellín ?! Quer ser sequestrado pela guerrilha ?". É perfeitamente compreensível que este país ainda tenha uma imagem negativa na cabeça das pessoas. Ainda me lembro das notícias que via com frequência na TV, durante minha infância nos anos 80, sobre Pablo Escobar, atentados com carros-bomba em Bogotá, Cartel de Medellín, Cartel de Cali, etc. Alguns anos depois, o bicho-papão colombiano passou a se chamar FARC. Nos acostumamos a ver com frequência na TV notícias de sequestros, atentados e confrontos entre a guerrilha e o exército colombiano. A Colômbia no imaginário popular se tornou uma espécie de Afeganistão latino, um lugar "cheio de guerrilheros terroristas prontos para sequestrar os turistas recém-chegados ao país e levá-los para o cativeiro no meio da selva amazônica". Para piorar ainda mais sua má fama, a Colômbia encabeçou durante muitos anos o macabro ranking dos paises mais violentos do mundo. Medellín foi durante 15 anos a cidade mais violenta do mundo.
Eu seria considerado um louco, ou talvez apenas um amante do perigo, se entrasse no túnel do tempo, voltasse para o ano de 1995 e pegasse o primeiro vôo para Bogotá. Mas estamos em 2015, meu povo, século 21 !! Os tempos são outros, muita coisa mudou, mas poucos se deram conta disso. Em plena era da Internet, quando respostas para qualquer pergunta estão disponíveis em questão de segundos, chega a ser um paradoxo ver tanta gente ainda presa a uma realidade de 10 ou 20 anos atrás. Da mesma forma que muitos ainda acham que Bósnia e Sérvia são países "perigosos", "em guerra" e "totalmente em ruínas", a Colômbia no imaginário popular é aquela do Pablo Escobar, de 20 anos atrás. E a recíproca também é verdadeira: no exterior, ainda é comum ver pessoas que acreditam que o Brasil está "bombando" economicamente, uma visão um tanto quanto defasada da nossa pindaíba atual.
Depois de atingir o fundo do poço nos anos 90, a Colômbia aos poucos deu a volta por cima, começou a viver um ciclo de prosperidade, e hoje em dia vive uma realidade completamente diferente. Vamos aos dados e fatos de 2015:
- O famoso Cartel de Medellín, seu arqui-rival Cartel de Cali, e outros cartéis que existiam na Colômbia foram extintos nos anos 90, quando seus líderes foram mortos (incluindo aí Pablo Escobar) ou presos.
- O governo colombiano recebe ajuda financeira e militar dos EUA há 15 anos para combater o narcotráfico e a guerrilha. O exército colombiano já matou ou capturou vários líderes guerrilheiros das FARC, que está enfraquecida, com metade do contingente que tinha na década passada. A guerrilha chegou a ter controle de quase metade do território colombiano, mas hoje encontra-se encurralada nas áreas de selva, com uma área de influência que não chega a 20% do país. As finanças das FARC também estão sendo duramente afetadas. Com uma repressão mais forte ao narcotráfico, a produção de coca no país caiu muito, o que tem ajudado a enfraquecer a guerrilha, que controla boa parte do refino, distribuição e fornecimento da cocaína para os EUA e restante do mundo.
- Bogotá e Medellín eram cidades extremamente violentas nos anos 90, mas conseguiram uma redução brusca na criminalidade durante os últimos 20 anos. Pouca gente sabe, mas atualmente estas 4 cidades são mais seguras que diversas capitais brasileiras, como Natal, Aracaju, Fortaleza, Curitiba e outras que ainda tem fama de "sossegadas" na cabeça de muitas pessoas. [Confira a lista em http://www.forbes.com.mx/las-50-ciudades-mas-violentas-del-mundo/].
- Ajudada por 8 tratados de livre comércio (com EUA, União Européia e outros), a economia colombiana tem crescido tanto que tomou da Argentina no ano passado o posto de 3a maior da América Latina. O jornal francês "Le Figaro" classificou a Colômbia como um "milagre econômico, uma das economias mais promissoras do continente".
Como vemos, muita coisa melhorou na Colômbia de uns tempos pra cá. No entanto, nem tudo são flores, e o país ainda tem muitas mazelas, para as quais o turista não pode fechar os olhos:
- Roubos acontecem nas cidades grandes colombianas, inclusive a mão armada, mas há forte presença da polícia nas ruas, o que ajuda na sensação de segurança. Basta usar o bom senso, saber onde se está pisando, ficar atento, e usar o "instinto de sobrevivência brasileiro" que nos salva a pele no nosso dia-a-dia no Brasil.
- A Colômbia é o segundo maior campo minado do mundo depois do Afeganistão. Isso mesmo, eu disse minas terrestres. Elas foram distribuidas pela guerrilha por grande parte do território colombiano, em zonas de selva e áreas rurais desabitadas. Nos últimos 25 anos, as minas terrestres já fizeram 11 mil vítimas. Quem circular apenas por zonas urbanas e áreas habitadas estará seguro, longe das minas.
- Mesmo conseguindo reduzir à metade a produção e o tráfico de cocaína, a Colômbia ainda é o maior produtor mundial. Os famosos Cartel de Medellín e o Cartel de Cali foram extintos há muito tempo, mas o tráfico de cocaína continua sendo uma dor de cabeça constante para o governo colombiano, principalmente por financiar a guerrilha. Os turistas que não se aventurarem em zonas de selva e bairros pobres das periferias das grandes cidades não terão problemas.
- Ainda que os índices de violência na Colômbia tenham caido para níveis de 30 anos atrás, há regiões que continuam violentas, como a do Valle del Cauca (onde fica cidade de Cali), que está fora do circuito turístico tradicional. [Vejam esta reportagem: http://www.eltiempo.com/colombia/cali/cifras-de-violencia-siete-municipios-mas-violentos-estan-en-el-valle/15337415] Bogotá, Medellín, Cartagena e as demais cidades do litoral caribenho (como Barranquilla e Santa Marta) são consideradas seguras nas áreas turísticas, mas os bairros pobres da periferia destas cidades continuam violentos.
Pela primeira vez, decidi fazer um mochilão em cima da hora. Normalmente me planejo com uma antecedência mínima de 4 meses, mas dessa vez foi diferente. Tinha marcado minhas férias há alguns meses, mas não pretendia viajar desta vez. Estava querendo segurar uma grana e ficar por aqui mesmo, curtindo as praias vazias nos dias ensolarados e de temperatura amena do inverno carioca. Mas, viajólatra que sou, não consegui resistir a tentação de aproveitar esses dias para explorar mais um pedacinho desse mundão. Faltando um mês para as férias, depois de ler os divertidos relatos da Aline sobre a Colômbia no blog "O mundo, de repente" (http://omundoderepente.blogspot.com.br) , bateu uma crise braba de abstinência mochileira em mim. Afinal de contas, 4 meses sem viajar é muita coisa, eheheh. Pesquisei mais sobre as atrações turísticas na Colômbia, olhei as passagens, fiz as contas e... decisão tomada !! Passagens compradas !
Conheço poucas pessoas que já viajaram para a Colômbia, mas todas elas gostaram e disseram ter se surpreendido positivamente. Uma delas é o Vinícius, um amigo meu da faculdade. Ele e a esposa, Patrícia, cansaram do Brasil, venderam tudo e vivem há alguns anos viajando pelo mundo sem morar num lugar fixo. O site deles (http://www.casalpartiu.com.br) é bem interessante. Ele foi a primeira pessoa que conheço que desbravou as terras colombianas. Contou maravilhas de lá. Ele disse ter ficado particularmente surpreso com Medellín, uma cidade que sempre imaginei que fosse o inferno na Terra, uma espécie de Complexo do Alemão piorado, com carros-bomba do Cartel de Medellín explodindo quarteirões inteiros, ladrões roubando e matando quem aparecesse pela frente, e guerrilheiros das FARC armados até os dentes prontos para sequestrar os turistas desavisados. A partir das impressões positivas dele, e posteriormente de outros amigos que foram pra lá depois, percebi que eu estava apenas pensando como 99% das pessoas. Estava sendo um preconceituoso, um míope a respeito da Colômbia. Em outras palavras, eu precisava "quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver", como disse uma vez o mestre Amyr Klink.
Sobre o nome deste mochilão, "Operação Fênix", foi escolhido para ser cara da Colômbia, um país que chegou ao fundo do poço, ressurgiu das cinzas e deu a volta por cima, como o pássaro da mitologia grega.
Quanto à recente disparada do dólar no Brasil, isso não irá encarecer a viagem, porque o peso colombiano se desvalorizou na mesma velocidade que o real. Então 1 real vale hoje mais ou menos o que valia 1 ano atrás em pesos colombianos.
Falando um pouco sobre o roteiro:
Passarei primeiro por Bogotá, a capital colombiana. Localizada em meio a cordilheira dos Andes, a 2600m de altitude, tem clima frio, apesar da localização próxima a linha do equador. Faz uma média de 12 graus o ano todo, mas o frio chega a 5 graus de madrugada. A cidade até os anos 90 era caótica e violenta, mas melhorou os transportes com uma extensa rede de BRTs, e viu seus índices de violência serem reduzidos a niveis de 30 anos atrás. [Ver reportagem aqui: http://www.abc.com.py/internacionales/bogota-tiene-el-indice-de-homicidios-mas-bajo-en-27-anos-segun-alcalde-449400.html] É a "São Paulo da Colômbia", por ser o centro econômico do país, ter um clima semelhante (quase sempre cinzento e chuvoso), uma vida noturna agitada e atrações culturais interessantes, como o Museu do Ouro e o Museu do Botero. Bogotá tem a maior rede de ciclovias da América Latina, com quase 400 Km.
A segunda parada será Medellín, que virou o símbolo da superação colombiana. A terra natal de Botero é a segunda maior cidade do país, e até os anos 90 era o epicentro do temido Cartel de Medellin, que controlava 80% do tráfico de cocaína mundial e fez de Pablo Escobar o traficante mais rico e famoso do mundo. Medellín, da mesma forma que Bogotá, sofreu uma tranformação radical nos últimos 20 anos. Deixou para trás o título de cidade mais violenta do mundo, e hoje é, acredite, mais segura que a maioria das capitais brasileiras [Confira em http://www.forbes.com.mx/las-50-ciudades-mas-violentas-del-mundo/]. Muitos consideram Medellín a "BH da Colômbia" por causa da hospitalidade de seus habitantes e da grande quantidade de bares na cidade. Em 2013, Medellín foi eleita a cidade mais inovadora do mundo pelo Wall Street Journal. Veja uma interessante reportagem sobre a cidade aqui: http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/cultura/resposta-de-medellin
Vou em seguida para Cartagena, na costa caribenha. É a cidade mais turística da Colômbia, declarada Patrimônio Mundial da UNESCO. Seu impressionante centro histórico com arquitetura colonial foi construído na época em que a cidade era um importante porto da Coroa Espanhola. Tem cerca de 1 milhão de habitantes e muitos a consideram a "Salvador da Colômbia", por causa do clima quente e úmido o ano todo, do centro histórico que lembra o Pelourinho, e da população de maioria negra. Cartagena também foi, como Salvador, o principal porto de entrada de escravos africanos do país durante o período colonial.
A última parada da viagem será a paradisíaca ilha de San Andrés, a "Noronha da Colômbia". Está localizada no mar do Caribe, a 780 Km de Cartagena, próxima ao litoral da Nicarágua. Tem praias com mar azul turquesa e é o paraíso do mergulho, com suas extensas barreiras de corais.
Este será o roteiro:
É um país que até pouco tempo atrás eu não pensava em visitar "nem que a vaca tussa". Quando comentei com alguns amigos e colegas de trabalho que estava indo passar férias lá, recebi olhares de reprovação, caretas e comentários do tipo "Ficou louco ?! Vai ver o que lá ? FARC ? Cartel de Medellín ?! Quer ser sequestrado pela guerrilha ?". É perfeitamente compreensível que este país ainda tenha uma imagem negativa na cabeça das pessoas. Ainda me lembro das notícias que via com frequência na TV, durante minha infância nos anos 80, sobre Pablo Escobar, atentados com carros-bomba em Bogotá, Cartel de Medellín, Cartel de Cali, etc. Alguns anos depois, o bicho-papão colombiano passou a se chamar FARC. Nos acostumamos a ver com frequência na TV notícias de sequestros, atentados e confrontos entre a guerrilha e o exército colombiano. A Colômbia no imaginário popular se tornou uma espécie de Afeganistão latino, um lugar "cheio de guerrilheros terroristas prontos para sequestrar os turistas recém-chegados ao país e levá-los para o cativeiro no meio da selva amazônica". Para piorar ainda mais sua má fama, a Colômbia encabeçou durante muitos anos o macabro ranking dos paises mais violentos do mundo. Medellín foi durante 15 anos a cidade mais violenta do mundo.
Eu seria considerado um louco, ou talvez apenas um amante do perigo, se entrasse no túnel do tempo, voltasse para o ano de 1995 e pegasse o primeiro vôo para Bogotá. Mas estamos em 2015, meu povo, século 21 !! Os tempos são outros, muita coisa mudou, mas poucos se deram conta disso. Em plena era da Internet, quando respostas para qualquer pergunta estão disponíveis em questão de segundos, chega a ser um paradoxo ver tanta gente ainda presa a uma realidade de 10 ou 20 anos atrás. Da mesma forma que muitos ainda acham que Bósnia e Sérvia são países "perigosos", "em guerra" e "totalmente em ruínas", a Colômbia no imaginário popular é aquela do Pablo Escobar, de 20 anos atrás. E a recíproca também é verdadeira: no exterior, ainda é comum ver pessoas que acreditam que o Brasil está "bombando" economicamente, uma visão um tanto quanto defasada da nossa pindaíba atual.
Depois de atingir o fundo do poço nos anos 90, a Colômbia aos poucos deu a volta por cima, começou a viver um ciclo de prosperidade, e hoje em dia vive uma realidade completamente diferente. Vamos aos dados e fatos de 2015:
- O governo colombiano recebe ajuda financeira e militar dos EUA há 15 anos para combater o narcotráfico e a guerrilha. O exército colombiano já matou ou capturou vários líderes guerrilheiros das FARC, que está enfraquecida, com metade do contingente que tinha na década passada. A guerrilha chegou a ter controle de quase metade do território colombiano, mas hoje encontra-se encurralada nas áreas de selva, com uma área de influência que não chega a 20% do país. As finanças das FARC também estão sendo duramente afetadas. Com uma repressão mais forte ao narcotráfico, a produção de coca no país caiu muito, o que tem ajudado a enfraquecer a guerrilha, que controla boa parte do refino, distribuição e fornecimento da cocaína para os EUA e restante do mundo.
- Bogotá e Medellín eram cidades extremamente violentas nos anos 90, mas conseguiram uma redução brusca na criminalidade durante os últimos 20 anos. Pouca gente sabe, mas atualmente estas 4 cidades são mais seguras que diversas capitais brasileiras, como Natal, Aracaju, Fortaleza, Curitiba e outras que ainda tem fama de "sossegadas" na cabeça de muitas pessoas. [Confira a lista em http://www.forbes.com.mx/las-50-ciudades-mas-violentas-del-mundo/].
- Nos últimos 10 anos, a Colômbia conseguiu multiplicar por 5 o número de turistas estrangeiros que visitam o país. No ano passado foram 4,2 milhões. Este crescimento espetacular foi fruto da redução na violência e dos pesados investimentos em propaganda feitos pelo governo colombiano para "limpar" sua imagem de lugar perigoso. A propaganda boca-a-boca também ajudou no recente "boom" de turistas. A Colômbia deixou para trás o Chile e o Peru, destinos turísticos consagrados, e já se tornou o 3o país mais visitado da América do Sul, atrás apenas de Brasil e Argentina.
- Ajudada por 8 tratados de livre comércio (com EUA, União Européia e outros), a economia colombiana tem crescido tanto que tomou da Argentina no ano passado o posto de 3a maior da América Latina. O jornal francês "Le Figaro" classificou a Colômbia como um "milagre econômico, uma das economias mais promissoras do continente".
Como vemos, muita coisa melhorou na Colômbia de uns tempos pra cá. No entanto, nem tudo são flores, e o país ainda tem muitas mazelas, para as quais o turista não pode fechar os olhos:
- Roubos acontecem nas cidades grandes colombianas, inclusive a mão armada, mas há forte presença da polícia nas ruas, o que ajuda na sensação de segurança. Basta usar o bom senso, saber onde se está pisando, ficar atento, e usar o "instinto de sobrevivência brasileiro" que nos salva a pele no nosso dia-a-dia no Brasil.
- As FARC estão enfraquecidas, mas estão longe de ser extintas. Já são 50 anos de conflito armado com o exército colombiano. A guerrilha está encurralada nas áreas remotas de selva no sul e oeste do país, e nas áreas de fronteira com o Peru, Equador e Venezuela. Cerca de 400 civis estão há anos sequestrados pelos guerrilheiros escondidos no meio da selva. Ainda há atentados, conflitos e sequestros, mas somente nestas zonas remotas de floresta. O turista que restringe sua visita às cidades turísticas da Colômbia tem mais chance de encontrar com o ET de Varginha que com um guerrilheiro das FARC apontando uma AK-47 para sua cabeça.
- A Colômbia é o segundo maior campo minado do mundo depois do Afeganistão. Isso mesmo, eu disse minas terrestres. Elas foram distribuidas pela guerrilha por grande parte do território colombiano, em zonas de selva e áreas rurais desabitadas. Nos últimos 25 anos, as minas terrestres já fizeram 11 mil vítimas. Quem circular apenas por zonas urbanas e áreas habitadas estará seguro, longe das minas.
- Mesmo conseguindo reduzir à metade a produção e o tráfico de cocaína, a Colômbia ainda é o maior produtor mundial. Os famosos Cartel de Medellín e o Cartel de Cali foram extintos há muito tempo, mas o tráfico de cocaína continua sendo uma dor de cabeça constante para o governo colombiano, principalmente por financiar a guerrilha. Os turistas que não se aventurarem em zonas de selva e bairros pobres das periferias das grandes cidades não terão problemas.
- Ainda que os índices de violência na Colômbia tenham caido para níveis de 30 anos atrás, há regiões que continuam violentas, como a do Valle del Cauca (onde fica cidade de Cali), que está fora do circuito turístico tradicional. [Vejam esta reportagem: http://www.eltiempo.com/colombia/cali/cifras-de-violencia-siete-municipios-mas-violentos-estan-en-el-valle/15337415] Bogotá, Medellín, Cartagena e as demais cidades do litoral caribenho (como Barranquilla e Santa Marta) são consideradas seguras nas áreas turísticas, mas os bairros pobres da periferia destas cidades continuam violentos.
O mais importante para quem planeja visitar a Colômbia é usar o poder da informação para diferenciar o que é estereótipo e o que é verdade. Só assim é possível entender qual o tamanho do perigo e onde especificamente ele existe. Tem uma frase que eu gosto muito: "É preciso acender a luz no trem fantasma para descobrir que os esqueletos são de plástico". O desconhecido assusta, mas a informação é a luz que tem o poder de transformar o mostro abominável do trem fantasma num simples esqueleto de plástico.
Pela primeira vez, decidi fazer um mochilão em cima da hora. Normalmente me planejo com uma antecedência mínima de 4 meses, mas dessa vez foi diferente. Tinha marcado minhas férias há alguns meses, mas não pretendia viajar desta vez. Estava querendo segurar uma grana e ficar por aqui mesmo, curtindo as praias vazias nos dias ensolarados e de temperatura amena do inverno carioca. Mas, viajólatra que sou, não consegui resistir a tentação de aproveitar esses dias para explorar mais um pedacinho desse mundão. Faltando um mês para as férias, depois de ler os divertidos relatos da Aline sobre a Colômbia no blog "O mundo, de repente" (http://omundoderepente.blogspot.com.br) , bateu uma crise braba de abstinência mochileira em mim. Afinal de contas, 4 meses sem viajar é muita coisa, eheheh. Pesquisei mais sobre as atrações turísticas na Colômbia, olhei as passagens, fiz as contas e... decisão tomada !! Passagens compradas !
Alguns amigos se animaram a viajar comigo, mas como foi tudo decidido em cima da hora, eles não conseguiram marcar férias para agosto. Outros até podiam, mas estão em "ajuste fiscal" esse ano e preferiram economizar o dinheiro. Então vou sozinho. Acho mais divertido viajar com um ou no máximo 2 amigos, mas viajar sozinho também tem suas vantagens. Quem me conhece, sabe que não tenho nenhum problema com isso. Já encarei sozinho países "não triviais" como China, Japão, Bósnia, Sérvia, Israel e Índia...e foram experiências incríveis !!! Se fosse esperar amigos que quisessem conhecer estes lugares também, que tivessem dinheiro, e que pudessem tirar férias na mesma época, estaria esperando até hoje. Conheço pessoas que dizem que jamais viajaram sozinhas porque acham "estranho", "perigoso" ou "coisa de autista", mas só quem já fez isso ao menos uma vez na vida consegue perceber que pode ser legal também. Este texto, escrito pela Carol, do Mochilão Trips (um dos melhores blogs de viagem que conheço) é ótimo e reflete bem o que penso a respeito: http://mochilaotrips.com/viajar-sozinha-e-legal/ Quem viaja sozinho e se hospeda em hostels sempre encontra outros mochileiros na mesma situação. Fazer novos amigos e arrumar companhia para tomar uma cerveja num bar ou para fazer um passeio em grupo é muito fácil. Já me hospedei em 72 hostels, e em quase todos conheci gente legal de diversas partes do mundo. Uma coisa que percebi é que praticamente todos os brasileiros que conheço nos hostels estão viajando em grupo. É bem mais comum encontrar gringos viajando sozinho que brasileiros. Mais difícil ainda é ver mulheres brasileiras viajando sozinhas. Só conheci uma até hoje. Foi no Chile, durante o meu primeiro mochilão em 2004. Gringas viajando sozinhas tem muito mais. Vejo isso como uma diferença cultural. Talvez seja o nosso típico "instinto de sobrevivência brasileiro" teimando em achar perigo em tudo que seja desconhecido, quando na verdade o perigo pode estar dentro da nossa zona de conforto, em coisas banais, conhecidas e rotineiras, como descer para comer um sanduíche às 10 da noite na padaria perto de casa.
Conheço poucas pessoas que já viajaram para a Colômbia, mas todas elas gostaram e disseram ter se surpreendido positivamente. Uma delas é o Vinícius, um amigo meu da faculdade. Ele e a esposa, Patrícia, cansaram do Brasil, venderam tudo e vivem há alguns anos viajando pelo mundo sem morar num lugar fixo. O site deles (http://www.casalpartiu.com.br) é bem interessante. Ele foi a primeira pessoa que conheço que desbravou as terras colombianas. Contou maravilhas de lá. Ele disse ter ficado particularmente surpreso com Medellín, uma cidade que sempre imaginei que fosse o inferno na Terra, uma espécie de Complexo do Alemão piorado, com carros-bomba do Cartel de Medellín explodindo quarteirões inteiros, ladrões roubando e matando quem aparecesse pela frente, e guerrilheiros das FARC armados até os dentes prontos para sequestrar os turistas desavisados. A partir das impressões positivas dele, e posteriormente de outros amigos que foram pra lá depois, percebi que eu estava apenas pensando como 99% das pessoas. Estava sendo um preconceituoso, um míope a respeito da Colômbia. Em outras palavras, eu precisava "quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver", como disse uma vez o mestre Amyr Klink.
Sobre o nome deste mochilão, "Operação Fênix", foi escolhido para ser cara da Colômbia, um país que chegou ao fundo do poço, ressurgiu das cinzas e deu a volta por cima, como o pássaro da mitologia grega.
Falando um pouco sobre o roteiro:
Passarei primeiro por Bogotá, a capital colombiana. Localizada em meio a cordilheira dos Andes, a 2600m de altitude, tem clima frio, apesar da localização próxima a linha do equador. Faz uma média de 12 graus o ano todo, mas o frio chega a 5 graus de madrugada. A cidade até os anos 90 era caótica e violenta, mas melhorou os transportes com uma extensa rede de BRTs, e viu seus índices de violência serem reduzidos a niveis de 30 anos atrás. [Ver reportagem aqui: http://www.abc.com.py/internacionales/bogota-tiene-el-indice-de-homicidios-mas-bajo-en-27-anos-segun-alcalde-449400.html] É a "São Paulo da Colômbia", por ser o centro econômico do país, ter um clima semelhante (quase sempre cinzento e chuvoso), uma vida noturna agitada e atrações culturais interessantes, como o Museu do Ouro e o Museu do Botero. Bogotá tem a maior rede de ciclovias da América Latina, com quase 400 Km.
A segunda parada será Medellín, que virou o símbolo da superação colombiana. A terra natal de Botero é a segunda maior cidade do país, e até os anos 90 era o epicentro do temido Cartel de Medellin, que controlava 80% do tráfico de cocaína mundial e fez de Pablo Escobar o traficante mais rico e famoso do mundo. Medellín, da mesma forma que Bogotá, sofreu uma tranformação radical nos últimos 20 anos. Deixou para trás o título de cidade mais violenta do mundo, e hoje é, acredite, mais segura que a maioria das capitais brasileiras [Confira em http://www.forbes.com.mx/las-50-ciudades-mas-violentas-del-mundo/]. Muitos consideram Medellín a "BH da Colômbia" por causa da hospitalidade de seus habitantes e da grande quantidade de bares na cidade. Em 2013, Medellín foi eleita a cidade mais inovadora do mundo pelo Wall Street Journal. Veja uma interessante reportagem sobre a cidade aqui: http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/cultura/resposta-de-medellin
Vou em seguida para Cartagena, na costa caribenha. É a cidade mais turística da Colômbia, declarada Patrimônio Mundial da UNESCO. Seu impressionante centro histórico com arquitetura colonial foi construído na época em que a cidade era um importante porto da Coroa Espanhola. Tem cerca de 1 milhão de habitantes e muitos a consideram a "Salvador da Colômbia", por causa do clima quente e úmido o ano todo, do centro histórico que lembra o Pelourinho, e da população de maioria negra. Cartagena também foi, como Salvador, o principal porto de entrada de escravos africanos do país durante o período colonial.
A última parada da viagem será a paradisíaca ilha de San Andrés, a "Noronha da Colômbia". Está localizada no mar do Caribe, a 780 Km de Cartagena, próxima ao litoral da Nicarágua. Tem praias com mar azul turquesa e é o paraíso do mergulho, com suas extensas barreiras de corais.
Este será o roteiro:
11/ago Rio-Bogotá
12/ago Bogotá
13/ago Bogotá
14/ago Bogotá-Medellín
15/ago Medellín
16/ago Medellín
17/ago Medellín-Cartagena
18/ago Cartagena
19/ago Cartagena-San Andrés
20/ago San Andrés
21/ago San Andrés
22/ago San Andrés-Rio
Uma amostra dos lugares por onde passarei:
Acompanhe aqui nos próximos dias todas as aventuras dessa viagem que promete !!
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Hasta la vista !
Muito legal, Alexandre! Meu irmão tirou férias na Colombia agora em maio, adorou, e achou as baladas eletrônicas que pegou por Bogotá incríveis! É um bom lugar para explorar antes de massificar, né.. Boa viagem!
ResponderExcluirOi Gabi ! Obrigado pela visita mais uma vez !! Eu voltei da viagem no domingo. Foi incrível !!! Dessa vez não deu tempo de blogar durante a viagem, porque foi tudo meio corrido, mas estou publicando tudo nos próximos dias. Aguarde os próximos posts. :-) Abs.
ExcluirCara, que maneiro, eu nem tinha visto que você estava viajando! Por coincidência acabei de assistir Pablo Escobar el patrón del mal e comecei a pesquisar sobre a Colômbia. As suas postagens vão me ajudar muito. Imagino que você já tenha voltado. Um abraço.
ResponderExcluirEnaldo, bem-vindo mais uma vez ao blog, e obrigado pela visita. Eu ainda não assisti nenhum desses seriados sobre o Pablo Escobar. Quero ver esse e o Narcos. Vai ser interessante assistir depois de ter visto de perto a realidade da Colômbia, mesmo sabendo que muita coisa mudou lá (para melhor) 20 anos depois. Sim, voltei já tem 2 semanas. Abs.
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