terça-feira, 7 de agosto de 2007

[Mochilão 4] Dia 11: Cairo

Dormimos por quase 13 horas !!! Levantamos as 10h da manhã.

Tirei estas fotos da janela do quarto:

A Midan(praça) Tahrir e uma estação do metrô:

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Os taxi velhos que circulam pela cidade:

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Egípcias usando o tradicional véu:

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Nossa idéia era passar só 2 dias na cidade e depois ir para algum lugar na Península do Sinai, onde fica o Mar Vermelho, região com praias sensacionais e ótimos lugares para mergulhar. Pegamos o metrô para procurar uma agência de turismo. Ao embarcar no vagão, percebemos que só tinha mulher, e todas elas olhavam para a gente querendo rir. Opa, algo errado ! Era o carro das mulheres !!! Será que seríamos presos por isso ? Prisão perpétua ou pena de morte ? Bateu o desespero. Por sorte nenhum guarda percebeu nossa grave infração. Descemos na estação seguinte, e embarcamos no vagão normal (de homens), que estava bem mais cheio, e com um fedor horrível de "cecê". Para piorar, o metrô lá não tem ar condicionado. Devia estar mais de 40 graus dentro do vagão. Descemos na estação e fomos procurar a agência de turismo, mas ao chegar lá, fomos informados que eles não vendiam passagens de ônibus. Entramos em mais duas agências, mas achamos os preços meio caros. Deixamos para ir na rodoviária comprar a passagem à noite, assim poderíamos aproveitar melhor o dia.

Fomos abordados na rua por um egípcio que veio com a pergunta tradicional de abordagem de gringos: "Where are you from ?". Quando falamos que somos brasileiros, surgiu o assunto futebol, e depois ele ficou dando dicas de cidades no Egito que poderíamos conhecer. Achei ele simpático demais pra ser verdade. Estava com maior cara de vendedor. Não deu outra: ele perguntou se a gente não queria uma água ou um chá, pois ele trabalhava na loja ao lado de onde estávamos. "You are my guests, please come in, my friends", disse ele. Furada na certa. Eu fiz que iria embora, mas o Sascha quis ser simpático e aceitou entrar. Quando vi, estávamos sentados numa mesa no segundo andar da loja. O cara começou a querer vender uns frascos de perfume vagabundo pra gente. Perguntou se a gente tinha namorada ou irmã, e por isso poderíamos levar algum presente pra elas. Levantei e fui embora sem falar nada. O Sascha ficou sem graça, agradeceu e foi atrás de mim. A verdade é que o assédio ao turista no Egito é implacável. Todo turista aprende pelo menos uma expressão de sobrevivência em árabe: "La, shokran" (Não, obrigado), pois a todo o momento aparece alguém querendo vender alguma coisa. Ele ainda fez questao de dar o cartão de visitas dele, caso a gente "mudasse de idéia e quisesse comprar uns perfumes com ele depois". Ainda bem que estava em árabe e não dava pra entender nada, só o email !!!

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Pegamos um taxi para conhecer a Citadel, uma pequena "cidade" murada que fica no bairro Islâmico.

No caminho, me chamou a atenção uma van superlotada com gente até pendurada do lado de fora !!!

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Entrada da Citadel:

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Mesquita Mohammed Ali:

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A Mesquita por dentro. Um tapete enorme cobrindo todo o chão, um enorme candelabro, e a ausência total de elementos que estamos acostumados a ver numa igreja cristã, como bancos, confessionarios, santos, anjos, o altar e a cruz.

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A vista para as Mesquitas de Sultan Hassan e ar-Rifai:

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Video que gravei no momento das orações das Mesquitas de Sultan Hassan e ar-Rifai:

Entrada do Museu Militar Nacional. Repare nas egípcias usando roupas típicas:

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Repare na mulher usando burka preta da cabeça aos pés, no lado esquerdo da foto. Imagina o calor que ela devia estar sentindo usando aquela roupa escura !!!

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Celas do museu:

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Entrada do museu:

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Tanques, caças e mísseis usados na guerra contra Israel:

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Saimos de lá e pegamos um taxi para ir ao famoso mercado de Khan-al-Khalili. O taxi era um carro muito velho, que já estava rateando. Achei que fosse quebrar a qualquer momento:

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Gravei esse vídeo dentro do taxi. Repare nas barbeiragens, e como todo mundo fica buzinando o tempo todo.

Um dos ônibus urbanos do Cairo, imundo e caindo aos pedaços:



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Entrada do Mercado Khan-al-Khalili:

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O mercado é enorme e só conseguimos conhecer uma pequena parte dele. Fiquei impressionado ao ver vendedores egípcios tentando vender bugigangas falando em alemão para um grupo de turistas alemães. Fomos abordado o tempo todo por vendedores. Compramos alguns souvenirs lá. Os árabes são vendedores e negociadores natos. Nenhuma mercadoria tem o preço estampado na vitrine. Tudo é negociado na hora, e obviamente o primeiro lance que o vendedor dá é sempre 4 ou 5 vezes mais do que o produto realmente vale. O problema é que você sempre sai achando que poderia ter pago mais barato, e com o tempo essa história de ficar negociando preço acaba enchendo o saco. Na Turquia também é a mesma coisa. Outra coisa que é irritante: quando voce compra algo nas lojas e não paga a quantia exata em dinheiro, o vendedor vai encher o seu saco querendo te vender algo a mais para não precisar dar o troco.

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Já eram 15h, e corremos para conhecer a atração máxima do Egito: AS PIRÂMIDES !!!

Pegamos um taxi e negociamos a corrida em 40 libras egípcias (R$13).

No caminho, passamos por uma via expressa que passa por bairros pobres e favelas. Parecia até a Linha Vermelha:

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Prédios de aspecto degradado no caminho:

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As vans também infernizam o trânsito no Egito, não é só no Brasil...

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As pirâmides aparecem no horizonte, láaaaaaa longe !!!! Emoção única !!!!

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Giza, cidade vizinha a 12km do centro do Cairo onde ficam as pirâmides, é muito pobre, um favelão enorme. Parece o Complexo da Maré. O trânsito estava engarrafado e todo mundo buzinava o tempo todo. Quando estávamos chegando às pirâmides, apareceu um guia-picareta na janela do taxi e queria a todo custo vender um "pacote" composto pelo ingresso nas pirâmides e um passeio de camelo. Lógico que seria furada. Recusamos, mas ele insistia várias vezes. Mandamos o taxista andar com o carro e ele obedeceu. Poucos metros depois, apareceu outro. Só que esse foi mais ousado: entrou no taxi e sentou no banco do carona !!! Começou com o tradicional "Where do you come from ?", e depois encheu o nosso saco, insistia em dizer que era mais barato comprar a entrada com ele, fazer o passeio tendo ele como guia, etc etc etc. Nós nos limitávamos a dizer "No, thanks", "La shokran", "We really don't want"... Até o taxista já estava se irritando com o mala. Gritou qualquer coisa em árabe, que devia ser "Cai fora daqui !" e ele saiu.

Gravei um video dentro do taxi neste momento:

Descemos do taxi e mal podíamos acreditar que estávamos diante das famosas PIRAMIDES DO EGITO !!!! Difícil acreditar que elas estão ali há 4500 ANOS !!!!! Uma viagem ao Egito definitivamente nos faz mudar o conceito de tempo.

Giza tornou-se em 2.500 AC a necropolis (mausoléu dos faraós) de Memphis, como se chamava o Cairo naquela época. Cada pirâmide era a tumba de um faraó. A família real era enterrada em pirâmides satélites menores, e tumbas de pedra.

São 3 as pirâmides de Giza: Quéops, Quéfren e Miquerinos, nomes dos faraós que foram enterrados nelas. Estas não são as únicas pirâmides do Egito, como muitos pensam. Já foram descobertas 118 pirâmides, todas localizadas na margem esquerda do Rio Nilo. Muitas destas pirâmides foram parcialmente ou totalmente soterradas pelas areias do deserto do Sahara.

Para entrar no local onde ficam as pirâmides, é necessário pagar um ingresso.

Video que gravei logo ao chegar, com uma multidão de guias, camelos e charretes em frente às pirâmides:

Esta é a pirâmide de Quéops, a maior das 3 pirâmides de Giza, com 137 metros e 2,6 milhões de blocos de pedra que pesam até 15 toneladas cada um. É algo tão impressionante, que não dá para descrever apenas com palavras. Vê-la com os próprios olhos causa uma sensação incrível de admiração. Até hoje permanece um mistério o método utilizado para construí-la. Estima-se que foram necessários 20 anos e cerca de 100 mil homens para construir esta pirâmide. É incrível como há 4500 anos os egípcios conheciam técnicas de construção tão avançadas. A diferença de tamanho entre os lados desta pirâmide é de apenas 4 centimetros, evidenciando uma precisão na construção impressionante. Esta pirâmide foi durante milênios a construção mais alta realizada pelo homem. Só foi superada no Século 19 pela Torre Eiffel. Nenhuma outra civilização posterior à dos faraós (Fenícios, Cartaginenses, Etruscos, Romanos, Gregos, Turcos, Bizantinos, Macedônios, etc) foi capaz de construir algo tão grandioso.

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Entrada da pirâmide:

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Os blocos de pedra são enormes e pesam cerca de 15 toneladas cada um !!!

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Muitos camelos !

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Pirâmide de Quéfren, apenas 15 metros mais baixa que a de Quéops:

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Uma das pequenas pirâmides periféricas de Quéops, onde foram enterrados os parentes próximos do faraó:

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Algo interessante é que as pirâmides ficam exatamente onde termina a cidade-favela de Giza e começa o deserto do Sahara. Eu imaginava que as pirâmides ficassem no meio do deserto e que não fosse possível ver a cidade, mas elas estão lado a lado. A poucos passos das pirâmides há um McDonald's !!! Repare nesta foto, tirada ao lado das pirâmides, como está próxima a cidade (ao fundo):

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Video que gravei fazendo um 360 graus para mostrar as 3 pirâmides de um lado, e do outro a imensidão do Deserto do Sahara:

O Sahara infinito !!!

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Pirâmide de Miquerinos:

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As pirâmides de Quéops (ao fundo) e Quéfren:

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A Esfinge (bem menor do que eu imaginava !)

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O Sascha sendo abordado por vendedores-mirins. Eles não desistiam enquanto não conseguiam vender uns cartões-postais. Encheram tanto o saco dele, que ele acabou comprando. Os egípcios desde cedo aprendem a arte da negociação !!!

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Uma decepção da viagem foi que não conseguimos entrar nas pirâmides, pois já era 17h, e elas já haviam sido fechadas para visitação ! Mas dizem que a primeira coisa que você pensa ao entrar nelas, é em sair o mais rápido possível, devido ao calor !!! Mesmo assim valeu muito a pena vê-las por fora, e admirar este Patrimônio da Humanidade que há tanto tempo eu sonhava em conhecer.

Comemos no McDonald's em frente às pirâmides, pegamos um taxi de volta para o centro do Cairo, e fomos para o hotel tomar um banho. Eu realmente estava precisando de um banho bem gelado. Estava completamente ensopado de suor e sujo de poeira do deserto.

De noite saímos para comer um sanduíche de kafta numa lanchonete em frente ao hotel. Saímos de bermuda, camiseta regata e chinelo. As pessoas nas ruas nos olhavam como se fossemos ETs ! Mesmo com um calor intenso, todos os homens egípcios usam calças jeans e camisas com manga. As mulheres jamais mostram as pernas, ombros e barriga. A maioria usa véu cobrindo a cabeça e saias de "crente" até a canela. Algumas são mais "moderninhas": abandonaram o véu e usam calça jeans à maneira ocidental, mas as roupas nunca são decotadas. Não é aconselhável que homens ocidentais puxem conversa com as egípcias, pois podem ser repreendidos pelos homens locais. Na lanchonete, pedimos um combo de saduíche de kafta com fritas e refrigerante, que custou apenas o equivalente a R$5 !

Uma coisa que me chamou a atenção no Cairo foi a sensação de segurança. Apesar de ser um país bem mais pobre que o Brasil, o Egito é muito mais seguro. Roubos a turistas são muito raros. O policiamento é ostensivo (vimos policiais por todos os lugares onde andamos), leis duras (inclusive com pena de morte), e a extrema religiosidade dos árabes islâmicos acabam contribuindo fortemente para o baixo índice de crimes. O único problema são os atentados praticados por terroristas de grupos fundamentalistas islâmicos, como o Al Qaeda de Bin Laden. De 2004 a 2009 foram praticados 5 atentados no país (2 no Cairo, 1 em Taba, 1 em Dahab e 1 em Sharm-el-Sheik), todos matando e ferindo dezenas de turistas estrangeiros.

Outra coisa esquisita, pelo menos para os olhos de um brasileiro, é a total ausência de bares na cidade, por um motivo muito simples: os islâmicos não consomem álcool ! Por isso, no lugar de bares, vimos muitos cafés, que eram uma espécie de "Clube do Bolinha", pois a presença de mulheres não é permitida. Nestes cafés, os egípcios se reunem para jogar gamão, fumar narguilê e tomar chá.

Cairo é uma das metrópoles mais secas do mundo. Só chove em média duas vezes por ano na cidade. Não existem bueiros na cidade, algo absolutamente desnecessário lá. O resultado disso é que as ruas, carros e prédios tem um aspecto empoeirado, e as árvores são escassas.

Também estranhei a falta de lixeiras nas ruas. As pessoas simplesmente jogam os papéis na rua. Comprei um pacote de biscoito e tive que carregar o lixo na mochila porque não encontrei nenhuma lixeira no caminho de volta para o albergue.

Pegamos um taxi para a rodoviária, que ficava ao lado de um favelão terrível. Compramos nossas passagens para Dahab, na Península do Sinai, para o dia seguinte às 7h da manhã.

Esta era a minha passagem. Não dava pra entender absolutamente nada !!! Nem mesmo o horário de partida !!!

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Voltamos pro hotel e fomos dormir cedo.

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