terça-feira, 2 de junho de 2009

[Mochilão 6] Dia 13: São Francisco

Sol e céu azul ! Mesmo estando ainda meio frio, era um dia perfeito para dar uma volta de bicicleta.

Compramos nosso café da manhã no mercado em frente ao albergue, e fomos até a Market Street pegar o bonde no ponto final. Para chegar ate lá, andamos pelas mesmas ruas sinistras que tinhamos andado ontem pra chegar no Taco Bell. Estava tudo igual: mendigos, gente consumindo droga, grupos de "figuras" mal encaradas nas esquinas observando as pessoas passando. A diferença é que dessa vez estava de dia. Comecei a observar que as pessoas passavam pelas calçadas tranquilas, despreocupadas, e não pareciam intimidadas com os seres bizarros que estavam no caminho. Vi inclusive uma velhinha e um cara de roupa social com uma mochila de notebook andando despreocupados numa calçada cheia de criaturas sinistras, que pareciam ter saído daqueles guetos no Bronx que aparecem nos filmes policiais. Foi aí que eu vi que meu medo não tinha fundamento. O problema era o meu instinto de sobrevivência brasileiro que teimava em associar aquelas criaturas a algo perigoso.

Chegamos no ponto final do bonde, e pegamos uma fila meio grande pra poder embarcar. Ao chegar no Fisherman's Wharf, fomos numa loja de aluguel de bicicletas e saimos pedalando. São Francisco é uma cidade bem preparada para os ciclistas. Tem muitas ciclovias como o Rio. Fomos seguindo uma ciclovia que ia pela orla, em direção a Golden Gate Bridge. Fizemos a primeira parada num pequeno pier com vista pro centro da cidade:

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Eu e Novello no pier, e a Ilha de Alcatraz no fundo:

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Os dois camelos que nos levaram pra dar uma volta pela cidade:

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Pedalando pela ciclovia em direção a Golden Gate:

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Pausa para foto em frente ao cartão postal de São Francisco, a famosa Golden Gate Bridge:

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As bicicletas eram muito boas, tinham câmbio e freio a disco. Isso ajudou e muito no passeio, pois pegamos muitas subida. Pegamos uma ciclovia íngreme e sinuosa pra conseguir subir na ponte. Deu uma canseira sinistra, e era só o começo !!!

Essa era a entrada da ponte. Uma placa com um monte de regras, bem do jeito que os americanos gostam:

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Atravessando a ponte !!!

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Ao chegar do outro lado da ponte, pedalamos ainda alguns kilômetros por uma estrada cheia de ladeiras até chegar a Sausalito, uma pequena cidade que achei muito linda. É montanhosa e cheia de casas charmosas à beira mar. Me fez lembrar a Joatinga, no Rio, com a diferença que as casas não tinham muros, nem grades.

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Parei pra tirar uma foto e quando olhei pro lado, o Novello sumiu. Nem sinal dele. Na verdade, eu estava tão impressionado com aquele lugar, que acabei nem reparando se o Novello tinha ficado pra trás, ou se tinha me passado. Resolvi dar um tempo pra ver se ele aparecia. Passaram-se 5 minutos e nada. Voltei um pouco pra procurar ele, e não o encontrei. Pedalei mais uns 5 km até encontrar com ele parado numa sombra descansando.

Até Sausalito já tinhamos pedalado 13Km, e havia a opção de voltar pra São Francisco de ferry boat, ou então continuar mais 13km até Tiburon, uma outra cidade. É claro que preferimos continuar.

No caminho, a ciclovia passa por lugares muito bonitos e tranquilos. Passamos por um parque onde um grupo de crianças na faixa de 5 anos jogavam baseball. Próximo dali, alguns moradores aproveitavam o sol e a temperatura amena para fazer um "barbecue" (churrasco) ao ar livre. Dava pra perceber que eles estavam felizes da vida com o sol. Ele provavelmente não deve dar muito as caras por lá.

A ciclovia atravessou uma auto-estrada por baixo dela, num trecho em que ela subia um viaduto. Aproveitamos e paramos num posto que tinha loja de conveniência pra comprar nosso almoço: um sanduíche enorme e um suco. Estávamos meio perdidos, pois naquele trecho a ciclovia não tinha placas. Perguntamos pro caixa da loja, que nos ajudou a encontrar o caminho correto.

Depois de um tempo pedalando, minhas pernas começaram a pedir arrego. Paramos várias vezes pra descansar, mais por minha culpa, do que pelo Novello. Teve uma subida que eu tive que ir empurrando a bicicleta, pois não estava aguentando mais de dor muscular. Tirei o casaco, depois de tanto esforço dava pra ficar só de camiseta.

Depois de 5 horas alternando pedalada, paradas para fotos e descansadas, chegamos ao destino final, a charmosa cidade de Tiburon, que me fez lembrar Camboinhas, em Niterói (sem os muros):

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Esperamos lá mais uns 20 minutos para pegar o Catamarã, que era parecido com o que liga o Rio a Niterói. Apareceram outros ciclistas, que também aguardavam pra voltar pra São Francisco. Quando o Catamarã chegou, os passageiros que desembarcaram pareciam estar voltando do trabalho pra casa, pelas roupas que usavam.

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Após alguns minutos de travessia, chegamos ao Pier 29, em frente ao Embarcadero. Ainda restavam 2km até a loja onde alugamos as bicicletas. Eu já estava me arrastando. Chegamos finalmente ao fim do passeio, que durou ao todo 6h, percorrendo 26km de ciclovias !

Pegamos o bonde de volta pro centro da cidade. Tomamos um banho no albergue, e fomos comer no Taco Bell, aquele mesmo que ficava numa rua sinistra. Dessa vez eu já tinha perdido o medo. As ruas estavam escuras e cheias de gente estranha. Chegamos no Taco Bell após caminhas várias quadras. Na fila do caixa havia um mendigo, dois negros no estilo "hip hop", um traveco, um mexicano e dois brasileiros (nós, hehe), todos em perfeita harmonia, mas sob o olhar atento do segurança que estava sentado próximo a porta. A comida era muito barata. Paguei no "combo" (um burrito, um taco e um refigerante de 700ml) apenas $4,50. Reparei que as redes de fast food nos EUA são frequentadas por gente mais humilde, o que não acontece no Brasil, onde são bem mais caras para o nosso poder aquisitivo.

Ao voltar pro albergue, fomos tomar uma cerveja num bar que havia no subsolo, onde a galera fazia uma social. Tinha uns fliperamas, uma mesa de totó e outra de sinuca. Já estavamos exaustos e fomos dormir. Esse era o quarto que dividimos com duas inglesas:

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