Chegandoooo !!!
Montanhas nevadas dos alpes japoneses:
Campos de arroz:
Chegueeeeeeei na terra do sol nascente !!!!!! Um sonho antigo se realizando
O voo teve a duração de 9h, e cheguei as 10h, hora de Tóquio. O fuso aqui é de 7 horas a mais em relação a Copenhague, e mais 12h em relação ao Brasil.
Na imigração, o policial foi bem simpático. Olhou o passaporte e falou “ohhh...Buraziruuu !”. Só olhou o visto, e me devolveu o passaporte sorrindo e falando “obirigadôôôôô !”
Fiquei impressionado com a rapidez com que as bagagens do voo chegaram. Logo quando cheguei na esteira, minha mochila já estava lá.
Ao passar pela alfândega, entreguei ao policial aquela declaração de “nada a declarar”, onde você marca se está trazendo drogas, armas, comida e outros produtos proibidos. Ele pediu meu passaporte e perguntou se eu estava trazendo algum dos itens proibidos. Eu disse que não e mostrei no papel que tinha marcado “não”. Ele perguntou de novo, como se quisesse ter certeza. Me revistou e pediu pra inspecionar a minha mochila pequena. Apareceu um outro policial, que levou meu notebook pra passar no raio-x. Enquanto esse segundo policial não voltava, o primeiro começou a fazer um monte de perguntas: Por que eu tinha ido para o Japão, qual era a minha profissão, o que eu tinha feito na Tailândia, Honk Kong, China, EUA, Rússia (olhando os vistos e carimbos do meu passaporte), para onde eu iria no Japão. Enfim...passei por uma sabatina extremamente desagradável, provavelmente por ser sul-americano. Achei totalmente desnecessário isso, pois já havia respondido as perguntas ao tirar o visto no consulado do Japão no Rio. O outro policial voltou com meu notebook, e eles ficaram conversando em japonês. Parece que eles estavam desconfiados de drogas escondidas, ou algo assim, mas depois do raio-x, me devolveram o notebook e me liberaram. Achei que eles fossem querer também revistar meu mochilão, mas não chegaram a fazer isso. Nunca havia passado por isso em nenhum país. É uma sensação ruim ser recebido dessa maneira depois de um vôo tão longo, porque fica a impressão de que você não é bem-vindo apenas por causa da sua nacionalidade. Como na imigração o policial foi bastante simpático, isso acabou compensando a má impressão causada pelo tratamento que recebi na alfândega.
No saguão de desembarque, fui no banheiro e tive a primeira experiência louca no Japão. O banheiro masculino na verdade era uma porta com dois botões grandes do lado: um vermelho e outro verde. Apertei o verde e a porta abriu automaticamente, correndo pro lado. Era um banheiro individual, com privada, mictório e pia dentro. Na parede, um monte de botões e um manual explicando como usá-los. Já havia lido antes que as privadas no Japão são todas assim, high-tech. Os botões servem pra regular a temperatura do assento, pra jogar um jato d´água (funcionando como um bidê), regular a temperatura, pressão e direção do jato. E ainda tinha outro botão que jogava um jato de ar quente para secar o traseiro. Hahaha, surreal !!!!
Tirei dinheiro num caixa eletrônico do Citibank no saguão de desembarque. Havia lido antes que os cartões emitidos fora do Japão não funcionam pra sacar dinheiro lá, mas o meu cartão Visa do Banco do Brasil funcionou sem problemas sacando na função débito (Visa Eletron / rede Plus). O único detalhe é que o valor não pode passar do limite de saque diário em reais (que no meu caso é de R$1000). Saquei 39 mil yens (o câmbio atual é de 40 yens pra um real). Nunca havia visto um caixa eletrônico como aquele. Ele até falava (em japonês e inglês) !!
Dinheiro japonês:
Agora começa o primeiro desafio: pegar o trem entre o aeroporto e a cidade de Tóquio. Propaganda de um trem de alta velocidade no aeroporto:
O aeroporto de Narita é bem distante, fica a 70 Km do centro de Tóquio. Taxi nem pensar, é uma fortuna. Para fazer esse trajeto de trem, há diversas opções de empresas, tipos de trens, trajetos e classes de assento diferentes. Tem um trem de alta velocidade chamado Narita Express (da empresa Japan Rail) que é caríssimo (3000 yens, equivalente a R$75) mas é a opção mais rápida para quem quer desembarcar no centro de Tóquio. Para mim não servia, porque ele não passa por Asakusa, o bairro onde estou hospedado. Tem também outro trem de alta velocidade chamado Skyliner, da empresa Keisei Railways, mas é caro também. Escolhi o trem Sky Access, dessa mesma empresa. É um trem expresso de velocidade média que liga os dois aeroportos de Tóquio (Narita e Haneda) passando por Asakusa. Esse trem é mais barato. Paguei 1240 yens (R$30) num guichê dessa empresa. A funcionária me explicou em inglês onde ficava a plataforma de embarque desse trem. Mais tranquilo do que eu esperava.
A plataforma de embarque:
O trem, que estava vazio. Achei que fosse estar lotado:
Um monitor mostrando as estações da linha:
Propaganda japonesa no trem:
Durante o trajeto, o trem foi parando em diversas estações e encheu, mas não chegou a ficar lotado, provavelmente por ser domingo. Eu era o único ocidental do vagão durante todo o trajeto até a estação Asakusa, que durou 1h.
Fiquei surpreso com a temperatura. Estava nublado, mas estava quente. Eu estava cozinhando com aquele casaco.
Desci do trem na plataforma em Asakusa e fiquei totalmente perdido. A estação tinha diversas saídas e eu não sabia qual delas era a mais próxima do meu albergue. Estava olhando um mapa que havia impresso no site do albergue, quando apareceu uma funcionária da empresa de trens, e perguntou em inglês se eu queria ajuda. Perguntou o nome do hotel para onde eu iria, e me indicou a saída correta. Agradeci com um “arigatô”, e ela deu aquela inclinadinha típica, com um sorriso. Caiu a ficha ! Estou mesmo no Japão !!!
Sair da estação foi um choque. Era como pisar num outro planeta. As ruas do bairro de Asakusa estavam repletas de gente. Quase todo mundo usava kimono e uns adereços na cabeça. Carros alegóricos passavam a todo momento com gente batendo tambores e tocando flautas. Diversos cortejos passavam carregando uns baús ornamentados e berrando coisas malucas em japonês. Eu não sabia pra onde olhar. Tudo era muito louco pra mim. Em 20 minutos já tinha batido mais de 40 fotos, e ainda estava com toda a bagagem nas costas !! A sensação que senti ao sair da estação e perambular pelas ruas era a mesma que um japonês teria ao desembarcar num dia de carnaval na estação General Osório em Ipanema, bem no meio de algum bloco !! Em outras palavras, uma experiência única !!! Sem preço ! Eu havia desembarcado bem no meio do Sanja Masturi, um dos principais festivais religiosos de Tóquio, que estava sendo realizado neste fim de semana. A data da minha visita a Toquio não foi escolhida por mim pra coincidir com o festival. Foi sorte mesmo. Só descobri isso depois, quando estava lendo sobre os festivais no guia.
O Sanja Matsuri homenageia os kami (espíritos) de pescadores que encontraram no século 7 no rio Sumida (que corta Tóquio) uma estátua de ouro de Kannon, a deusa budista da compaixão. Eles converteram-se ao budismo e foi construído um templo para guardar a estátua. Este templo é o Senso-ji, o mais antigo e o principal de Tóquio, onde até hoje fica guardada a estátua. Este templo fica justamente no bairro de Asakusa, onde desembarquei. Durante o Sanja Matsuri, cerca de 2 milhões de pessoas (!!) desfilam em cortejos pelas ruas do bairro, onde tocam flautas, taikos (tambores japoneses), cantam, dançam, seguem pequenos carros alegórios e veneram os mikoshi, que são pequenos santuários portáteis de madeira, que servem para transportar os kamis. Há diversos festivais religiosos ao longo do ano em diversas partes do país, cada um homenageando uma divindade diferente.
Cortejos de gente carregando mikoshis:
Carros alegóricos:
Meninas tocando tambores num palanque montado na calçada:
Riquixá:
Minhas costas começaram a doer, pois ainda estava carregando o mochilão. Precisava encontrar o albergue. Andar pelas ruas de Tóquio procurando por um endereço é uma aventura, pois o sistema de endereços no Japão é totalmente diferente. Nunca vi nada tão louco. Para começar, as ruas não tem nome (exceto as principais avenidas). Os bairros são subdivididos em partes numeradas, e os quarteirões também são numerados. Os endereços tem 3 números: o primeiro é o da parte do bairro, o segundo é o quarteirão, e o terceiro é o número da casa. O problema é que as casas não são numeradas em ordem ascendente, e sim de acordo com a ordem em que foram construídas (mais antigas tem o numero mais baixo). Para piorar, são poucos os imóveis que tem alguma placa indicando o número. Não vi em lugar nenhum placas indicando o número do quarteirão. O resultado é que o endereço em si pouco ajuda para localizar algum lugar. É como querer localizar algum endereço no Brasil sabendo só o CEP. Dentro de um bairro, todo mundo (incluindo aí os próprios japoneses) se orienta por referências, como “virar a direita depois do Burger King, andar duas quadras e virar a esquerda”, contando sempre com a ajuda de um mapa. As saídas das estações de metrô tem sempre uma placa com o mapa das redondezas, e os moradores de Tóquio usam muito isso pra se localizarem. Sair pelas ruas de Tóquio olhar o mapa é certeza absoluta de ficar horas perdido num planeta aliegínena. Eu, muito espertamente, imprimi o mapa do albergue com o “passo a passo” para chegar. O albergue (Khaosan Tokyo Kabuki) fica bem perto da entrada do templo Senso-ji.
Fiz o checkin. A recepcionista era muito simpática. Me mostrou o albergue e o quarto onde fiquei hospedado. Achei o albergue muito bom. É um prédio pequeno com elevador. A decoração da recepção e da entrada do prédio é toda tradicional japonesa. Para entrar, tem que deixar os sapatos na porta e andar descalço (ou de meias) por dentro do albergue. O quarto é para 4 pessoas (2 beliches), com banheiro dentro (e privada eletrônica também, marca Toshiba, heheheh) !!
Vista da janela, com o templo Senso-ji ao fundo:
Deixei minha bagagem lá, tomei uma ducha e voltei pra rua pra curtir mais o festival.
As ruas lotadas e Sky Tree Tower ao fundo. Essa foto ficou a cara do Japão: o tradicional convivendo sempre com o moderno.
Cortejos:
Um mikoshi de perto. Quando me aproximei, um velhinho de kimono apontou pro mikoshi e falou “photo ! photo !”, como quem quisesse dizer que eu podia tirar uma foto mais de perto. Depois, arranhando um inglês rudimentar, ele ficava tentando explicar o que era um mikoshi: “god inside !”
Pausa para descanso:
Um cortejo com crianças. Tradição passada de geração para geração:
Lanternas:
Um monte de papéis com ideogramas sendo vendidos nas calçadas. Não faço idéia do que seja:
Bateu uma fome bizarra. Olhei para o lado, e o que encontrei ? Um 7-Eleven, pra variar !!! Tinha um moooonte de coisas diferentes e loucas vendendo lá. Dava vontade de provar tudo.
Suco de....não sei !
Pão com milho:
Biscoitão de arroz:
Muito engraçado ver o caixa agradecendo dando aquela inclinada japonesa.
Mais fotos dos cortejos:
Uns videos que gravei:
Propaganda de sumô:
Tempurá:
Pratos japoneses:
Portal de entrada do templo Senso-ji. O templo estava lotado. Achei melhor pra deixar pra conhecer num outro dia.
O Japão também tem seus excluídos:
Uma escultura louca em cima de um prédio:
Era hora de enfrentar outro desafio: andar de metrô em Tóquio. A cidade tem duas empresas (Toei e Metro Tokyo) operando 13 linhas no total. Tem ainda uma outra linha de metrô de superfície (linha Yamamote) que é operada pela empresa JR Rail, a mesma que opera os trens de alta velocidade do Japão. Essa linha forma um anel ferroviário ao redor da cidade e é muito útil. Além disso, há diversas outras empresas operando muitas outras linhas de trem e monotrilho para os subúrbios de Tóquio. Entender o sistema de trens e metrô da cidade, para quem acaba de chegar, é complicado e assustador. Quando entrei na estação de metrô de Asakusa para comprar a passagem, tinha certeza de que não conseguiria chegar a lugar nenhum. Dá só uma olhada no mapa de linhas de metrô e trem de Tóquio:
Não há bilheterias nas estações de metrô daqui. Tem que comprar em caixas eletrônicos. Felizmente, os caixas tem um botão para escolher a versão do menu em inglês. Era só necessário escolher o tipo de passagem (avulsa ou passe diário) e o valor da passagem. Em Tóquio, dependendo do trajeto, paga-se preços diferentes pela passagem. Nas paredes há mapas de estações com o valor a ser pago para cada uma delas:
Quanto mais distante, mais caro. O detalhe principal é que se você está usando a linha de uma empresa e quer fazer baldeação para outra linha que é operada por outra empresa, terá que pagar outra passagem. E pra sair da estação, tem que inserir a passagem na roleta. Se perder a passagem, tem que pagar outra. Se você pagou um valor menor do que deveria, a roleta não libera sua saída. Nesse caso, tem um balcão do lado com um fiscal, onde você pode pagar a diferença.
Coloquei as moedas na máquina, peguei a passagem, passei na roleta, e deu tudo certo. Consegui !!!
As estações são escritas em hiragana (alfabeto silábico japonês), kanji (ideogramas chineses usados também no japonês), e romanji (transliteração para o alfabeto latino). Outra coisa boa é que as estações são numeradas, então se você se confundir com o nome, basta olhar o número.
Desembarquei na estação Yoyogi, na entrada do parque com o mesmo nome.
Como era domingo, queria dar uma volta por lá, pois sabia que era um dia de movimento. Dei só uma volta rápida pelas ruas das redondezas.
Uma loja da Sega, famosa empresa de videogames dos anos 90.
Já estava escurecendo e eu estava morto. Não aguentava mais andar. Peguei o metrô de volta pro albergue.
Nas ruas, o que mais se vê é isso: máquinas de bebidas (refrigerante, chá e café gelado, água, etc).
Uma bebida maluca que comprei e nem sei o que é:
Um restaurante tradicional perto do albergue:
Entrada de um karaokê:
Lanternas numa rua perto do albergue:
Passei na 7-Eleven pra comer mais alguma coisa antes de dormir.
Uma bebida chamada Calpis...sei lá o que era isso. Parecia uma Sprite.
Biscoito de arroz:
Em frente a entrada do templo Senso-ji, tinha um monte de gente ao redor de uns caras de kimono participando de um ritual louco. Em dupla, eles entravam na roda, ficavam pulando, gritando e depois viravam um pote de saquê.
Um vídeo que gravei:
Fui dormir cedo, 10 da noite. Tava exausto e virado, pois não tinha dormido no vôo.
Montanhas nevadas dos alpes japoneses:
Campos de arroz:
Chegueeeeeeei na terra do sol nascente !!!!!! Um sonho antigo se realizando
O voo teve a duração de 9h, e cheguei as 10h, hora de Tóquio. O fuso aqui é de 7 horas a mais em relação a Copenhague, e mais 12h em relação ao Brasil.
Na imigração, o policial foi bem simpático. Olhou o passaporte e falou “ohhh...Buraziruuu !”. Só olhou o visto, e me devolveu o passaporte sorrindo e falando “obirigadôôôôô !”
Fiquei impressionado com a rapidez com que as bagagens do voo chegaram. Logo quando cheguei na esteira, minha mochila já estava lá.
Ao passar pela alfândega, entreguei ao policial aquela declaração de “nada a declarar”, onde você marca se está trazendo drogas, armas, comida e outros produtos proibidos. Ele pediu meu passaporte e perguntou se eu estava trazendo algum dos itens proibidos. Eu disse que não e mostrei no papel que tinha marcado “não”. Ele perguntou de novo, como se quisesse ter certeza. Me revistou e pediu pra inspecionar a minha mochila pequena. Apareceu um outro policial, que levou meu notebook pra passar no raio-x. Enquanto esse segundo policial não voltava, o primeiro começou a fazer um monte de perguntas: Por que eu tinha ido para o Japão, qual era a minha profissão, o que eu tinha feito na Tailândia, Honk Kong, China, EUA, Rússia (olhando os vistos e carimbos do meu passaporte), para onde eu iria no Japão. Enfim...passei por uma sabatina extremamente desagradável, provavelmente por ser sul-americano. Achei totalmente desnecessário isso, pois já havia respondido as perguntas ao tirar o visto no consulado do Japão no Rio. O outro policial voltou com meu notebook, e eles ficaram conversando em japonês. Parece que eles estavam desconfiados de drogas escondidas, ou algo assim, mas depois do raio-x, me devolveram o notebook e me liberaram. Achei que eles fossem querer também revistar meu mochilão, mas não chegaram a fazer isso. Nunca havia passado por isso em nenhum país. É uma sensação ruim ser recebido dessa maneira depois de um vôo tão longo, porque fica a impressão de que você não é bem-vindo apenas por causa da sua nacionalidade. Como na imigração o policial foi bastante simpático, isso acabou compensando a má impressão causada pelo tratamento que recebi na alfândega.
No saguão de desembarque, fui no banheiro e tive a primeira experiência louca no Japão. O banheiro masculino na verdade era uma porta com dois botões grandes do lado: um vermelho e outro verde. Apertei o verde e a porta abriu automaticamente, correndo pro lado. Era um banheiro individual, com privada, mictório e pia dentro. Na parede, um monte de botões e um manual explicando como usá-los. Já havia lido antes que as privadas no Japão são todas assim, high-tech. Os botões servem pra regular a temperatura do assento, pra jogar um jato d´água (funcionando como um bidê), regular a temperatura, pressão e direção do jato. E ainda tinha outro botão que jogava um jato de ar quente para secar o traseiro. Hahaha, surreal !!!!
Tirei dinheiro num caixa eletrônico do Citibank no saguão de desembarque. Havia lido antes que os cartões emitidos fora do Japão não funcionam pra sacar dinheiro lá, mas o meu cartão Visa do Banco do Brasil funcionou sem problemas sacando na função débito (Visa Eletron / rede Plus). O único detalhe é que o valor não pode passar do limite de saque diário em reais (que no meu caso é de R$1000). Saquei 39 mil yens (o câmbio atual é de 40 yens pra um real). Nunca havia visto um caixa eletrônico como aquele. Ele até falava (em japonês e inglês) !!
Dinheiro japonês:
Agora começa o primeiro desafio: pegar o trem entre o aeroporto e a cidade de Tóquio. Propaganda de um trem de alta velocidade no aeroporto:
O aeroporto de Narita é bem distante, fica a 70 Km do centro de Tóquio. Taxi nem pensar, é uma fortuna. Para fazer esse trajeto de trem, há diversas opções de empresas, tipos de trens, trajetos e classes de assento diferentes. Tem um trem de alta velocidade chamado Narita Express (da empresa Japan Rail) que é caríssimo (3000 yens, equivalente a R$75) mas é a opção mais rápida para quem quer desembarcar no centro de Tóquio. Para mim não servia, porque ele não passa por Asakusa, o bairro onde estou hospedado. Tem também outro trem de alta velocidade chamado Skyliner, da empresa Keisei Railways, mas é caro também. Escolhi o trem Sky Access, dessa mesma empresa. É um trem expresso de velocidade média que liga os dois aeroportos de Tóquio (Narita e Haneda) passando por Asakusa. Esse trem é mais barato. Paguei 1240 yens (R$30) num guichê dessa empresa. A funcionária me explicou em inglês onde ficava a plataforma de embarque desse trem. Mais tranquilo do que eu esperava.
A plataforma de embarque:
O trem, que estava vazio. Achei que fosse estar lotado:
Um monitor mostrando as estações da linha:
Propaganda japonesa no trem:
Durante o trajeto, o trem foi parando em diversas estações e encheu, mas não chegou a ficar lotado, provavelmente por ser domingo. Eu era o único ocidental do vagão durante todo o trajeto até a estação Asakusa, que durou 1h.
Fiquei surpreso com a temperatura. Estava nublado, mas estava quente. Eu estava cozinhando com aquele casaco.
Desci do trem na plataforma em Asakusa e fiquei totalmente perdido. A estação tinha diversas saídas e eu não sabia qual delas era a mais próxima do meu albergue. Estava olhando um mapa que havia impresso no site do albergue, quando apareceu uma funcionária da empresa de trens, e perguntou em inglês se eu queria ajuda. Perguntou o nome do hotel para onde eu iria, e me indicou a saída correta. Agradeci com um “arigatô”, e ela deu aquela inclinadinha típica, com um sorriso. Caiu a ficha ! Estou mesmo no Japão !!!
Sair da estação foi um choque. Era como pisar num outro planeta. As ruas do bairro de Asakusa estavam repletas de gente. Quase todo mundo usava kimono e uns adereços na cabeça. Carros alegóricos passavam a todo momento com gente batendo tambores e tocando flautas. Diversos cortejos passavam carregando uns baús ornamentados e berrando coisas malucas em japonês. Eu não sabia pra onde olhar. Tudo era muito louco pra mim. Em 20 minutos já tinha batido mais de 40 fotos, e ainda estava com toda a bagagem nas costas !! A sensação que senti ao sair da estação e perambular pelas ruas era a mesma que um japonês teria ao desembarcar num dia de carnaval na estação General Osório em Ipanema, bem no meio de algum bloco !! Em outras palavras, uma experiência única !!! Sem preço ! Eu havia desembarcado bem no meio do Sanja Masturi, um dos principais festivais religiosos de Tóquio, que estava sendo realizado neste fim de semana. A data da minha visita a Toquio não foi escolhida por mim pra coincidir com o festival. Foi sorte mesmo. Só descobri isso depois, quando estava lendo sobre os festivais no guia.
O Sanja Matsuri homenageia os kami (espíritos) de pescadores que encontraram no século 7 no rio Sumida (que corta Tóquio) uma estátua de ouro de Kannon, a deusa budista da compaixão. Eles converteram-se ao budismo e foi construído um templo para guardar a estátua. Este templo é o Senso-ji, o mais antigo e o principal de Tóquio, onde até hoje fica guardada a estátua. Este templo fica justamente no bairro de Asakusa, onde desembarquei. Durante o Sanja Matsuri, cerca de 2 milhões de pessoas (!!) desfilam em cortejos pelas ruas do bairro, onde tocam flautas, taikos (tambores japoneses), cantam, dançam, seguem pequenos carros alegórios e veneram os mikoshi, que são pequenos santuários portáteis de madeira, que servem para transportar os kamis. Há diversos festivais religiosos ao longo do ano em diversas partes do país, cada um homenageando uma divindade diferente.
Cortejos de gente carregando mikoshis:
Carros alegóricos:
Meninas tocando tambores num palanque montado na calçada:
Riquixá:
Minhas costas começaram a doer, pois ainda estava carregando o mochilão. Precisava encontrar o albergue. Andar pelas ruas de Tóquio procurando por um endereço é uma aventura, pois o sistema de endereços no Japão é totalmente diferente. Nunca vi nada tão louco. Para começar, as ruas não tem nome (exceto as principais avenidas). Os bairros são subdivididos em partes numeradas, e os quarteirões também são numerados. Os endereços tem 3 números: o primeiro é o da parte do bairro, o segundo é o quarteirão, e o terceiro é o número da casa. O problema é que as casas não são numeradas em ordem ascendente, e sim de acordo com a ordem em que foram construídas (mais antigas tem o numero mais baixo). Para piorar, são poucos os imóveis que tem alguma placa indicando o número. Não vi em lugar nenhum placas indicando o número do quarteirão. O resultado é que o endereço em si pouco ajuda para localizar algum lugar. É como querer localizar algum endereço no Brasil sabendo só o CEP. Dentro de um bairro, todo mundo (incluindo aí os próprios japoneses) se orienta por referências, como “virar a direita depois do Burger King, andar duas quadras e virar a esquerda”, contando sempre com a ajuda de um mapa. As saídas das estações de metrô tem sempre uma placa com o mapa das redondezas, e os moradores de Tóquio usam muito isso pra se localizarem. Sair pelas ruas de Tóquio olhar o mapa é certeza absoluta de ficar horas perdido num planeta aliegínena. Eu, muito espertamente, imprimi o mapa do albergue com o “passo a passo” para chegar. O albergue (Khaosan Tokyo Kabuki) fica bem perto da entrada do templo Senso-ji.
Fiz o checkin. A recepcionista era muito simpática. Me mostrou o albergue e o quarto onde fiquei hospedado. Achei o albergue muito bom. É um prédio pequeno com elevador. A decoração da recepção e da entrada do prédio é toda tradicional japonesa. Para entrar, tem que deixar os sapatos na porta e andar descalço (ou de meias) por dentro do albergue. O quarto é para 4 pessoas (2 beliches), com banheiro dentro (e privada eletrônica também, marca Toshiba, heheheh) !!
Vista da janela, com o templo Senso-ji ao fundo:
Deixei minha bagagem lá, tomei uma ducha e voltei pra rua pra curtir mais o festival.
As ruas lotadas e Sky Tree Tower ao fundo. Essa foto ficou a cara do Japão: o tradicional convivendo sempre com o moderno.
Cortejos:
Um mikoshi de perto. Quando me aproximei, um velhinho de kimono apontou pro mikoshi e falou “photo ! photo !”, como quem quisesse dizer que eu podia tirar uma foto mais de perto. Depois, arranhando um inglês rudimentar, ele ficava tentando explicar o que era um mikoshi: “god inside !”
Pausa para descanso:
Um cortejo com crianças. Tradição passada de geração para geração:
Lanternas:
Um monte de papéis com ideogramas sendo vendidos nas calçadas. Não faço idéia do que seja:
Bateu uma fome bizarra. Olhei para o lado, e o que encontrei ? Um 7-Eleven, pra variar !!! Tinha um moooonte de coisas diferentes e loucas vendendo lá. Dava vontade de provar tudo.
Suco de....não sei !
Pão com milho:
Biscoitão de arroz:
Muito engraçado ver o caixa agradecendo dando aquela inclinada japonesa.
Mais fotos dos cortejos:
Uns videos que gravei:
Tempurá:
Pratos japoneses:
Portal de entrada do templo Senso-ji. O templo estava lotado. Achei melhor pra deixar pra conhecer num outro dia.
O Japão também tem seus excluídos:
Uma escultura louca em cima de um prédio:
Era hora de enfrentar outro desafio: andar de metrô em Tóquio. A cidade tem duas empresas (Toei e Metro Tokyo) operando 13 linhas no total. Tem ainda uma outra linha de metrô de superfície (linha Yamamote) que é operada pela empresa JR Rail, a mesma que opera os trens de alta velocidade do Japão. Essa linha forma um anel ferroviário ao redor da cidade e é muito útil. Além disso, há diversas outras empresas operando muitas outras linhas de trem e monotrilho para os subúrbios de Tóquio. Entender o sistema de trens e metrô da cidade, para quem acaba de chegar, é complicado e assustador. Quando entrei na estação de metrô de Asakusa para comprar a passagem, tinha certeza de que não conseguiria chegar a lugar nenhum. Dá só uma olhada no mapa de linhas de metrô e trem de Tóquio:
Não há bilheterias nas estações de metrô daqui. Tem que comprar em caixas eletrônicos. Felizmente, os caixas tem um botão para escolher a versão do menu em inglês. Era só necessário escolher o tipo de passagem (avulsa ou passe diário) e o valor da passagem. Em Tóquio, dependendo do trajeto, paga-se preços diferentes pela passagem. Nas paredes há mapas de estações com o valor a ser pago para cada uma delas:
Quanto mais distante, mais caro. O detalhe principal é que se você está usando a linha de uma empresa e quer fazer baldeação para outra linha que é operada por outra empresa, terá que pagar outra passagem. E pra sair da estação, tem que inserir a passagem na roleta. Se perder a passagem, tem que pagar outra. Se você pagou um valor menor do que deveria, a roleta não libera sua saída. Nesse caso, tem um balcão do lado com um fiscal, onde você pode pagar a diferença.
Coloquei as moedas na máquina, peguei a passagem, passei na roleta, e deu tudo certo. Consegui !!!
As estações são escritas em hiragana (alfabeto silábico japonês), kanji (ideogramas chineses usados também no japonês), e romanji (transliteração para o alfabeto latino). Outra coisa boa é que as estações são numeradas, então se você se confundir com o nome, basta olhar o número.
Desembarquei na estação Yoyogi, na entrada do parque com o mesmo nome.
Como era domingo, queria dar uma volta por lá, pois sabia que era um dia de movimento. Dei só uma volta rápida pelas ruas das redondezas.
Uma loja da Sega, famosa empresa de videogames dos anos 90.
Já estava escurecendo e eu estava morto. Não aguentava mais andar. Peguei o metrô de volta pro albergue.
Nas ruas, o que mais se vê é isso: máquinas de bebidas (refrigerante, chá e café gelado, água, etc).
Uma bebida maluca que comprei e nem sei o que é:
Um restaurante tradicional perto do albergue:
Entrada de um karaokê:
Lanternas numa rua perto do albergue:
Passei na 7-Eleven pra comer mais alguma coisa antes de dormir.
Uma bebida chamada Calpis...sei lá o que era isso. Parecia uma Sprite.
Biscoito de arroz:
Em frente a entrada do templo Senso-ji, tinha um monte de gente ao redor de uns caras de kimono participando de um ritual louco. Em dupla, eles entravam na roda, ficavam pulando, gritando e depois viravam um pote de saquê.
Um vídeo que gravei:
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