Temperatura: -5 graus. Um frio de lascar.
O sol ainda não tinha nem nascido quando o taxi chegou no hotel para nos buscar e levar para o aeroporto.
O taxista cobrou 80 Bs (R$27) para nos levar até o aeroporto, um trajeto de apenas 1 Km. Era um valor abusivo, mas não tínhamos muita opção de madrugada.
Chegada ao pequeno aeroporto de Uyuni:
As placas no aeroporto estavam escritas também no idioma quechua:
Para embarcar, tivemos que pagar uma taxa de 11 Bs (R$3,70).
Embarcando no voo da empresa boliviana Amaszonas:
O voo até La Paz durou apenas 45 min. Pagamos 899 Bs (R$300) na passagem, mas valeu cada centavo. A outra opção (bem mais barata) seria ir de ônibus noturno, mas pelo que andei vendo na internet, é uma viagem terrível de 12h sacolejando por uma estrada cheia de buracos. Depois de 3 dias de rally com nível de conforto precário, merecíamos uma noite bem dormida num hotel descente (com calefação e chuveiro quente, itens obrigatórios), e neste ônibus daria para fazer tudo, menos dormir.
O aeroporto de La Paz é o mais alto do mundo (4100m). Há tubos de oxigênio a disposição dos passageiros no desembarque, pois muita gente que chega de lugares mais baixos passa mal ao chegar lá. Como já era no nosso 4o dia em altitudes acima de 4000m, não mudou nada para gente. Eu sentia uma leve dor de cabeça e um pouco de falta de ar de vez em quando.
O taxi até o centro da cidade custou 60 Bs (R$20), preço fixo. No caminho, fomos descendo por uma via expressa até o centro da cidade, que fica numa parte 400m mais abaixo. No caminho, vimos um teleférico semelhante ao do Complexo do Alemão.
Na chegada ao centro, deu para ver como o trânsito de lá é bagunçado, cheio de vans e "busetas" (micro-ônibus). Muitos camelôs pelas calçadas também:
Nosso taxi quando chegamos ao hotel:
O Hotel Berlina, onde nos hospedamos. O quarto quádruplo saiu por 178 Bs (R$60) por pessoa em quarto quádruplo com calefação. Foi um preço alto para os padrões bolivianos. Há opções mais em conta no centro de La Paz em pousadas mais simples, mas preferimos pagar um pouco mais para ter algum conforto.
Chegamos no hotel às 9h da manhã, e o check in era só às 14h, mas a recepcionista nos deixou entrar no quarto antecipadamente.
Vista da janela:
Mesmo tendo pago apenas uma diária, nos deixaram tomar o café da manhã:
Folhas de coca para os hóspedes mascarem e amenizarem os efeitos da altitude:
O café era servido no último andar do hotel, com vista panorâmica:
Calefação:
Bonecos representando as etnias indígenas bolivianas:
A Calle Illampu, onde fica o hotel:
Próximo dali, o mercado de las brujas, onde são vendidos artigos de bruxaria indígena:
Fetos de lhama ressecados (!!!):
Artigos de bruxaria e esoterismo:
Lojas de roupas de lã:
Ruas de pedestres:
Cabos de luz formando um emaranhado bizarro:
Museo de la Coca, que conta a história da folha de coca:
A folha de coca desempenha um papel na história, cultura e tradições dos povos andinos. É cultivada há milhares de anos. Os primeiros povos indígenas que habitaram a região a veneravam e a utilizavam para espantar os maus espíritos dos lares e plantações.
Os incas, séculos depois, a utilizavam em rituaise na medicina, como anestésico.
A folha produz uma reação metabólica no corpo, aumentando a resistência ao cansaço, ajudando no processo de aclimatação às altitudes acima de 3500m. A folha de coca pode ser mascada ou utilizada no preparo de chás (mate de coca).
Plantações no norte da Bolívia:
No Brasil, a folha de coca é vista de forma negativa como algo ilícito, como uma droga ou algo que "dá onda". Associamos seu cultivo ao tráfico de drogas e a produção da cocaína. É uma visão míope e preconceituosa. Trata-se de uma erva benéfica à saúde e altamente nutritiva. A cocaína, essa sim, é produzida ilegalmente a partir da folha de coca e diversos outros componentes químicos (como cal,
ácido sulfúrico e amoníaco).
O governo boliviano estimula a produção da coca porque seu consumo faz parte da cultura e da tradição dos povos andinos, sem falar nas milhares de famílias bolivianas que dependem do plantio da coca para sobreviver. É uma questão delicada. O outro lado da moeda é o justo combate ao tráfico de drogas amplamente apoiado pelos EUA, país onde está 50% do consumo mundial de cocaína (apesar de ter apenas 5% da população mundial). Ironicamente, a coca é um dos insumos fundamentais para a produção do refrigerante mais consumindo no mundo, a coca-cola. Notícia de um jornal boliviano de alguns anos atrás: "EUA compram 204 toneladas de coca para a Coca-Cola".
Igreja e praça de São Francisco:
As "busetas", como são chamados os velhos e coloridos ônibus que circulam por La Paz:
Há também diversas linhas de van pela cidade, contribuindo para tornar o trânsito da cidade mais caótico:
Engraxate:
Em La Paz é muito comum ver senhoras de etnia aimará (indígenas) trabalhando nessas pequenas bancas nas ruas como doleiras, algo impensável de ser ver no Brasil por causa da questão da segurança. La Paz, mesmo sendo uma cidade de 2 milhões de habitantes, é considerada segura para os nossos padrões.
Uma rua de pedestres cheia de camelôs:
Propaganda de um restaurante de "pollos a la broster" (frango assado), prato muito comum na Bolívia:
Teatro municipal:
Calle Jaén, uma rua com construções coloniais que lembram o Pelourinho em Salvador. Esta rua tem vários pequenos museus.
Mapa da bolívia com os diferentes instrumentos musicais típicos de cada região:
Flautas andinas:
Tambores:
O museu tinha diversos instrumentos disponíveis para os visitantes "brincarem" de tocar:
Posters de integrantes de bandas de música tradicional boliviana:
Indígena tocando uma flauta andina:
Saímos do museu e fomos para a Plaza Murillo, a principal da cidade, onde ficam os principais edifícios administrativos do governo boliviano. Esta praça estava repleta de pombos.
Família boliviana posando para uma foto:
Catedral de La Paz:
Palacio Quemado, sede do governo boliviano:
Guardas na entrada do palácio:
Avenida Mariscal Santa Cruz, a principal do centro de La Paz:
Plava avisando sobre rodízio de veículos, como é feito em São Paulo:
Almoçamos no restaurante Sol y Luna. Mesmo sendo "pra gringo", tinha preços bem em conta.
Pagamos num menu com entrada, prato principal e sobremesa 48 Bs (R$16). Tomei ainda uma cerveja artesanal Saya Ambar (Pale Ale) 500ml por 24 Bs (R$8).
Sopa de entrada:
Silpancho Cochabambino, prato típico de Cochabamba (bife a milanesa, arroz, ovo frito e batata cozida).
Fomos depois no Mirador Killi Killi, um mirante com a vista da cidade. Fica próximo do centro, mas para subir é melhor pegar um taxi. Pagamos 20 Bs (R$7) pela corrida. O preço é fechado antecipadamente, pois os taxis não tem taxímetro.
La Paz é uma cidade bastante peculiar. Tem uma pequena parte rica e bem cuidada, com prédios comerciais e residenciais altos, que fica na região central da cidade, mais baixa. Os bairros mais pobres ficam ao redor, nas partes mais altas. A aparência é a de um grande favelão com uma pequena parte bem cuidada no meio.
Pegamos taxi novamente para conhecer Sopocachi, um dos bairros nobres da cidade. Que diferença. Ruas arborizadas, muitos restaurantes, bares, lojas e prédios residenciais. Lembra um bairro de classe média de uma cidade brasileira qualquer. A corrida de taxi deu 20 Bs (R$7) também. Aliás, qualquer corrida de curta/média distância dentro de La Paz aparentemente custa isso.
Demos uma passada na rodoviária para comprar nossa passagem de ônibus para Copacabana.
Chamou a atenção que a empresa não tem um sistema informatizado. Pagamos a passagem e tivemos que escrever nossos nomes num livro onde já estavam os nomes de outros passageiros.
Mercado Lanza, uma espécie de "mercadão da uruguaiana" :
Há diversas barracas vendendo sucos, lanches e comidas diversas. Muitas estavam fechadas por ser domingo. Outras barracas vendiam DVDs piratas:
Uma rua próxima do mercado:
Na praça São Francisco, um artista de rua divertia dezenas de bolivianos:
Voltamos pro hotel e demos uma descansada.
De noite, fomos jantar no Oliver's, um pub próximo ao hotel. Era também um lugar "pra gringo". Tirando os funcionários, só tinha estrangeiro lá.
Comi um sanduíche de frango e guacamole por 42 Bs (R$14) e tomei uma cerveja boliviana Ch'ama, de folha de coca, por 25 Bs (R$8,30).
O bar estava bem fraco, talvez por ser domingo. Só terminamos de comer e voltamos pro hotel.
Nossa, cara, a Bolívia é feia que dói. A terra de Evo Morales passa pelo mesmo que a Venezuela chavista e o Brasil lulista. Preços exorbitantes e que o povo viva de ideologia.
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