É normal madrugar em Aguascalientes para chegar cedo a Machu Picchu, evitando assim a enxurrada de turistas que começam a chegar por volta das 10h nos primeiros trens que saem de Poroy (cidade vizinha a Cusco). O primeiro ônibus para Machu Picchu sai de Aguascalientes às 5h.
Ao chegar no ponto de ônibus, a surpresa: a fila já estava enooooorme. Isso às 6:30 da manhã !
É necessário primeiro entrar numa fila para comprar o ingresso do ônibus num caixa que tem em frente ao ponto. Custou 54 soles ida e volta = R$42,50. A fila para embarcar no ônibus é outra.
Para entrar em Machu Picchu é necessário fazer uma reserva antecipada para o dia desejado da visita e pagar 126 soles (R$100) no site http://www.machupicchu.gob.pe. Só aceitam pagamento com cartão VISA. Você até pode chegar em Aguascalientes sem reserva e pagar a taxa na hora, mas é grande a chance de que não tenha mais disponibilidade para o dia. São aceitos por dia somente 2500 visitantes, e praticamente todo mundo faz a reserva no site com semanas de antecedência.
Enquanto estávamos na fila, um guarda pediu para olhar minha reserva de Machu Picchu. Para minha surpresa, ele disse que a reserva não tinha o pagamento registrado, e que eu tinha que resolver isso num guichê que ficava a uma quadra de lá. A reserva do Ronaldo estava ok. Fui correndo pra lá, enquanto ele ficou segurando o lugar na fila. Por sorte, esse guichê tinha uma fila pequena. Quando chegou na minha vez, a atendente pediu pra ver meu papel, digitou alguma coisa no computador, fez uma cara feia, e disse que minha reserva não tinha sido encontrada no sistema. Oi ?! Eu falei que havia feito a reserva pelo site, e que o pagamento tinha sido feito por cartão Visa. Ela pesquisou novamente pelo meu nome (em vez de usar o número da reserva), e disse que minha reserva era outra (?!). Imprimiu um papel e me deu. Bem, foi só pra dar uma emoção. Voltei correndo pra fila do ônibus.
Até que a fila andou rápido. Chegava ônibus a cada 10 min.
O ônibus foi subindo por uma estrada de terra sinuosa montanha acima, e 30 min depois, chegamos à portaria do parque ecológico de Machu Picchu. Vários guias oferecem seus serviços aos turistas que chegam.
Fechamos com um guia uma visita de 2h por 15 soles/pessoa (R$11,80) indo num grupo de 4 pessoas. Tinha um casal uruguaio indo com a gente também. Nunca fui de fazer visitas com guia, mas acho que valeu muito a pena pelo preço e pelos detalhes que ele explicou sobre as ruínas que jamais saberíamos numa visita independente.
O sol esquentou e começou a fazer calor, já que Machu Picchu é bem mais baixo que Cusco (2500m e 3400m, respectivamente). Deu para ficar até sem casaco, coisa que não tinha feito ainda em nenhum momento na viagem.
Machu Picchu, a cidade perdidas dos incas, foi construída no século 14. Há diversas teorias sobre a sua real função, mas acredita-se que servia como local de descanso para os imperadores incas, além de ser um santuário religioso. Os conquistadores espanhóis que chegaram no século 16 não descobriram este lugar, que ficou escondido em meio as montanhas e à selva até 1911, quando um historiador americano foi levado até lá por um garoto indígena morador das redondezas. Os quechuas (indígenas) já sabiam da existência de uma cidade perdida em meio a selva, mas foi este americano que "redescobriu" as ruínas e permitiu que o resto do mundo tomasse conhecimento dele. Foi necessário um bom tempo para que toda a área fosse limpa e mapeada pelos arqueólogos.
A primeira visão que tivemos de Machu Picchu foi essa. Simplesmente espetacular !!!
O complexo de Machu Picchu ("montanha velha", na tradução do idioma quéchua) é dividida em duas áreas: uma agrícola e outra urbana. A divisão é feita por uma falha geológica que corta as montanhas desta região:
Na área agrícola podem ser observadas como eram avançadas as técnicas de cultivo dos incas, com os terraços agrícolas que eram preenchidos com diferentes tipos de material (pedra, cascalho, argila e terra de cultivo). Estes terraços tinham o propósito de evitar a criação de poças e erosões, dado o elevado índice pluviométrico da região.
O setor urbano chama a atenção com construções de pedras de várias toneladas engenhosamente encaixadas como se fossem peças de lego. Podem ser identificadas praças, santuários, fontes, tumbas e residências.
O Templo do Sol foi construído sobre uma rocha maciça, e era usado para cerimônias relacionadas ao solstício de verão:
Multidões de turistas caminhando por entre as ruínas:
Há um sistema fontes e aquedutos em funcionamento até hoje:
Outras áreas do setor urbano:
Vista das montanhas nevadas láaaa no fundo:
Vista dos terraços agrícolas:
Vista do vale a partir de uma janela:
Intiwatana, um relógio solar que servia para determinar o equinócio e o solstício:
Uma praça:
Vista da montanha Huayna Picchu ao fundo:
Uma residência reconstruída com teto de palha:
Lhamas passeando entre as ruínas:
Espelhos d'água, onde os incas observavam o Deus Sol:
Lhamas:
Outras fotos do setor urbano:
Nossa visita guiada chegou ao fim, e fomos subir a trilha de Huayna Picchu, a mística montanha que fica ao fundo das ruínas de Machu Picchu. Somente 400 visitantes são permitidos por dia, divididos em dois turnos: 7:00 às 8:00 e 10:00 às 11:00. O acesso só é permitido fazendo reserva antecipada no site http://www.machupicchu.gob.pe (junto com a reserva de entrada para Machu Picchu), pagando um adicional de 30 soles (R$24).
Fizemos reserva no período das 10h às 11h. Todos os visitantes assinam o nome num livro de controle numa guarita que fica na entrada da trilha. Quando voltam, ao saírem da trilha, assinam de novo. Desta forma, os guardas florestais tem o controle de quem subiu e desceu "são e salvo".
Fila para a entrada da trilha, onde é necessária a apresentação do papel com a reserva na guarita:
Mapa da trilha:
Iniciando a subida:
O rio Urubamba láaaaa embaixo:
Galera passando pela trilha:
Cerca de 40 minutos montanha acima, já dava pra ver Machu Picchu inteira lá embaixo. Percebe-se claramente como a cidade foi construída em forma de condor:
A trilha tem um nível de dificuldade moderado, e algumas pessoas sem preparo físico podem sentir dificuldade para subir. E tem também o ar rarefeito da altitude que faz todo mundo ficar sem fôlego. Entretanto, vi pessoas de diferentes idades e portes físicos subindo a trilha e "sobrevivendo" ao final dela.
Galera dando uma parada para descansar e tomar água:
Terraços no alto da montanha:
O trecho final da trilha tem uma pequena e apertada caverna por onde as pessoas tem que passar agachadas. Após subir numa pequena escada de madeira, chega-se à pedra que fica no topo da montanha:
Placa no alto da montanha:
O início da descida tem duas escadarias teeeensas ! Algumas pessoas (como eu) desceram sentados, degrau por degrau, porque os degraus são bem pequenos e não tem um corrimão onde você possa se apoiar. Dá bastante medo.
Passando por alguns terraços na trilha de descida, que no começo é diferente e depois se une à trilha de subida:
1 hora depois, chegamos sãos e salvos à guarita no início da trilha, onde assinamos o nome no livro de controle dos guardas florestais:
Lhamas:
Uma última foto em Machu Picchu, daquelas que entram para a categoria "cartão-postal" :-)
Como já passava das 14h, tínhamos que voltar a Aguascalientes para pegar nosso trem de volta à Cusco. Passamos 6h explorando as ruínas e mesmo assim não deu para ver tudo. A área é enorme e com certeza perdemos muitos detalhes, mas valeu MUITO A PENA ter conhecido esse lugar incrível e mágico !
Na portaria do parque, os turistas podem carimbar o passaporte com a visita ao Parque Arqueológico de Machu Picchu:
Havia uma fila enorme para o ônibus de volta para Aguascalientes. Muita gente prefere descer a estrada a pé, algo não recomendado para quem acabou de encarar a trilha de Huayna Picchu.
De volta a Aguascalientes:
Nosso trem saiu às 16:15. A passagem custou 217 soles (R$170) no site da Perurail.
Serviço de bordo:
Dessa vez deu para ver um pouco da paisagem no trajeto até Poroy (cidade vizinha a Cusco). Até chegar a Ollantaytambo, o trem vai margeando o rio Urubamba.
Foi feita uma rápida parada em Ollantaytambo, onde um funcionário da empresa de trens embarcou no vagão e devolveu nossa bagagem, que estava desde ontem guardada na estação.
Chegamos a Poroy às 20:20 (3:30h de viagem).
Ao desembarcar em Poroy, fomos abordados por diversos taxistas, que ofereciam altos valores para nos levar até nosso hostel em Cusco, a 11 km de distância. Um taxista começou oferecendo por 45 soles, depois baixou para 40, e quando nos afastamos, já tinha baixado para 35. Uma coisa eu aprendi nas viagens: nunca aceitar a oferta do primeiro taxista que te aborda. Sempre será o mais caro. Saímos da estação, e na rua conseguimos um taxi por 25 soles (R$19,50).
Nos hospedamos no mesmo hostel de antes, o Milhouse (57 soles = R$45 a diária por pessoa em quarto duplo).
Comemos num restaurante chinês em frente ao hotel. Pedi um macarrão com legumes e camarões. Estava bem ruim, mas pelo menos foi barato (18 soles = R$14).
Estas eram nossas últimas horas no Peru, e queríamos aproveitar cada momento. Nosso voo de volta para o Brasil era às 5:30 da manhã e teríamos que acordar às 3:00 para ir pro aeroporto. É claro que optamos por não dormir nada, curtir os últimos minutos ao máximo, e voltar virados ! :-)
Partimos pra night na Mama Africa, que estava bombando ! Entrada 10 soles (R$8), e cuba libre por 14 soles (R$11). Ficamos por lá até 4h da manhã.
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