segunda-feira, 18 de agosto de 2014

[Mochilão 12] Dia 11: La Paz - Copacabana

As férias do Sascha e Numb2 já estavam no final, e eles acordaram cedo pra pegar o voo de volta pro Rio. Eu e Ronaldo continuamos viajando por mais uma semana. Hoje foi dia de deixar La Paz e seguir viagem rumo a cidade de Copacabana, às margens do Lago Titicaca.

O ônibus da empresa 2 de Febrero passou no hotel de manhã cedo, às 7:30h, para nos buscar. Parou também em outros hotéis antes de pegar a estrada. Os chamados "ônibus turísticos" na Bolívia são assim, buscam os turistas nos hotéis. São "para gringo". No nosso ônibus, o único boliviano era o motorista. A passagem nesses ônibus, obvio, é bem mais cara que nas vans que os bolivianos usam para viajar. Mesmo assim, foi bem barata: apenas 30 Bs (R$10) para um trajeto de 4h (155 km). Tem que levar em consideração também o nível de conforto e segurança, bem melhores nos ônibus turísticos que nas vans.

O trajeto La Paz-Copacabana:



Nosso ônibus em frente ao hotel:



Pegamos um trânsito terrível na saída de La Paz. Subimos até El Alto, cidade vizinha onde fica o aeroporto, e percorremos muitos kilometros num trajeto infestado de vans até sair da cidade.


A empobrecida El Alto, com um aspecto favelizado e muitos vendedores ambulantes às margens da estrada:




Propagandas "soviéticas" do governo de Evo Morales na estrada: "Gás para todos os bolivianos nos 365 dias do ano".


"Construindo a nova Bolívia":


Depois de 1:30h de trânsito, finalmente trocamos o caos urbano pelas paisagens áridas do altiplano boliviano:


Passando pela primeira vez às margens do Lago Titicaca:



No meio do caminho, chegamos ao Estreito de Tiquina, onde todos os passageiros precisaram desembarcar.



Neste local, o lago forma uma passagem estreita:



Não há pontes para fazer a travessia. Os veículos atravessam em balsas:




Os passageiros atravessam o estreito em pequenas embarcações, pagando uma passagem de 2 Bs (R$0,66).



Estátua de índio do outro lado do estreito:



Embarcamos novamente no ônibus e continuamos a viagem.

Paisagem do Lago Titicaca na estrada. Este é o lago navegável mais alto do mundo, a 3820m de altitude.


Metade do Lago Titicaca pertence à Bolívia, metade ao Peru:



Depois de mais 1h de estrada, chegamos a Copacabana, que é bem pequena (6 mil habitantes).

Poucos sabem, mas foi esta cidade boliviana que emprestou o nome ao famoso bairro carioca, e não o contrário. É um nome indígena (idioma aymará). Uma réplica da imagem da Nossa Senhora de Copacabana, a padroeira da Bolívia, foi levada por comerciantes espanhóis para o Rio no século XIX. Foi construída uma capela para abrigá-la no posto 6, onde existe atualmente o Forte de Copacabana. Até então o bairro e a praia chamavam-se Sacopenapã, mas após a construção da capela, passaram a se chamar Copacabana.





Apesar do sol forte, a brisa vinda do lago era gelada. Fazia 12 graus.

Nos hospedamos no Hotel Los Andes del Lago. Diária em quarto duplo por 110 Bs (R$37). Foi o hotel mais barato da viagem.


Nosso quarto ficava no 3o andar, e não tinha elevador. Subir escadas numa altitude de quase 4000m dava a impressão que eu estava rebocando um trailler !




Vista da janela:




As rua da cidade tem muitos bares, restaurantes, mercados e agências de turismo. Copacabana depende totalmente do turismo. A cidade estava cheia de turistas de vários lugares do mundo, a grande maioria europeus. Vimos alguns poucos brasileiros. Lamentavelmente, a Bolívia ainda é um destino visto com desprezo no Brasil. Muitos amigos e colegas de trabalho torceram o nariz quando disse que ia visitar a Bolívia nas férias, demostrando um total desconhecimento sobre as atrações culturais, arqueológicas e belezas naturais deste incrível destino turístico.


Resolvemos subir o Cerro Calvario, um morro de onde se tem uma vista incrível da cidade e do lago.

A subida parecia fácil, mas mostrou-se extremamente difícil por causa do ar rarefeito. Mesmo subindo bem devagar, eu tinha que parar a cada 10m para respirar e tomar um pouco mais de fôlego. Me senti com 80 anos. E olha que tenho um bom condicionamento físico. Corro 3 vezes por semana e já corri a Meia Maratona do Rio 5 vezes. Vários velhinhos bolivianos, já habituados com a altitude, passavam voando por mim.


No meio do caminho, bolivianos faziam rituais em homenagem a Pacha Mama (mãe terra) cantando em aymará (idioma indígena). De vez em quando, um deles soltava bombinhas como aquelas que temos nas festas juninas do Brasil. No caminho até o alto do morro, 14 cruzes simbolizam a via-crucis de Jesus até o calvário. O sincretismo religioso em Copacabana é bem forte, com crenças indígenas se misturando ao catolicismo.



Muita sujeira no caminho, e pilhas enormes de garrafas de cerveja. Parece ser tradição o consumo de cerveja nas festas religiosas realizadas no local.


Depois de muito sacrifício, consegui chegar ao topo do morro:



Muitos camelôs vendiam casas e carros de brinquedo, utilizados como oferendas nos rituais:





A bela vista da cidade de Copacabana: 


No chão, restos de velas derretidas, confetes e garrafas de cervejas:


A incrível vista do Lago Titicaca:




Depois de descer, demos mais uma volta pela cidade.

Um fato curioso é que não se vê nenhuma lixeira pelas ruas de lá. As pessoas jogam o lixo na rua mesmo.

Os mercados da cidade curiosamente colocam as mercadorias do lado de fora, na calçada. Não há nenhuma preocupação com roubos.



Assim são vendidas as bebidas por lá: ao ar livre, na temperatura ambiente. Freezer pra que ? Comprei uma garrafa d'água e estava geladinha :-)



Padaria ao ar livre:


A Basílica de Nossa Senhora de Copacabana, onde está exposta a imagem da padroeira da Bolívia. Na entrada, uma índia aymará com trajes tradicionais tirava uma foto da filha usando um smartphone. A modernidade também chegou à Bolívia. :-)




Em frente à igreja, muitas barracas vendiam ornamentos religiosos:


Uma curiosa tradição local é a bênção aos veículos, chamada de "challa". Um sacerdote abençoa o veículo, que é decorado com ornamentos coloridos. Há até uma área em frente à basílica reservada para as bênçãos:


Veículos ornamentados:






Praça em frente à Basílica com a bandeira da Bolívia e a do povo aymará (indígena):


Ruinas incas: 


Esta é a praia de Copacabana, versão boliviana. Em comum com a famosa praia carioca,  só o nome mesmo. Com o frio de 10 graus daquele final de tarde, não tinha ninguém se aventurando a entrar nas águas geladas do lago.


Pedalinhos e o Cerro Calvário ao fundo:


Uma embarcação antiga:


No calçadão da praia, grupos de motoristas de vans descansavam. 


Barracas em frente a praia, onde são vendidas as famosas trutas grelhadas do Lago Titicaca:


Hotéis em frente a praia: 


Um bar com terraço, onde turistas apreciavam o pôr do sol:


O pôr do sol no Lago Titicaca. A medida que o sol ia embora, cholas (senhoras indígenas) conversavam no idioma aymará e recolhiam os pedalinhos do lago, trazendo-os de volta para a areia.


Voltei para o hotel para tomar um banho. Na recepção, um cartaz avisava que só tinha água aquecida das 18h às 22h. Tomei banho às 21h e cadê que tinha água quente ? Caí na Pegadinha do Malandro...

De noite, comemos no restaurante La Orilla. Tomei uma cerveja boliviana Paceña por 15 Bs (R$5). O prato de Fajita (comida mexicana) saiu por 42 Bs (R$14). Achei o atendimento bem ruim, e a comida não era lá essas coisas. Tem outros restaurantes na cidade mais baratos e com comida melhor.


Demos uma volta pelos bares da cidade, mas estavam às moscas. Parecia uma cidade deserta. A temperatura caiu para apenas 5 graus. Resolvemos ir dormir cedo.

Um comentário:

  1. Ainda que você gostou, mas eu acho que os seus colegas tem razão. Que país pavoroso.

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