As férias do Sascha e Numb2 já estavam no final, e eles acordaram cedo pra pegar o voo de volta pro Rio. Eu e Ronaldo continuamos viajando por mais uma semana. Hoje foi dia de deixar La Paz e seguir viagem rumo a cidade de Copacabana, às margens do Lago Titicaca.
O ônibus da empresa 2 de Febrero passou no hotel de manhã cedo, às 7:30h, para nos buscar. Parou também em outros hotéis antes de pegar a estrada. Os chamados "ônibus turísticos" na Bolívia são assim, buscam os turistas nos hotéis. São "para gringo". No nosso ônibus, o único boliviano era o motorista. A passagem nesses ônibus, obvio, é bem mais cara que nas vans que os bolivianos usam para viajar. Mesmo assim, foi bem barata: apenas 30 Bs (R$10) para um trajeto de 4h (155 km). Tem que levar em consideração também o nível de conforto e segurança, bem melhores nos ônibus turísticos que nas vans.
O trajeto La Paz-Copacabana:
Nosso ônibus em frente ao hotel:
Pegamos um trânsito terrível na saída de La Paz. Subimos até El Alto, cidade vizinha onde fica o aeroporto, e percorremos muitos kilometros num trajeto infestado de vans até sair da cidade.
A empobrecida El Alto, com um aspecto favelizado e muitos vendedores ambulantes às margens da estrada:
Propagandas "soviéticas" do governo de Evo Morales na estrada: "Gás para todos os bolivianos nos 365 dias do ano".
"Construindo a nova Bolívia":
Depois de 1:30h de trânsito, finalmente trocamos o caos urbano pelas paisagens áridas do altiplano boliviano:
Passando pela primeira vez às margens do Lago Titicaca:
No meio do caminho, chegamos ao Estreito de Tiquina, onde todos os passageiros precisaram desembarcar.
Neste local, o lago forma uma passagem estreita:
Não há pontes para fazer a travessia. Os veículos atravessam em balsas:
Estátua de índio do outro lado do estreito:
Embarcamos novamente no ônibus e continuamos a viagem.
Paisagem do Lago Titicaca na estrada. Este é o lago navegável mais alto do mundo, a 3820m de altitude.
Metade do Lago Titicaca pertence à Bolívia, metade ao Peru:
Poucos sabem, mas foi esta cidade boliviana que emprestou o nome ao famoso bairro carioca, e não o contrário. É um nome indígena (idioma aymará). Uma réplica da imagem da Nossa Senhora de Copacabana, a padroeira da Bolívia, foi levada por comerciantes espanhóis para o Rio no século XIX. Foi construída uma capela para abrigá-la no posto 6, onde existe atualmente o Forte de Copacabana. Até então o bairro e a praia chamavam-se Sacopenapã, mas após a construção da capela, passaram a se chamar Copacabana.
Apesar do sol forte, a brisa vinda do lago era gelada. Fazia 12 graus.
Nosso quarto ficava no 3o andar, e não tinha elevador. Subir escadas numa altitude de quase 4000m dava a impressão que eu estava rebocando um trailler !
Vista da janela:
Resolvemos subir o Cerro Calvario, um morro de onde se tem uma vista incrível da cidade e do lago.
A subida parecia fácil, mas mostrou-se extremamente difícil por causa do ar rarefeito. Mesmo subindo bem devagar, eu tinha que parar a cada 10m para respirar e tomar um pouco mais de fôlego. Me senti com 80 anos. E olha que tenho um bom condicionamento físico. Corro 3 vezes por semana e já corri a Meia Maratona do Rio 5 vezes. Vários velhinhos bolivianos, já habituados com a altitude, passavam voando por mim.
Muita sujeira no caminho, e pilhas enormes de garrafas de cerveja. Parece ser tradição o consumo de cerveja nas festas religiosas realizadas no local.
Depois de muito sacrifício, consegui chegar ao topo do morro:
Muitos camelôs vendiam casas e carros de brinquedo, utilizados como oferendas nos rituais:
A bela vista da cidade de Copacabana:
No chão, restos de velas derretidas, confetes e garrafas de cervejas:
A incrível vista do Lago Titicaca:
Depois de descer, demos mais uma volta pela cidade.
Um fato curioso é que não se vê nenhuma lixeira pelas ruas de lá. As pessoas jogam o lixo na rua mesmo.
Os mercados da cidade curiosamente colocam as mercadorias do lado de fora, na calçada. Não há nenhuma preocupação com roubos.
A Basílica de Nossa Senhora de Copacabana, onde está exposta a imagem da padroeira da Bolívia. Na entrada, uma índia aymará com trajes tradicionais tirava uma foto da filha usando um smartphone. A modernidade também chegou à Bolívia. :-)
Uma curiosa tradição local é a bênção aos veículos, chamada de "challa". Um sacerdote abençoa o veículo, que é decorado com ornamentos coloridos. Há até uma área em frente à basílica reservada para as bênçãos:
Ruinas incas:
Esta é a praia de Copacabana, versão boliviana. Em comum com a famosa praia carioca, só o nome mesmo. Com o frio de 10 graus daquele final de tarde, não tinha ninguém se aventurando a entrar nas águas geladas do lago.
No calçadão da praia, grupos de motoristas de vans descansavam.
Barracas em frente a praia, onde são vendidas as famosas trutas grelhadas do Lago Titicaca:
Hotéis em frente a praia:
Um bar com terraço, onde turistas apreciavam o pôr do sol:
O pôr do sol no Lago Titicaca. A medida que o sol ia embora, cholas (senhoras indígenas) conversavam no idioma aymará e recolhiam os pedalinhos do lago, trazendo-os de volta para a areia.
Voltei para o hotel para tomar um banho. Na recepção, um cartaz avisava que só tinha água aquecida das 18h às 22h. Tomei banho às 21h e cadê que tinha água quente ? Caí na Pegadinha do Malandro...
De noite, comemos no restaurante La Orilla. Tomei uma cerveja boliviana Paceña por 15 Bs (R$5). O prato de Fajita (comida mexicana) saiu por 42 Bs (R$14). Achei o atendimento bem ruim, e a comida não era lá essas coisas. Tem outros restaurantes na cidade mais baratos e com comida melhor.
Demos uma volta pelos bares da cidade, mas estavam às moscas. Parecia uma cidade deserta. A temperatura caiu para apenas 5 graus. Resolvemos ir dormir cedo.
Ainda que você gostou, mas eu acho que os seus colegas tem razão. Que país pavoroso.
ResponderExcluir