quinta-feira, 14 de agosto de 2014

[Mochilão 12] Dia 7: San Pedro de Atacama - Laguna Colorada

Primeiro dia do rally de travessia Chile-Bolívia. Acordamos cedo para esperar o transfer nos buscar.

Pagamos $120.000 cada um (R$ 480) por 3 dias de rally pela empresa Colque Tours num jeep 4x4 com refeições, motorista e hospedagem incluida. Fomos em 4 no jeep (mais o motorista). Normalmente vão 6 pessoas (cada uma pagando $80.000 = R$ 320), mas preferimos pagar mais para ter mais de conforto e espaço.

O trajeto total tem cerca de 500km. Inicia no Hito Cajón (fronteira Chile-Bolívia), aos pés do vulcão Licancabur, e termina na cidade boliviana de Uyuni. No caminho, paisagens incríveis, lagoas coloridas, vulcões, desertos, geysers, e o incrível Salar de Uyuni, o maior deserto de sal do mundo, local que foi um imenso lago de água salgada há cerca de 40 mil anos.

Mapa do trajeto (em vermelho):



Entrada do local onde ficamos hospedados em San Pedro (Cabañas Paliaike):


Em frente a casa:


Meia hora depois, passou a pickup da empresa para nos buscar. Nos levaram para um hotel onde já estavam os demais intregrantes do rally.


No hotel, tomamos café da manhã, fizemos o pagamento do rally e embarcamos no ônibus que nos levou até a fronteira Chile-Bolívia. O grupo tinha mais 6 turistas europeus.




No meio do caminho, o ônibus parou e tivemos que descer para fazer a imigração num posto da polícia chilena. Tinha uma fila de umas 50 pessoas e apenas um policial atendendo. Demoramos quase uma hora lá.


O ônibus foi subindo rumo a fronteira Chile-Bolívia. Em cerca de uma hora, subimos de 2400m para 4500m de altitude. Aos poucos, uma leve dor de cabeça surgia, e fiquei com um pouco de falta de ar. Era o famoso "soroche" (mal de altitude) querendo me pegar.


No caminho, subiu no ônibus uma velhinha com traços indígenas, chapéu, e com roupas coloridas típicas bolivianas. Ela se apresentou para os passageiros como doleira, e estava vendendo bolivianos (a moeda da Bolívia). Nós já tínhamos comprado em San Pedro de Atacama.

Desembarcando na fronteira Chile-Bolívia. Temperatura: -5 graus !! Frio de rachar !!


O pequeno posto da polícia boliviana onde fizemos a imigração. Dentro dele, um poster de Evo Morales na parede "abençoava" o trabalho do policial.


Diversos jeeps aguardando pelos passageiros:


Bandeira boliviana:


Vulcão:

Elvis, um dos jeepeiros da empresa, se apresentou e nos convidou para viajar com ele. Boliviano simples, sorridente e bem-humorado.Vimos logo de cara que era gente boa.

Nesta foto, Elvis está colocando nossa bagagem em cima do jeep, junto com o estepe e dois galões de combustível. Claro, não há postos de gasolina no meio do deserto.


Posto de controle do governo boliviano onde compramos a entrada do Parque Nacional Eduardo Avaroa. Custou 150 bolivianos (R$50).



Diversos jeeps iniciando o rally:


Embarcando no nosso jeep:


Selfie da galera no jeep:


O vulcão Licancabur, que marca a fronteira entre o Chile e a Bolívia:


Laguna blanca, logo depois da fronteira:



Poça d´água congelada:


Pé na estrada !


No caminho, Elvis nos deu umas folha de coca para mascar, amenizando assim os efeitos da altitude.


Após pouco tempo de estrada, chegamos à belíssima Laguna Verde, que tem o Vulcão Licancabur ao fundo:


Parada no meio do deserto para "tirar uma água do joelho":




Fizemos  uma parada nas "Aguas Termales", um pequeno lago com águas vulcânicas termais:



Entramos no lago, e a temperatura da água estava muuuuito boa ! E a vontade de sair de lá, com o frio que estava fazendo ?


Depois de mais alguns kilômetros de estrada, chegamos aos geysers Sol de Mañana, que ficam no ponto mais alto de todo o rally: 4800m de altitude !! Caminhar alguns metros nesta altitude é um esforço muito maior que ao nível do mar. O coração dispara, e o fôlego parece nunca ser suficiente. Senti uma leve, mas persistente dor de cabeça. Algumas pessoas sentem mais os efeitos da altitude, e outras não sentem nada. Muitos sentem enjôo e tontura, mas só senti falta de ar e dor de cabeça mesmo.

O cheiro de enxofre na área próxima aos geysers era forte:


Lama borbulhando:




Passamos por trechos com neve às margens da estrada:


Lhama:

Por volta das 15h, chegamos ao local onde nos serviriam o almoço e ficaríamos hospedados. A empresa chama o local de "refúgio". O nome é bem apropriado. Não dava pra chamar de hotel ou pousada, de tão "rústico" que era.



Elvis retirando nossa bagagem do teto do jeep:


Nosso quarto, com camas de cimento e SEM CALEFAÇÃO !



Chuveiro com água quente por 15 bolivianos (R$5):


Banheiro coletivo unissex. Imundo. Parecia banheiro de posto de gasolina de beira de estrada. Nessas horas tem que abstrair a alma de qualquer tipo de luxo e incorporar o espírito aventureiro :-)


Propaganda da Ch'ama, cerveja boliviana feita de folha de coca:


Área comum do "refúgio", onde eram servidas as refeições:


Nosso almoço: salada, batata, abacate, arroz e atum em conserva. Até que estava boa a comida.


Depois do almoço, fizemos uma visita à Laguna Colorada, a poucos metros do refúgio.



Esta lagoa tem uma coloração avermelhada, por causa de sedimentos e algas. O local tem muitos flamingos.



De volta ao refúgio, serviram chá de coca pra galera:




Próximo ao refúgio, algumas pequenas lojas que vendem bebidas e biscoitos. O engraçado é que estas lojas não guardam as bebidas em freezers, já que a temperatura ambiente é negativa. As latas de cerveja e refrigerante ficam nas prateleiras, junto com o restante das mercadorias.


Compramos uma lata da cerveja argentina Schneider (10 Bs = R$3,30).


Cerveja boliviana El Inca (15 Bs = R$5).


Anoiteceu, e a temperatura despencou para -17 graus do lado de fora. Um desespero ! Dei uma saída rápida pra olhar o céu, mas não aguentei ficar nem 3 minutos. Mesmo usando um casaco de esqui, gorro e luvas de couro, nunca senti um frio tão sinistro !! Mas nesse pouco tempo deu pra ver como o céu estrelado das noites no deserto é incrível.  A quantidade de estrelas era absurda, e toda hora tinha estrela cadente !

Dentro do refúgio estava um pouco menos frio, mas não dava pra ficar sem luva e gorro.

Serviram o jantar. Sopa de quínua:


Macarrão com molho de tomate e queijo:


Galera jantando:


Depois da janta, o pessoal ficou jogando cartas. Fiquei com meu notebook danto uma blogada, mas tive que parar, porque os dedos da minha mão começaram a doer muito, e digitar de luva era impossível.

Não deu nem para tomar banho, porque a água do chuveiro congelou !

O jeito era deitar e tentar dormir naquele quarto que mais parecia um frigorífico.

Minha cama com os 5 cobertores:


Eu deitei com luva de couro, casaco de esqui, gorro, e capuz. A cama estava congelando, e os dedos dos pés doiam muito por causa do frio.


Na tentativa de aquecer um pouco mais meus pés, calcei 5 meias !!! Mas não adiantou muito...


Galera tentando esquentar um pouco a cama antes de dormir:




O termômetro indicava a temperatura ambiente do quarto: 5,8 graus !!! Altitude de 4.142m.


Foi simplesmente impossível dormir naquele frio. Eu devo ter cochilado no máximo meia hora de madrugada. Com o resto da galera foi a mesma coisa.

O pior de tudo foi levantar de madrugada para ir no banheiro. Só levantei porque estava realmente apertado. Achei que fosse congelar nos poucos segundos que passei no banheiro. E quando voltei pra minha cama, ela já estava toda gelada de novo...

2 comentários:

  1. Nossa, senti esse frio todo apenas lendo essa aventura!

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    1. Muito frio ! Foi o frio mais intenso que já senti na minha vida toda !!! :-)

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