sexta-feira, 10 de junho de 2005

[Mochilão 2] Dia 23: Amsterdam - Volendam - Marken - Venlo

Dei uma volta pela Damrak, a principal rua de pedestres de Amsterdam. Na foto, a Centraal Station ao fundo:

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Bonde moderno na Damrak:

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Havia combinado de encontrar com Lilian, uma amiga holandesa, às 11h na Centraal Station. De lá, pegamos um ônibus para Volendam, a 20 minutos de Amsterdam.
Volendam é uma pequena cidade de 20 mil habitantes às margens do Ijsselmeer, o maior lago da Holanda.

A cidade é linda, com casas de madeira, e um movimentado porto, cheio de lojas de souvenirs, bares e restaurantes. Em Volendam, as tradições holandesas foram mantidas. É possível ver pessoas vestidas em trajes tradicionais, com tamancos de madeira. Longe da badalação e da doideira de Amsterdam, em Volendam está a verdadeira e tradicional Holanda.

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Pegar uma praia na Holanda é uma fria !!!

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O broodje haring, sanduíche típico holandês com recheio de peixe cru:

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Uma coisa interessante da Holanda (também conhecido como "Países Baixos") é que grande parte do país está abaixo do nível do mar. Ao longo dos anos, os holandeses foram aterrando muitas regiões, e para se proteger do avanço das águas, eles construiram diques. O aeroporto de Amsterdam, por exemplo, está a 4,5m abaixo do nível do mar. O nome dele (Shiphol) sugere isso, pois significa "buraco do navio".

Na maior parte do tempo, os turistas não percebem que estão abaixo do nível do mar, justamente por estarem longe dele. Mas em Volendam é possível sentir essa estranha sensação. Como ? Para chegar ao porto a partir do ponto de ônibus, caminha-se por uma suave ladeira, e ao olhar pras casas que ficaram pra trás, pecebe-se que elas estão mais baixas !!! Ao subir a ladeira, chega-se ao mar. É esquisito, mas eu vi isso com os meus próprios olhos. Parece coisa daquele antigo programa "Acredite, se quiser", que passava na extinta TV Manchete.

Entramos num pequeno restaurante no porto, onde comemos croquetes holandeses, e depois pegamos um barco pra Marken, um pequeno vilarejo situado numa ilha.

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Lilian me convidou pra passar o final de semana na casa dela em Venlo, onde ela morava com a família. Eu achei bem simpático da parte dela o convite, e também seria uma ótima chance de ver de perto como vive uma família holandesa do interior, vivenciando a cultura e os costumes deles. Seria uma espécie de "intercâmbio-relâmpago" durando só um fim de semana.

Voltamos pra Amsterdam, e fomos no albergue pegar minha mochila. Pegamos o trem na Centraal Station e descemos na cidade de Eindhoven. Já havia ouvido falar dela por causa do PSV Eindhoven, time onde o Ronaldo Fenomeno jogou depois que saiu do Cruzeiro. É uma cidade industrial, onde fica a sede mundial da Phillips, sem grandes atrações turísticas. Demos uma rápida volta pelas redondezas da estação e tirei essa foto num estacionamento de bicicletas. Você conseguiria localizar a sua "magrela" no meio dessa confusão ?

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Pegamos outro trem e chegamos em Venlo, uma cidade de 90 mil habitantes colada na fronteira com a Alemanha. Quando chegamos lá, já estava escurecendo. Lilian morava numa típica casa holandesa, que a família herdou do avô dela. Pelo que ela contou, a casa foi danificada pelos bombardeios nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Um pequeno detalhe: há alguns anos eu aprendi a falar holandês (!!!) estudando 6 meses sozinho (??????), com a ajuda de um livro e um curso pela internet. E por que holandês ? Eu queria aprender uma língua diferente dessas outras mais comuns, e tinha ouvido falar que o holandês não era uma língua tão complicada. Me enganei, hehe, é complicada sim, mas não desisti no começo. Aprendi o básico para conseguir me comunicar (com bastante dificuldade, diga-se de passagem). Só que aconteceu uma coisa estranha: eu desenvolvi muito mais a parte escrita do que a oral, até porque não conheço ninguém no Brasil que fale holandês, e assim eu nunca tive com quem praticar oralmente. Consigo escrever e ler e-mails em holandês, mas a comunicação oral é muito mais difícil por causa do meu vocabulário limitado e da pronuncia complicada. É uma língua parecida com o alemão, guardando algumas semelhanças também com o inglês. Algumas palavras são bem fáceis justamente por lembrar o inglês. Por exemplo, "Hij is mijn broer" = "He is my brother". Mas outras palavras são totalmente diferentes, e por isso são bem difíceis de lembrar, como "geschiedenis" (história), "onderwijs" (ensino) ou "vliegtuig" (avião).

Os pais e o irmão dela nos receberam quando chegamos e foram bem simpáticos comigo. "Leuk om jullie te ontmoeten" (prazer em conhecê-los), eu disse. Eles ficaram maravilhados ao me ver falando a língua deles. O pai e o irmão não falavam inglês e era sinistro entender o holandês deles.

Há vários dialetos diferentes do holandês de acordo com a província. Em Venlo (província de Limburg) se fala o dialeto Limburgs, que tem diferenças em relação ao holandês de Amsterdam, principalmente na pronúncia. No norte do país, na província de Friesland, é falada uma língua bem diferente do holandês, que é o frísio. Porém, o país inteiro fala e entende o holandês "standard", que é utilizado pelos meios de comunicação de massa (TV e rádio). Uma coisa esquisita que a Lilian me contou: o pai dela é natural de Rotterdam, e não entende o dialeto Limburgs. Então ela fala em holandês standard com o pai, e com a mãe e irmão fala em Limburgs.

A casa dela tinha 3 andares e era bem típica: alta, estreita e com um jardim nos fundos, onde eles guardavam as inseparáveis "fietsen" (bicicletas). Me chamou a atenção que as janelas não tinham grades. A janela da sala dava para a rua. Algo impensável no Brasil. Qualquer ladrão de galinha conseguiria invadir essa casa. Outro mundo !

O jantar foi ótimo, comemos uma sopa e kip (frango). As vezes eu tinha que recorrer ao inglês, pois não conseguia me expressar, ou não conseguia entender o que eles falavam. Eles estavam curiosos e faziam muitas perguntas sobre o Brasil. Me falaram que muitos imigrantes que moram há anos na Holanda não falam holandês, e por isso mesmo estavam surpresos por eu ter aprendido no Brasil. Falaram também que estes imigrantes (sobretudo turcos e árabes) não são bem vistos na Holanda porque não se misturam com os holandeses, não se interessam em aprender a língua e não se integram à cultura da Holanda. Simplesmente não querem, preferem viver isolados.

Lilian estudava numa faculdade em Utrecht, uma cidade próxima a Amsterdam. Ela ia e voltava todo dia de trem, cruzando o país inteiro, numa viagem de 2 horas. Os estudantes das universidades tem desconto nas passagens de trem. Morar em Amsterdam ou nas redondezas é muito caro, e por isso a maioria dos holandeses preferem morar em cidades mais afastadas, no interior, em casas maiores e mais baratas. Outros moram na Bélgica e vão pra Amsterdam ou Rotterdam trabalhar todo dia. Isso só é possível porque a Holanda tem uma excelente rede de transportes. O país tem o tamanho do estado do RJ, e a população é mais ou menos a mesma (15 milhões de habitantes), mas a maior cidade (Amsterdam) não tem mais do que 700 mil habitantes. A população é bem distribuida pelo território. Bem diferente do Brasil, onde as pessoas vivem amontoadas nas metrópoles, pagando caro e morando mal, por falta de transporte adequado.

Dormi num quarto só pra mim, na cama mais confortável de toda a viagem. Dificil seria voltar a dormir nas camas duras dos albergues depois.

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