domingo, 16 de junho de 2013

[Mochilão 10] Dia 19: Jerusalém

Acordei tarde de novo e perdi o café da manhã do hostel, mas nem liguei. Acordar cedo nas férias não rola, né ? Ficar colocando despertador pra tocar, só em último caso, quando tem que pegar, por exemplo, voo às 9h da manhã (horário horrível que não combina com férias !). Uma coisa que aprendi depois de tantos mochilões: voo na parte da manhã, só mesmo quando não tem outra opção. Pode ser até mais barato, mas prefiro pagar mais caro e pegar um voo de tarde ou de noite.

2ª feira em Jerusalém. A cidade estava bastante movimentada.

A Yaffa Road, rua de pedestres que corta boa parte da cidade, e por onde passa uma linha de bonde:

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King George Street, uma das principais da cidade:

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Placa de inauguração dessa rua em 1924, aberta durante o período em que Israel era administrado pela Grã-Bretanha. Os britânicos fizeram obras importantes na chamada Cidade Nova (tudo que fica fora da Cidade Antiga). Foram eles que determinaram que todas as construções da Cidade Nova precisariam ser feitas com pedra sabão, para combinarem com a Cidade Antiga. Até hoje esta regra é respeitada, e até mesmo prédios residenciais altos são assim. Jerusalém é uma cidade toda bege.

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Um judeu ortodoxo tentando converter pessoas na rua:

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Uma curiosa propaganda com a foto do Ahmadinejad rindo. Aquele mesmo, que prega a destruição de Israel e nega publicamente que o Holocausto tenha existido. É simplesmente o cara mais odiado pelos israelenses. O que será que está escrito na propaganda ? Fiquei até curioso.

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Fui para a Cidade Antiga, onde dei uma volta no setor armênio, o único que ainda não tinha conhecido. É o menor de todos e não tem nada que chame muito a atenção.

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Neste setor há muitas coisas escritas no alfabeto armênio:

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No setor judaico, entrei no Parque Arqueológico de Jerusalém, que fica ao lado da entrada da praça do Muro das Lamentações.

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Muralhas que faziam parte do Segundo Templo, construído no século 6 AC e destruído pelos romanos no ano 70.

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Como eram as escadarias de entrada do templo:

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Ruínas destas escadarias:

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Ruinas de uma parte residencial que existia ao lado do Segundo Templo:

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Um portão triplo que existia e foi fechado:

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Arqueólogos trabalhando:

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Jarras que eram utilizadas para armazenar azeite e vinho:

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Uma cisterna:

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A Cidade de Davi, um grande parque arqueológico que fica fora da Cidade Antiga. É a parte mais antiga de Jerusalém, com ruinas da época do Rei Davi (século 10 AC), personagem importante para judeus, cristãos e muçulmanos. Ele conquistou Jerusalém e tornou-a a capital do Reino de Israel (na época, um conjunto de tribos israelitas) e centro religioso do seu povo, trazendo muita prosperidade para a região. Seu nome é citado muitas vezes no Antigo Testamento da Bíblia. Foi ele que ordenou que a Arca da Aliança (que continha as tábuas dos Dez Mandamentos) fosse transportada para Jerusalém, onde anos depois seu filho e sucessor (Salomão) mandou construir um templo (o Templo de Salomão, ou Primeiro Templo) para guarda-la. Davi é famoso até hoje por ter matado em combate o guerreiro gigante Golias, inimigo do povo israelita, provando que “tamanho não é documento”.

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Em frente a diversas atrações da Cidade de Davi, há placas com passagens do Antigo Testamento da Bíblia que mencionam estes lugares.

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Vista de Jerusalém Oriental (árabe):

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Além das ruínas, o parque arqueológico tem também o Warren’s Shaft, um conjunto de túneis que transportavam água de uma nascente. O Hezekiah’s Tunnel tem cerca de meio metro de água, e por isso os visitantes tem que ir preparados (chinelo e bermuda/short). O outro túnel (Cannanite Tunnel) hoje em dia não tem água. Como eu estava de tênis, preferi ir por este último. O local estava com uma excursão enorme de crianças uniformizadas, e as filas estavam grandes. Parecia até alguma atração da Disney.

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A Cidade de Davi tem ainda outra atração, a Siloah’s Pool, um grande reservatório de água também citado na Bíblia. O local estava com uma fila de crianças na entrada tão grande que desisti de entrar.

Saindo de lá, passei pela praça do Muro das Lamentações, onde estava um grupo de soldados do Exército israelense, incluindo muitas mulheres. Eles pareciam estar de folga.

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Na Cidade Antiga vi muitas crianças pequenas andando sozinhas. Israel é um pais muito seguro, ao contrário do que se imagina no Brasil. Os pais não precisam se preocupar em acompanhar os filhos por todos os lados.

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Saí da Cidade Antiga e peguei o bonde para ir ao Mahane Yehuda, um mercado enorme, que ocupa vários quarteirões. Neste local aconteceram dois atentados terroristas de suicidas palestinos, o último em 2002. Ali vende-se frutas, legumes, queijos, doces, pães, especiarias, carnes, e também há alguns bares, lanchonetes e restaurantes.

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Almocei no Pasta Basta, um restaurante de massas neste mercado. Só soube que o nome do restaurante era esse porque foi indicado pela minha irmã (que visitou Jerusalém recentemente), e também é recomendado pelo Lonely Planet. O nome dele na fachada está no alfabeto hebraico.

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O esquema desse restaurante é o seguinte: você escolhe no caixa o tipo da massa, o molho e os ingredientes adicionais (pagos à parte). Mas a massa não é preparada na hora, na sua frente, como no Spoletto. Você paga no caixa, dá seu nome, senta numa mesa e aguarda uns 5 min até a garçonete te servir. Todo mundo lá fala inglês, e tem cardápio em inglês também. Achei um esquema bom e barato em relação aos outros restaurantes da cidade. O meu prato custou 29 shekels (R$18). O local é pequeno, e de noite (após as 21h) fica bem cheio, por isso é melhor almoçar lá, ou jantar cedo.

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Passei a parte da tarde no Mar Morto, que fica a cerca de 40Km de Jerusalém, na fronteira entre Israel e Jordânia. Fui pra lá com uma excursão que contratei na agência de turismo do albergue. Foi caro, custou 135 shekels (R$82), mas ir por conta própria achei que seria perrengue demais, porque dependeria de ônibus que não passam com muita frequência, e teria que ficar esperando um tempão debaixo do sol. E eu odeio esperar, ainda mais sem fazer nada.

Esse passeio saiu no final da tarde, às 16:30, para evitar o sol e forte calor do meio-dia.

Na van, além do guia, tinha duas coroas americanas, um espanhol, dois ingleses e um casal de franceses.

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O guia foi contando no caminho várias coisas interessantes sobre Israel. Uma delas é que o Mar Morto e as rodovias por onde passaríamos ficam na Cisjordânia (Palestina), mas são territórios administrados pelos israelenses. Na ida não passaríamos por nenhum checkpoint israelense (controle de fronteira), mas na volta sim, pois palestinos não podem entrar em Israel. Estes tem livre acesso a todo o território da Cisjordânia, incluindo o Mar Morto. Os árabes que moram em Israel (incluindo Jerusalém Oriental) são cidadãos israelenses que nasceram lá. Há zonas na Cisjordânia que são administradas pelos palestinos, como as cidades de Belém e Ramallah. Nestes lugares, cidadãos israelenses não podem entrar, mas turistas sim. Parece confuso ? Eu também achei no começo e demorei um pouco para entender, mas depois de uns dias em Israel, respirando aquela realidade confusa, as peças começaram a se encaixar.

Para ajudar, um mapa mostrando a Cisjordânia (West Bank) e o Mar Morto. Repare que Jerusalém fica bem na divisa entre a Cisjordânia e Israel. A parte em verde está sob administração palestina, e o restante é administrada por israelenses. Os triângulos são assentamentos israelenses na Cisjordânia, motivo de ódio para os palestinos.

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Um pouco de História também ajuda a entender esse lugar. Entre o século 16 e o fim da 1a Guerra Mundial, o território onde hoje é Israel e Cisjordânia pertencia ao Império Turco-Otomano (islâmico). Com a queda deste império, a Grã-Bretanha passou a administrar a chamada “Palestina Britânica”, que englobava os territórios onde existem atualmente Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza. Após a 2ª Guerra Mundial, em 1947, a ONU determinou a saída dos britânicos e a partilha destes territórios em dois países, um judeu e outro árabe, conforme o mapa abaixo:

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Israel aceitou a partilha e assinou imediatamente sua declaração de independência. Os árabes não aceitaram a partilha, e nem a independência de Israel. Isso provocou o início de uma guerra. Ao final dela, Israel aumentou seu território em 1/3. A Cisjordânia e Jerusalém Oriental passaram a pertencer à Jordânia. A Faixa de Gaza passou a ser controlado pelo Egito. Jerusalém ficou dividida ao meio (como era Berlim) até 1967, quando houve outra guerra e Israel ocupou novamente a Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Desde então, a Cisjordânia é administrada por Israel, que a considera parte de seu território. Seus habitantes árabes chamam a Cisjordânia de Palestina e não a reconhecem como território pertencente a Israel. E a criação de assentamentos israelenses na Cisjordânia fez o ódio entre israelenses e palestinos crescer. No meio dessa confusão toda, ainda tem a rivalidade entre os palestinos do Fatah (moderados que condenam a violência; foi fundado por Yasser Arafat) e do Hamas (fundamentalistas islâmicos que apoiam atentados terroristas). Atualmente o Fatah governa os territórios palestinos na Cisjordânia e o Hamas a Faixa de Gaza.

Entendeu ? É complexo mesmo. Para conseguir entender melhor Israel, é preciso estar aqui e ver com os próprios olhos a realidade deste lugar. Foi o que eu fiz.

Um trecho da estrada por onde passamos, no meio do deserto, logo depois de sair de Jerusalém.

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Um caminhão carregando um tanque israelense:

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Na beira da estrada, acampamentos de beduínos (árabes que moram no deserto):

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Paramos neste ponto para tirar uma foto no marco zero, que fica no nível do mar. Dali em diante, a estrada ia descendo até atingir cerca de 400 metros abaixo do nível do mar. Isso mesmo. O Mar Morto é o ponto mais baixo da superfície terrestre (desconsiderando o fundo dos oceanos).

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Um camelo:

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Tamareiras, já chegando no Mar Morto:

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Nas margens do Mar Morto há diversos clubes onde paga-se para passar o dia e há alguma infraestrutura (bares, restaurantes, banheiros, cadeiras, barracas de sol e chuveiros). A excursão já incluía o ingresso do clube para onde fomos.

Uma coisa que chama muito a atenção é que, a partir da entrada do clube, tem que descer um barranco para entrar no Mar Morto. Isso acontece porque o nível dele está baixando ao longo dos anos. Milhões de anos atrás havia uma ligação com Mar Mediterrâneo, que ao longo do tempo foi secando até desaparecer. Desta forma, ele virou um imenso lago de água salgada. Com as mudanças climáticas que tornaram a região bastante árida, o nível do Mar Morto foi diminuindo ao longo do tempo, e por isso ele foi se tornando cada vez mais salgado, um efeito da evaporação da água. É a água mais salgada do mundo (tem 10 vezes mais sal que a água dos oceanos).

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Por tudo isso, o Mar Morto é um lugar único no mundo. A paisagem é incrível !!! Na outra margem, a cerca de 18km de distância, fica a Jordânia.

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Por causa da grande concentração de sal, não se pode abrir os olhos debaixo d´água, porque arde terrivelmente. Não é aconselhável nem mesmo mergulhar a cabeça. Beber a água pode trazer sérias consequências. Uma placa adverte os banhistas quanto aos riscos.

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O Mar Morto tem esse nome porque não há nenhuma forma de vida em suas águas, à exceção de bactérias e algas. Ele foi citado muitas vezes no Antigo Testamento da Bíblia, onde foi chamado de outros nomes.

As margens cheias de crostas de sal:

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Como a água do Mar Morto é muito densa, o corpo humano boia fácilmente. É até difícil nadar lá, porque as pernas e braços sobem rapidamente para a superfície.

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O fundo do Mar Morto é todo de lama. Não tem areia ou pedra. Essa é a foto clássica que os turistas tiram quando vão para lá depois de se lambuzar de lama:

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Como já estava no final da tarde, o sol estava bem fraco e a temperatura agradável. O guia disse que o Mar Morto mais cedo é extremamente quente.

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Passamos umas 2h por lá, e depois o guia serviu pra gente chá e tâmaras. Em hebraico e árabe, a fruta também chama-se tamara.

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A van partiu de volta rumo a Jerusalém. No meio do caminho, passamos por um checkpoint israelense na divisa entre Cisjordânia e Israel. O soldado viu que era uma excursão do albergue e deixou passar. Não precisou nem mostrar o passaporte.

Tomei um banho no albergue e comi um falafel na rua Ben Yeruda (15 shekels = R$9).

No caminho, essa vitrine me chamou a atenção: era uma loja que vendia lenços que as judias ortodoxas usam para cobrir a cabeça. Notaram a semelhança com as muçulmanas ?

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