sábado, 28 de março de 2015

[Mochilão 13] Dia 23: Abu Dhabi-Rio

Toda festa, por melhor que seja, uma hora acaba. Último dia de viagem ! :-(

Acordamos cedo, às 6h da manhã. Na janela do quarto, o sol ainda estava nascendo:


O café da manhã foi numa loja de conveniências do aeroporto. Croissaint e suco de frutas vermelhas (9 dirhams = R$6,80).


Embarcamos no voo da Etihad de volta para casa às 8:30 da manhã. Foi o voo mais longo da minha vida, exatas 14h. Não chegava nuuuuunca !!!

Pelo menos o avião era bom e tinha um sistema de entretenimento de última geração. Isso ajudou muito a passar o tempo. Tinha até um dos meus jogos favoritos de fliperama durante a minha adolescência nos anos 90, o Street Fighter II:


Cheguei em casa moído às 22h por causa do fuso horário. Para mim já eram 5h da manhã !

E termina assim a Operação Kampuchea ! Que experiência incrível ! Obrigado por terem acompanhado os posts. Espero que tenham curtido as aventuras !! Foi um prazer dividir com vocês tudo que eu vivenciei e aprendi durante essa viagem.

Até o próximo mochilão ! Fui !

sexta-feira, 27 de março de 2015

[Mochilão 13] Dia 22: Dubai-Abu Dhabi

Último dia em Dubai. Acordei tarde, às 11h, e perdi o horário do café da manhã do hotel.

Liguei a TV do quarto e estava passando um clip de rap árabe bem engraçado. Até gravei uma parte:


Na mesa do quarto, uma seta indicava a direção de Meca para os hóspedes muçulmanos fazerem suas orações diárias:


Fizemos o checkout na recepção e deixamos nossa bagagem lá:


A entrada da boate Rock Fellas, no segundo andar do hotel, onde comemoramos o meu aniversário na 4a feira, quando chegamos em Dubai:


Reservei o dia para conhecer Bur Dubai, o bairro do hotel, e Deira, um bairro vizinho. São os lugares mais antigos de Dubai, onde se vê gente andando nas calçadas, comércio de rua e construções antigas. As demais regiões da cidade são mais novas, com prédios modernos e construções luxuosas. Nesses lugares quase não se vê gente andando pelas ruas, já que as distâncias são longas. Fazendo uma comparação simplória com o Rio, é como se Bur Dubai e Deira fossem Copacabana, e o restante da cidade fosse a Barra da Tijuca.

O Ronaldo foi pra Abu Dhabi andar de kart, e combinei de encontrar com ele de noite no hotel do aeroporto.

Para começar a explorar Bur Dubai, primeiro dei uma volta no quarteirão do hotel.

A primeira surpresa foi o tempo nublado !! Mas como assim ?! Sempre achei que no deserto fizesse sol e calor 365 dias por ano...

A rua do hotel com canteiros floridos:


Bur Dubai tem muito comércio de rua (restaurantes, lojas, lanchonetes de fast food, pequenos mercados, bancos, cafés, etc).  

O comércio estava praticamente todo fechado, porque sexta-feira é considerado fim de semana para os árabes. As pessoas trabalham de domingo a quinta, e folgam às sextas e sábados. 



Palmeiras:


Bandeiras dos Emirados Árabes:


Edifícios residenciais no quarteirão do hotel:


As ruas das rendondezas eram limpíssimas:


Em Dubai, os pontos de ônibus são cabines fechadas e tem ar condicionado. Isso é uma questão de sobrevivência, já que no verão as temperaturas aqui passam facilmente dos 40 graus.




As leis locais são duras e prevêem multas de até 2000 dirhams (R$1500) para quem for pego danificando, cuspindo, sujando, fumando, dormindo, comendo ou bebendo dentro da cabine. O resultado disso é que a cabine estava brilhando de tão limpa.



Atravessando a passarela em frente ao hotel:


Uma "Food Court" (Praça de Alimentação) em frente ao hotel:


A praça de alimentação era uma amostra de como Dubai é um lugar multicultural: 4 adolescentes árabes vestidos com thawbs (roupas brancas típicas árabes) e túnicas comiam pizza e discutiam algo incompreensível em árabe. Casais indianos comiam seus pratos apimentados. Asiáticos comiam noodles. Alguns europeus perdidos, e eu, o representante sul-americano, completavamos a babel.


Almocei no Blue Ginger, um restaurante indiano.


Pedi um chicken tikka combo, que veio com chicken tandoori (frango assado com molho picante), pão naam (típico indiano), molho curry e molho green chutney (a base de coentro e especiarias). Muito bom !! Custou 25 dirhams (R$19) com um refrigerante.


Coca-cola árabe:


Essa lanchonete ao lado era especializada em paratha, um outro tipo de pão indiano, que geralmente vem com um recheio vegetariano. Fiquei com vontade de experimentar, mas eu estava estufado de tanto que tinha comido. Fica para a próxima.


Saindo de lá, continuei o passeio por Bur Dubai. Um dos muitos restaurantes indianos do bairro:



Neste bairro há muitos imigrantes morando, a grande maioria indianos e paquistaneses. Cerca de 80% da população dos Emirados Árabes é formada por imigrantes estrangeiros. Percebe-se que indianos, paquistaneses e filipinos são aqueles que fazem os trabalhos de menor remuneração, que os árabes não querem (garis, caixas, serventes, motoristas, pedreiros, etc). Eles dividem apartamentos com outros imigrantes em edifícios residenciais humildes, como este:


Um telefone público com o estilo arquitetônico tradicional árabe:


O Al Faheidi é uma parte de Bur Dubai que foi mantida como era na época em que Dubai era um pequeno vilarejo há mais de 100 anos. Percorrer o labirinto de vielas estreitas em meio às casas restauradas com torres de vento, construídas por mercadores de pérolas e tecidos que viviam em Dubai, é como voltar no tempo. 






Casa com torre de vento, que era usada para ventilação interna:


Uma mesquita ao fundo:


Banco público com tapete e almofadas:

Mapa de Al Faheidi:



Primavera árabe:


Cartaz em homenagem ao National Day (2 de dezembro), dia da unificação dos 7 emirados em um único país, o que aconteceu em 1971. 


O Dubai Creek é um rio que divide Bur Dubai de Deira.


Uma estação de "Water Taxi":




Water Taxi, um catamarã que liga vários pontos da cidade:


Um iate enorme passando:


Estas pequenas embarcações de madeira são conhecidas como "abras" e fazem a travessia entre Bur Dubai e Deira:



O calçadão às margens do rio em Bur Dubai:


A Grande Mesquita, cuja entrada só é permitida a muçulmanos:


Ruínas da muralha de 2,5m de altura que cercava o vilarejo de Bur Dubai no século 19. O muro foi demolido para acomodar a expansão da cidade há 100 anos.


Propaganda da Expo 2020 que acontecerá em Dubai:


Bur Dubai Souq, um mercado onde se vendem roupas, tecidos, jóias e souvenirs:


Enquanto caminhava por entre as lojas, um vendedor olhou pra mim, e automaticamente perguntou com um forte sotaque "Olá ! Brasileiro ? Fala português ?". E olha que eu não tinha nada na roupa que pudesse identificar minha procedência. Como pode isso ?! Que faro esses vendedores têm ! Já aconteceu isso comigo em alguns outros países também.


Roupas tradicionais árabes:


E de repente surge a maior surpresa do dia: começou a chover ! Nunca pensei que pudesse chover em Dubai, um lugar tão desértico. Mas era uma chuva bem fraquinha, quase uma garoa. Não dava nem pra molhar. Eu continuei andando na rua como se nada tivesse acontecido, mas os habitantes locais, pouco habituados a isso, correram para se proteger debaixo de marquises, como se estivesse caindo um dilúvio !!


A onipresente imagem do sheik Khalifa (emir de Abu Dhabi e presidente do país) e do sheik Mohammed (emir de Dubai e vice-presidente do país).


Atracadouro de abras, embarações tradicionais usadas para travessia do Dubai Creek:


O Dubai Creek:


O forte de Al Fahidi, de 1799, é a construção mais antiga de Dubai. Já foi residência dos governantes da cidade e também sede do governo local. Atualmente é a sede do Dubai Museum, um interessantíssimo museu que conta a história da cidade:


A entrada custou 3 dirhams (R$2,30):


Pátio interno do museu:



Uma "abra" antiga usada para transporte de passageiros entre as duas margens do Dubai Creek:


Modelo de casa antiga da região feita de galhos e folhas de palmeira. As casas tinham uma torre de vento para refrescar os cômodos.


Cama externa para dormir do lado de fora da casa no verão:


Cômodo refrigerado pela torre de vento:


Cômodo interno usado no inverno:



Cozinha:


Espadas usadas por beduínos:


Dubai em 1950, antes da descoberta do petróleo, era um pequeno vilarejo de 20 mil habitantes às margens do Dubai Creek. A base da economia era o comércio de reexportação (importação de bens para venda em outros portos), beneficiado pela isenção local de impostos e pela localização estratégica de Dubai, no meio do caminho entre o oriente e o ocidente. O petróleo foi descoberto em 1966 e acelerou a modernização da região. Entretanto, engana-se quem acha que a riqueza e modernidade atual de Dubai se deva à exploração do petróleo, que está quase toda na vizinha Abu Dhabi. Apenas 5% do PIB de Dubai atualmente vem do "ouro negro". A "galinha dos ovos de ouro" do emirado sempre foi o comércio de reexportação. Foi o livre comércio que transformou este pequeno vilarejo desértico e empobrecido num país riquíssimo, seguindo a mesma receita de Cingapura. O porto de Dubai atualmente está entre os 10 mais movimentados do mundo. O turismo nos últimos anos está ganhando cada vez mais importância na economia do emirado, assim como o setor de serviços. A cidade conseguiu atrair nos últimos anos muitas empresas de tecnologia graças a generosos incentivos fiscais, e também se converteu num grande centro financeiro. Os governantes locais sabem que as reservas de petróleo um dia vão acabar, e por isso a diversificação da economia é uma questão de sobrevivência.

Bur Dubai e Deira separados pelo Dubai Creek em 1950:


Assim era o Souq (mercado) de Dubai em 1950.



Alfaiate:


Um café onde os habitantes locais tomavam chá e fumavam narguilê:


Escola islâmica:


Mulher com roupas tradicionais:


Beduínos reunídos ao redor de uma fogueira:


Depois de sair do museu, dei uma passada na chamada "Hindi Lane", uma estreita viela que é uma espécie de "Little India". Este local concentra o comércio de produtos indianos (temperos, roupas e produtos religiosos) além de ter um templo hindu. Muitos indianos entravam no templo carregando alimentos usados  como oferendas para os deuses hindus.


Mulheres de burca saindo de uma abra (embarcação tradicional que faz a travessia do Dubai Creek):


Calçadão às margens do Dubai Creek:


Nesta parte do calçadão eu achava até que estava na Índia, tamanha a quantidade de indianos. Todos usavam o uniforme nacional da Índia: camisa social para fora da calça, calça jeans ou social, e sandália de couro. Quase não se via mulheres. A maioria deles se divertiam participando de jogos em barracas, onde concorriam a prêmios. Os jogos eram com baralhos, e ficava um locutor na barraca conduzindo o jogo com um microfone. Não consegui entender direito como funcionava isso, mas tinha uma multidão de indianos assistindo:





Os prêmios eram celulares e algumas "prendas" de baixo valor (canetas, sabonetes, etc):



Indianos fazendo pic nic numa área gramada:



Camelo usado para os turistas tirarem fotos:


Entrei na Casa do Sheik Saeed Al Maktoum, emir de Dubai de 1912 a 1958. Além de ser uma maravilha arquitetônica, a casa é sede de um museu muito interessante que mostra fotos de como era a vida em Dubai nos anos antes do descobrimento do petróleo.  A entrada custou 3 dirhams (R$2,30).


Mulheres de burca vendendo artesanato:


Pobreza e moradias precárias às margens do Dubai Creek:


Maquete de uma casa tradicional com torre de vento, feita com folhas de palmeira:


Menina com camelo:


Menino com um falcão:


Foto aérea de Dubai em 1950 às margens do Dubai Creek:


Fachada externa do museu:


Anoitecendo no calçadão do Dubai Creek:


Não se vê absolutamente nenhum bar pelas ruas da cidade. Praticamente todos os bares e boates de Dubai ficam em hotéis, os únicos lugares onde é possível consumir bebidas alcoólicas. Os turistas estrangeiros podem consumir álcool sem restrições nestes lugares, mas os residentes estrangeiros precisam ter uma licença especial para isso.

A versão local dos bares são os cafés, que servem sheesha (narguilê) e chá.




O Heritage Village é um museu gratuito ao ar livre que mostra a arquitetura tradicional dos Emirados Árabes:


Interior do Heritage Village com casas tradicionais de folha de palmeira:




Peguei um barco tradicional de madeira (abra) para atravessar o Dubai Creek. Acho que era de graça. Pelo menos não vi ninguém pagando nada, e ninguém me cobrou nada.


Chegando ao bairro de Deira, do outro lado do Dubai Creek:


Este bairro é conhecido por ter uma grande variedade de "souqs" (mercados). Um dos mais conhecidos é o Golden Souq, uma rua de pedestres com uma infinidade de lojas vendendo jóias de ouro de todos os tipos e tamanhos por um preço muito abaixo do que se encontra em outros lugares do mundo. Devido às severas leis locais, os compradores jamais são enganados com falsificações.  Na rua havia alguns paineis mostrando a cotação vigente do quilo de ouro no mercado internacional de commodities.


Esta jóia de ouro entrou para o Livro dos Recordes por causa do tamanho (e possivelmente, pelo preço também). Tinha um monte de gente tirando foto dela.


O que mais chama a atenção é ver aquele monte de lojas de rua exibindo milhões de dólares em ouro nas vitrines sem precisarem se preocupar com assaltos. Não me lembro de ter visto polícia por lá, e muito menos segurança privada. Outro mundo...




Bandeiras dos Emirados Árabes e a foto dos sheiks:


Uma outra parte de Deira concentra o comércio de roupas e tecidos:




Chama muito a atenção que praticamente não se vê árabes em Deira, assim como em Bur Dubai. Além dos indianos e paquistaneses, vi também muitos africanos. Muitas vezes eu era abordado na rua por comerciantes querendo me vender relógios. Outra coisa que me chamou a atenção é que não se vê absolutamente nenhum camelô em Dubai. Todo o comércio é feito nas lojas.


As lojas estavam todas abertas e ruas estavam ainda bem movimentadas às 20:30 da noite:


Parei para comer um shawarma (kebab) no Ashwaq Cafeteria. Custou apenas 5 dirhams (R$3,75):



Estava ficando tarde. Hora de me despedir de Dubai e partir para Abu Dhabi.

Voltei para Bur Dubai passando por um "pedestrian underpass" (mergulhão) debaixo do Dubai Creek:


Voltei para o hotel, peguei minha bagagem e fui de metrô para o Al Ghubaiba Bus Station, a rodoviária de Dubai. Comprei minha passagem (20 dirhams =R$15) no guichê:


Havia uma fila enorme no ponto do ônibus 101, um "frescão" que liga Dubai a Abu Dhabi. A todo momento chegavam ônibus, que saiam lotados, mas todo mundo sentado. Não podia viajar ninguém em pé. Fiquei uns 40 minutos na fila até conseguir embarcar. Uma coisa curiosa é que havia duas filas: uma para homens solteiros e outra para mulheres e casais. A fila dos homens solteiros era beeem maior. As mulheres e casais tinham assentos reservados na parte da frente do ônibus, e eles embarcavam antes dos homens solteiros. A viagem até Dubai durou 2h (147 Km).

Mapa do trajeto:


Cheguei em Abu Dhabi por volta de meia-noite. O taxi da rodoviária até o hotel no aeroporto custou 60 dirhams (R$45).

Comi na praça de alimentação do aeroporto um kebab com arroz no restaurante iraniano Hatan (39 dirhams =  R$29)


Quando cheguei no hotel (Premier Inn), o Ronaldo já estava dormindo no quarto. Pagamos 147 dirhams (R$111) cada um no quarto duplo. Foi o hotel mais caro da viagem, mas valeu cada centavo, porque nosso voo de volta para o Brasil era de manhã bem cedo e já acordaríamos praticamente na fila do checkin do aeroporto.