quinta-feira, 7 de setembro de 2006

[Mochilão 3] Dia 7: Nápoles - Berlim

Após a longa noite na decadente estação ferroviária de Salerno, finalmente as bilheterias abriram às 6h. Fui o primeiro cliente a comprar passagem.

O trem finalmente chegou. Embarquei preocupado com a hora, pois tinha que estar no aeroporto às 9:10 no máximo, senão perderia meu vôo para Berlim.

Quando o trem começou a andar, o maquinista anunciou: "Benvenutti al treno con destinazione a Torino". Opa ! Como assim ?! Bateu o desespero, pois Turim é no extremo norte da Itália, bem longe de Nápoles. Como já tinha dado tudo errado naquela noite, eu não duvidava de mais nada. Felizmente, o maquinista depois foi anunciando as paradas em várias cidades, incluindo Nápoles !

Após cerca de meia hora, desembarquem na estação central de Nápoles, e peguei o metrô até a estação Dante. Fui voando para o albergue, que ficava a mais ou menos 1Km dali. Quando cheguei, o recepcionista italiano e o chinês que estava no meu quarto disseram que ficaram preocupados e perguntaram o que aconteceu. Eu expliquei resumindo tudo em 20 segundos, joguei minhas roupas dentro da mochila, e fui voando pegar o ônibus pro aeroporto. Cheguei lá faltando 1:20 para o vôo ! Incrível....deu tudo certo ! Não caiu nenhum piano na minha cabeça, e nenhum mafioso da Camorra me sequestrou na rua !

O vôo até Berlim durou 2:20h, e cheguei lá às 12:30.

Peguei o metrô no aeroporto. Comprei o bilhete numa máquina automática, mas achei esquisito que não tinha nenhuma roleta para controlar o acesso dos passageiros. Vi que os passageiros validavam o bilhete numa máquina, que "carimbava" com a data e hora, e fiz o mesmo.

Embarquei no trem. Depois de umas 5 estações, veio um cara do nada e começou a pedir o bilhete aos passageiros. Ainda bem que eu tinha validado o meu bilhete, senão teria que pagar uma multa de 60 euros, fora o constrangimento de tomar uma bronca em alemão na frente de todos os passageiros !!!

Saltei na estação Rathaus Schöneberg. O albergue (Meininger Hostel) ficava na Meininger Strasse, mas eu não consegui encontrar essa rua de jeito nenhum. O mapa que eu tinha de Berlim não mostrava essa rua, e eu só tinha as indicações do caminho explicando como encontrar o albergue a partir da estação onde desembarquei.

Rodei durante uns 20 minutos perdido, e nada. Parei uma mulher e perguntei se ela falava inglês ("Spreschen Sie Englisch ?"). "Nein" (Não), ela respondeu. Ferrou. Então perguntei "Meininger Strasse ?". Ela falou um monte de coisas em alemão que eu não entendi, mas pela cara dela, vi que não sabia onde era. Logo depois abordei um cara mais novo, que falava inglês, e ele me explicou onde ficava a rua. Era bem do lado de onde eu estava.

O albergue era um prédio novo de 5 andares numa rua tranquila e arborizada. Fiz o checkin. As duas recepcionistas alemãs, uma loira e uma morena, eram duas gatas de cair o queixo, mas eram um tanto quanto frias e ríspidas. Faltava nelas o brilho e o sorriso fácil das italianas, brasileiras, argentinas, espanholas....enfim, das mulheres latinas, que pra mim são as melhores.

Achei o albergue muito legal. O meu quarto tinha 3 beliches, e os banheiros eram bem limpos. Tomei um banho (eu ainda estava com a mesma roupa do dia anterior !!). Apesar de estar bem cansado, por estar virado, eu jamais perderia um dia de Berlim dormindo. Afinal de contas, seria dormir em euros. Era melhor e mais barato dormir em reais no Rio, hehe !

O albergue ficava no bairro de Schöneberg, um pouco afastado do centro (cerca de 3 Km), mas com metrô na porta. Dei a primeira volta pelas redondezas para fazer o "reconhecimento de território".

Sair de Nápoles e chegar em Berlim é um choque. Tudo é tão diferente ! O sul da Itália é onde tudo é mais bagunçado, ou seja, onde a Itália é mais Itália. Sempre achei o trânsito um bom termômetro para a cultura local. Em Nápoles, todos adoram buzinar, mesmo sem motivo. As "motorini" (vespas) estão por toda a parte, e tornam o trânsito ainda mais bagunçado. Os sinais de trânsito não constumam ser respeitados, como no Brasil. Cheguei a ver vespas trafegando em cima da calçada, desviando dos pedestres, pra fugir do sinal vermelho. Em Berlim, tudo é extremamente metódico, certinho, calculado. Os pedestres esperam o sinal fechar para atravessar a rua, mesmo que não esteja vindo nenhum carro. Eu atravessei uma vez com o sinal verde pois não vinha nenhum carro, e as pessoas me olharam de cara feia !!! Outro mundo !

Outra coisa bastante diferente é o clima, bem mais frio que na Itália. O tempo estava feio, e fazia 17 graus.

O albergue é este prédio branco, na foto:

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Andando pela Martin-Lutter Strasse, a principal avenida do bairro, encontrei esta pérola. Uma propaganda política alemã, e o partido se chamava...FDP !!! hahahha. Cairia como uma luva como nome de um novo partido político no Brasil.

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A fome bateu, e comi um kebab caprichado:

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Fui caminhando ao longo da Martin-Lutter Strasse até a Breitscheidplatz (Praça Breischeid), onde fica a famosa Kaiser-Wilhelm-Gedächtniskirche. Esta igreja de nome complicado foi parcialmente destruida durante os bombardeios da Segunda Guerra Mundial, em 1943. A cúpula foi deixada de propósito parcialmente danificada,. Hoje a igreja é um memorial com fotos da destruição durante a guerra.

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O Europacenter, na Breitscheidplatz, em frente a igreja:

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Os Imbiss são uma espécie de lanchonete que vendem, quase sempre, pão com salsicha (de diversos tipos), algo tipicamente alemão.

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Este foi o currywurst (salsicha com curry no pão) que comi:

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O Tiergarten é um imenso parque bem no meio de Berlim. É uma espécie de "Central Park" de lá. Achei o parque muito bonito e bem cuidado.

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Uma rua próxima ao Tiergarten. Esta é uma das áreas mais luxuosas e caras da cidade:

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No meio do Tiergarten passa a Strasse des 17 Juni, uma das principais avenidas da cidade. No meio do parque, está este monumento chamado Siegessäule (Obelisco da Vitória)

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Uma das marcas-registradas da Alemanha: a CERVEJA !!! Cada cidade tem sua própria marca. A de Berlim é a Berliner, esta da foto. Muito comum é ver cervejas sendo vendidas em latões de 5 litros.

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Comi no Burger King, e voltei por albergue às 21h, pois já estava me arrastando de tão cansado. Ainda fiz uma social com os americanos do quarto, mas logo depois desmaiei na cama.

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